Pousaremos nuas?|cap 03°

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Me vestiram para o primeiro dia de boate. Descobri que estou na cidade do México e hoje serei exibida junto com a Sara como meninas novas.
Dizem que os homens gostam de novatas. Eu fico ainda mais revoltada em saber que os homens dessas casas noturnas sabem que somos traficadas e que estamos ali contra a nossa vontade,mas mesmo assim eles não se importam. Igualmente como os traficantes, eles nos oprimem,nos estupram como se tudo bem várias jovens mulheres serem escravizadas sexualmente dessa forma, é doentio e eu não aceitarei isso facilmente,nunca! Não faz parte da minha natureza aceitar estar na merda,eu sou uma lutadora,jamais vou passar por isso de cabeça baixa,sem lutar.
Mesmo que pareça impossível e arriscado,mas se for para morrer,então morrerei tentando!

Vou começar em breve a arquitetar planos para fugir e fazer com que a casa desses filhos da putas,traficantes de merda caia o mais rápido possível.

Sara: foi ela!—ela me diz enquanto estamos no banheiro do quarto em que estamos presas,nos vestindo. Aqui entram duas de cada vez dentro do banheiro, já que só temos um. Eu e Sara estamos mais próximas,acho que o fato de tudo ser mais novo para a gente do que para as outras que já estão aqui a mais tempo,fez com que a gente encontrássemos conforto uma na outra,por ambas estarem na merda no mesmo tempo,termos chegado no mesmo dia e havermos
descoberto juntas as barbaridades que estamos destinadas a passar.

Fico pensando:será que estou mesmo destinada a sofrer ? o que mais me prepara o destino?

Guadalupe: o quê?—perguntei sem entender,no tempo em que aperto o corset moderno e vulgar dela.
Sara: a Carmen! ela disse a alguém lá fora que eu era virgem. Você não está vendo que eu estou sendo vestida mais vulgar do que vocês? Quando chamaram ela e a Adina,foi para isso,para saber o que elas tinham escutado da gente. É o trabalho delas,elas não estão só ajudando a gente como a eles também.—eu fico reflexiva.
Guadalupe: mas como sabe disso ?
Sara: a costureira,ela deixou escapar sem querer—ela vira para mim com uma expressão de desespero na face.—Eu preciso fazer alguma coisa,eu não posso ir Lupe—me chama pelo um apelido que ela mesma me deu. Estava quase chorando.
Guadalupe: você pode dizer que menstruou,quando você for para a... Cama...—era estranhamente desconfortável— Com algum cara, você deve tentar.
Sara: é horrível o fato de saber que a minha primeira vez vai ser um estupro,não vai ser nada como eu imaginei.—por Deus,que martírio.
Guadalupe: eu sinto tanto por você Sara.—digo sincera,a abraçando.
Sara: você parece tão tranquila! como consegue?—eu fico um tempo pensando na resposta.
Guadalupe: é tudo uma máscara —eu confessei. Não que seja difícil de imaginar que estar bem em uma situação como a que estamos era de longe fingimento. Mas eu não queria que as outras vissem fraqueza em mim,medo. Mesmo que seja isso que eu sinta. Me faz parecer fraca. — Eu estou tão devastada quanto você.  Compartilho da mesma infâmia! mas eu acho que estou sabendo esconder bem porque a vontade de sair daqui,a esperança,é colossal!— à olho nos olhos,para que pudesse dividir com ela pelo o olhar a minha fé.— Seremos nós as responsáveis por derrubar o maior clã de tráfico humano do México!!—percebo o peito dela subir e descer,acho que despertei algo nela. E é isso que eu preciso,despertar não só nela como nas outras essa força, esperança e coragem.

Porém como já escutei muito aqui,elas já tentaram,perderam muitas com esse objetivo de escapar e isso as deixou ainda mais inseguras,da para ver que já se entregaram e que só o que elas procuram agora é se manterem bem aqui Adina e Carmen por exemplo, por já estarem a mais tempo e ter perdido a fé de escaparem por tudo que já passaram,então as mesmas resolveram aceitar isso e tomaram como um cenário de sobrevivência, sobrevivência dos mais fortes!
Tanto que agora é visível que elas estejam também do lado deles,para se beneficiarem aqui dentro, na medida do possível.

Assim que acabamos e saímos do banheiro, um dos cafetões chega e nos avisa que eu e Sara não precisávamos nos arrumar tanto,pois pousaremos sem roupa por ordem de um tal de Alejandro,que acredito eu que seja o chefe de tudo isso.
Ordinário desgraçado.
A Sara começa a chorar.
Sara: não por favor,eu não vou ficar pelada na frente de vários homens—ela diz desesperada.
***: você não entendeu ainda sua piranha burra? aqui você faz tudo que a gente manda se não quiser morrer. Sem contar que não vai fazer diferença nenhuma,porque de uma forma ou de outra você irá ficar nua diante de vários homens ,a diferença será que vai ficar com um por vez,em um quarto, sozinhos.—eu abraço ela também começando a entrar em desespero em pensar que irei posar nua na frente de vários velhos asquerosos. Porém algo crescia em mim com mais celeridade e resistência: raiva! eu sinto ódio desses vermes. —Vocês devem estar prontas em 30 minutos,o espetáculo hoje serão vocês—fala referindo-se a mim e Sara— E você —ele aponta para Sara —Trate de ficar bem cuidada.—ele analisa o corpo dela.—Você será a atração da noite. Os homens adoram carne nova e ainda mais quando são zero-bala que nem você.—eu sinto muito pela a Sara,ela passou de uma expressão de desespero para uma de choque agora.

O cafetão nojento e se vai e a Sara vira-se rapidamente encontrando a Carmen com o olhar.
Sara: como você pôde? não passou pela sua cabeça que já seria difícil demais para mim ir pra cama com um cara que eu não conheço? e você ainda decide contar que eu sou virgem para que eles me ponham pelada na frente de vários? você é tão nojenta quanto eles!—ela cospe as palavras.
Carmen: você ainda é muito nova! Tanto em idade quanto nesse ramo, então você pode ainda não entender,mas aqui,a gente precisa lutar e precisamos usar as armas que temos.
Sara: colocando outras meninas em uma situação como essa? que assim como você um dia eram novas demais para entender isso tudo? não,isso não é lutar, é aceitar essa merda! é ainda pior, é se tornar um deles.—a voz de Sara estava um pouco alterada. Agora todas se calam,as meninas se entre olham,como se surpresas com o que escutam. Talvez porque elas respeitam demais a Carmen,e nunca tenham escutado alguém afronta-lá,ou talvez pensativas com o que a Sara falou. A Carmen pode não ser mais alguém de confiança para elas,talvez elas nunca perceberam e agora pode eventualmente ter acendido uma luz na cabeça delas ,de que a Carmen não está do lado delas e sim do deles.




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