4. A sua maneira de viver

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Jimin olhou para trás vendo Jungkook observá-lo com seus grandes olhos escuros. O homem estava na beira do lago, acompanhado de sua fiel companheira de quatro patas e tinha um olhar indecifrável. Era difícil saber se ele estava triste ou aflito, Jimin acreditava que era um pouco dos dois. Afinal, ele poderia muito bem dedurá-lo quando chegasse até a reserva ou enquanto Jungkook fazia o caminho de volta, já que, agora consciente, descobriu o caminho até a pequena casa na praia.

O biólogo jamais faria tal coisa, ele sabia que Jungkook ainda não se sentia pronto para voltar a interagir com outros humanos, mesmo que a experiência com ele tenha sido agradável, apesar de assustadora no início.

Ele só tinha um problema agora, que teria que resolver até chegar no território da reserva. Teria que ter uma boa desculpa para o seu sumiço, e Jimin nunca foi bom em mentir, sua vida nunca foi tão interessante para que ele precisasse mentir sobre algo.

Se bem que a verdade era tão absurda, que talvez se ouvissem apenas da sua boca sem nenhuma prova, achariam que ele estava mentindo. Um homem perdido no meio da selva, onde não era nem permitido a entrada de turistas e existia uma enorme quantidade de panteras? Era difícil de acreditar.

Andando devagar como se estivesse contando os próprios passos, Jimin se aproximava da reserva, e sem nenhuma mentira articulada na sua mente, ficou nervoso ao ver Taemin de longe, erguendo os braços para ele. O pesquisador parecia eufórico ao vê-lo, e correu para dentro, voltando alguns segundos depois com os pesquisadores atrás dele.

Jimin voltou a mancar na mesma hora. Era isso, precisava improvisar. Quando olhou para trás, já muito distante, não havia nenhum sinal do homem ali. Cogitou até mesmo ter sido apenas uma ilusão, mas era absurdo demais, real demais. Se Jungkook realmente não tivesse o salvado, ele estaria mancando de verdade, na verdade, não, muito provavelmente estaria morto.

— Jimin! Graças a Deus! Onde você estava? — Taemin passou o braço por debaixo do seu braço, por tás de suas costas e o ajudou, enquanto Jimin tentava pensar no que dizer sem saber por onde começar.

Casa... Casa do Jungkook. Lembrou na mesma hora, com a resposta na ponta da língua. Engoliu saliva antes mesmo de responder.

— Eu me machuquei, acabei ferindo minha perna — disse apenas, com MinHo vindo até ele.

— Eu falei para você, Taemin. Ele ia acabar se machucando se continuasse saindo sozinho — MinHo brigou, as sobrancelhas retas unidas em uma clara expressão de indignação enquanto ajudava Jimin também, o apoiando do outro lado.

Os três entraram pelas grades da reserva com uma pequena plateia de pesquisadores os observando. Taehyung, um garoto alto com cabelos bagunçados, até filmava com a ajuda de sua câmera. Eles tinham várias daquelas para registrar a selva, mas pelo visto, ter um deles machucado também tornaria a pesquisa interessante.

Entrando na cozinha, sentou em uma cadeira próxima a mesa pequena, Jimin relaxou os ombros, sendo solto pelos seus colegas. Namjoon, que já estava na cozinha quando chegaram, falou algo sobre pegar suas coisas e que voltaria em breve. Como ele era médico, poderia ajudar Jimin.

— O que aconteceu? — Sonmi perguntou com as mãos na cintura. Ela era uma mulher de cabelos negros cumpridos que desciam pelas suas costas como uma caxoeira que contrastava com sua pele clara e olhos amendoados. A pesquisadora parecia estar sempre irritada com algo ou alguém, não sendo conhecida por sua paciência. Jimin a conhecia desde o mestrado, mas não eram amigos. Sonmi era popular e parecia inalcançável nos corredores do campus. E agora, com o olhar dela sobre ele junto com todos os outros, Jimin ficou intimidado.

— Eu me machuquei, colocando os pés no lago — Jimin mostrou a perna e a virou parcialmente para que pudessem ver a lateral, que continha um risco muito bem fechado. — Começou a sangrar e eu fiquei nervoso, então tentei correr para cá mas... Acabei ouvindo algo vindo das árvores. Parecia ser um animal grande, eu sei que aquela região é supostamente segura, mas não quis forçar minha sorte.

Savage Love | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora