Savage Love | JIKOOK

3. Ele não era só

Acordar na selva, ou mais especificamente  no meio do nada, era uma experiência única. Você poderia afinar os ouvidos ao seu máximo, que jamais ouviria o barulho de trânsito, crianças ou pessoas conversando na distância. Não ouviria o barulho das portas de metal das lojas abrindo ou sequer latidos de cachorros, era só um leve som de mar e de folhas balançando no topo das grandes árvores. Jimin era apreciador da natureza e contemplava essa paz, mas assim que se espreguiçou e notou onde estava – em cima de um colchão de palha e provavelmente com felinos perigosos por perto – seu coração apertou.

Entre as folhas que serviam de porta para o quarto de Jungkook, Jimin espiou se havia algum perigo por ali, já que ele havia desaparecido para sabe-se-lá Deus onde . No silêncio absoluto ele não sabia se era um sinal de que não havia perigo  ou de que estava totalmente encurralado por algo que estava apenas esperando o momento certo para lhe dar o bote. De qualquer forma, não ficaria ali o dia todo. Afinal, sair e ficar ali pareciam opções igualmente perigosas. Quando colocou os pés na areia fina ao sair da casa vazia, e olhou para frente, fechou seus olhos com a claridade forte daquela manhã.Teve que esperar alguns segundos para poder abri-los de novo.  Apesar da cegueira momentânea, a visão matinal da praia extensa e das ondas quebrando na areia era incrível.

Será que poderia fugir agora? Perguntou a si mesmo. Ele estava sozinho e quase como refém daquele desconhecido, mas haviam panteras e outros bichos traiçoeiros  por toda a parte. Não era como se  estivesse preocupado que Jungkook  fosse um canibal ou alguém que fosse fazer mal a ele, já que teria o feito antes, teve muitas oportunidades para isso, mas estava preocupado com seus amigos da reserva e o que eles estavam pensando.

A ideia de andarnaquela área era quase suicida.  Estava no território do motivo pelo qual o levou a estar ali. As panteras negras.

— Bu! — Jimin colocou a mão no peito e sentiu sua alma sair e voltar do seu corpo assim que ouviu as palavras em seu ouvido. Rodou nos calcanhares e caiu no chão tamanho o susto, soltando um gritinho vergonhosamente fino.

— Jungkook!

Jimin quase infartou ao vê-lo em pé a sua frente, com um mamão aberto em mãos com o caldo escorrendo pelo seu braço. Daquele ponto de vista, sentado no chão, ele estava com medo de ver coisas indevidas debaixo da tanga, por isso ficou fortemente corado e focou no rosto tranquilo e aparentemente feliz de Jungkook.

— Comida — O nativo mostrou e o puxou pelo pulso com sua mão livre, fazendo com que viesse em sua direção. Já em pé, não teve tempo de reagir quando Jeon fez o mesmo movimento do dia anterior e se agachou um pouco, passou um braço por trás de suas coxas e com um impulso colocou Jimin pendurado em seu ombro, com uma facilidade impressionante. Jimin soltou mais um grito constrangedor, o coração martelando dentro de sua caixa toráxica.

Jeon, aparentemente, não tinha nenhuma intenção maliciosa  e o carregou até a beirada de uma pedra achatada, como se ela tivesse sido escolhida a dedo para servir de assento, já que era lisa. Ele se acomodou em cima dela e pôs Jimin em pé a sua frente, como se fosse um boneco de pano. Jimin foi puxado novamente pelo pulso como um convite mudo para se sentar ao lado de Jugkook.

Apesar do susto, Jimin tinha que admitir que a vista daquele lugar parecia desenhada por algo divino. Era linda. A areia parecia muito mais clara do que as de outras praias que Jimin já tinha visto e o mar parecia brilhar com todo aquele sol escaldante. Jimin e Jungkook  eram de Busan, uma cidade praiana, e o biólogo ficou se perguntando se Jungkook sentia saudades de casa cada vez que olhava para a imensidão azul. Ainda não tinha coragem de perguntar, também não acreditava que teria uma resposta.

Jimin sentou ao seu lado e agradeceu com a cabeça a fruta lhe dada, ainda meio tremendo com toda a movimentação inesperada, Jungkook já havia o carregado assim, mas não era exatamente algo com que alguém se acostumava.