Savage Love | JIKOOK

1. Ele é um náufrago

Jimin estava ansioso. Suas pernas miúdas encolhidas na parte traseira do helicóptero tremiam, enquanto seus olhos observavam toda a extensão gigantesca de verde e azul. Respirou fundo e tentou relaxar, afinal, passaria dois meses ali, no meio de todo aquele "lugar nenhum", que era habitado por centenas de espécies que tanto o cativam.

Estavam nos estreitos da península da Malásia, onde Jimin sempre teve planos de conhecer desde que começou a estudar. Era um sonho se realizando. Viajaram até a ilha de Singapura de barco, mas foi preciso um helicóptero para chegar na parte de vegetação. Hoseok, o piloto responsável em levá-los até lá, encarou a cabeleira loira de Jimin pelo espelho, com seus cachos revoltados chicoteando em seu rosto. Todos que estavam ali compartilhavam da mesma felicidade de estar na selva, mas Jimin em especial era como uma criança no parque de diversões.

— Precisei prometer a minha mãe que lembraria dela todos os dias. Sua família não se importa de saber que ficará tanto tempo sem dar notícias? — Jimin encarou primeiro Taemin, e em seguida o piloto, reparando na forma como lhe olhavam. Olhando para Taemin novamente ele apenas negou com a cabeça..

— Sou mais independente do que pareço. Não sou sentimental — comentou. Não que fosse uma novidade para seu colega, afinal, era difícil saber exatamente o que Jimin estava sentindo.

— Nós somos tão poucos, acho que vou me entediar. — Taemin comentou.

Jimin não tinha o que temer. Ficar só não era algo que o assustava, pelo contrário, apreciava muito. Gostava de ficar diversas horas extras no laboratório e chegar em casa significava horas de Netflix com documentários criminais e animal planet. Bom, ele teria que fazer seus próprios registros agora que não tinha uma televisão.

Jimin ainda lembrava-se do dia em que foi morar sozinho. Do suspiro de alívio que soltou por sua total liberdade. Ele nutria muito carinho por seus pais e seu irmão, mas era fechado e... Preferia conversar por telefone. Quando era mais novo era taxado de estranho: era pequeno e magricela, seus ossos pareciam se repuxar debaixo da pele de forma estranha, diferente das outras crianças. Sua personalidade fechada também não colaborou com seu nível de popularidade enquanto crescia. Ele foi crescendo e para seu talvez azar, ficando bonito, a genética lhe abençoando com seu cabelo cacheado que em dias de chuva tornava-se loiro escuro, e no sol brilhava como ouro derretido.

Talvez sua personalidade fechada apenas significasse que não gostava muito de conviver em sociedade, pensou. Ele tinha um interesse muito maior em animais. Era o que o havia levado ali, afinal de contas.

Faziam dois anos de sua formação como biólogo. Por indicação entrou no mestrado e o concluiu apresentando estudos sobre a botânica e suas adaptações urbanas. Com sua pesquisa chamou atenção de profissionais de fora, que o convidaram para trabalhar junto com outros pesquisadores. Jimin não tinha nenhum motivo para negar a oferta, e o fato de que estava estudando para seu doutorado de ouro, dessa vez, sobre zoologia, era apenas mais um fator que fez com que aceitasse.

Estar ali onde estava hoje era sua grande chance de documentar suas pesquisas. Ele e sua equipe estudariam sobre os felinos típicos da Malásia, reconhecida por ter animais com melanismo. Mostrariam o que quase nunca é visto e seria inovador, grandioso

O profissionalismo de Jimin era a única coisa com que ele se importava, e seus estudos eram sua maior diversão. Ter registros de panteras negras seria incrível para sua carreira e o friozinho na barriga de estar entre esses animais era consequência da adrenalina do que estava por vir.

Assim que o helicóptero se aproximou da terra, Jimin sentiu o forte cheiro da floresta úmida. Respirou fundo e tirou os cabelos do rosto enquanto observava Taemin ficar em pé, firmando-se na porta aberta e sentindo o vento bater no rosto angelical. Hoseok reclamou enquanto manobrava e ambos riram. Assim que encostaram no chão, Jimin desceu um pouco tonto e pisou com suas galochas pretas e luminosas na terra firme, olhando para os lados.