7. O incêndio

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— Eu sei exatamente onde fica, mas não costumo ir lá — Jungkook disse após Jimin interpretar o mapa para ele, mostrando onde queria ir.

Jimin deixando seu lado curioso agir outra vez, esperava que pudessem ir até lá. Ele era um pesquisador quase doutor, é claro que ele gostaria de visitar uma estação de pesquisa antiga e ver como tudo funcionava antes.

— Era da sua família? — O biólogo perguntou e recebeu uma confirmação com a cabeça. — Não quero que faça nada que não queira, Kook. Se não quiser, tudo bem...

— Vamos. — Jungkook ficou em pé e puxou Jimin pela cintura, deixando o corpo menor colado ao seu. Jimin enrolou o mapa e segurou a mão de Jungkook, caminhando em direção à selva. Jungkook puxou as folhagens grandes que escondiam a divisão entre algumas árvores e apontou para uma parte densa. — É por ali!

O caminho parecia ser de difícil acesso, estava escorregadio e com muitos galhos atrapalhando. Kyara, que os seguia, ficou para trás em algum momento já que tinha vários troncos e pedras que deixavam apenas aberturas estreitas como passagem.o que dificultavam a movimentação de um animal do porte dela.

Jungkook tinha a mania de carregar Jimin desde o primeiro dia, dessa vez Jimin não se opôs a isso, apenas disse para Jungkook se abaixar que ele mesmo subiria, sendo carregado em suas costas, e não como um saco jogado porcima do seu ombro. O biólogo não podia dizer que já tinha se acostumado, mas hoje em especial agradecia por isso, já que caminhar naquela área parecia difícil para quem não tinha costume.

Assim que Jimin foi colocado no chão, ele deu as costas para Jungkook que segurou em seus ombros, olhando ao redor. Havia mudanças humanas, parecia ter sido um grande lugar, talvez uma reserva, como a deles. Mas diferente do que esperava, tudo estava destruído.

O pequeno lugar ficava no alto, em cima de grandes pedras. Estava queimado, totalmente danificado. Parecia ter havido uma escada que possibilitava o acesso no canto esquerdo, mas no momento não passavam  de resquícios e insinuações de seu antigo formato.

Jimin virou novamente para Jungkook. Ele parecia perdido em lembranças, com um olhar de garoto assustado. Foi a primeira vez que o biólogo pôde ver a dor que Jungkook carregava com ele. Uma dor de perda que parecia muito vívida naquele momento.

— Podemos dar uma olhada? — Jungkook concordou, e Jimin, como se o encorajasse, entrelaçou os dedos no dele e acariciou a mão do rapaz com o polegar. — Vamos, me dê um pézinho. — Jimin ergueu a perna e Jungkook mostrou o pé, fazendo ele rir. — Não! Feche as mãos para eu colocar meu pé e subir.

Os dois riram e Jimin se segurou nas pedras, subindo. Jungkook logo subiu atrás dele sem muita dificuldade e ambos entraram nos resquícios de cimento.

Tinha muita coisa. Papel, restos de mobília queimados, um computador antigo branco, até um rádio pifado, o pouco que restava das paredes tinha marcas pretas e o cheiro de madeira queimada ainda estava presente.. Jungkook se escorou em um buraco que parecia antes ser uma janela enquanto Jimin olhava tudo.

Não tinha absolutamente nada que desse para aproveitar. Resto de pesquisas... Nada. Apenas o esqueleto do que antes era uma casa e alguns poucos objetos que sobreviveram.

Foi então até Jungkook e mesmo com muita vergonha, segurou a cintura nua e deitou a cabeça em seu ombro, sendo abraçado de volta. Jimin podia ver em seu rosto o quanto  aquilo mexia com ele, trazia lembranças dos pais e também trazia suas trágicas mortes de volta outra vez. O corpo de Jungkook estava firme, tenso, e Jimin optou em não falar nada.

— Eu estava brincando na pedra sob os olhos dos meus pais. Como éramos vários, as panteras se esquivavam dos nossos barulhos, e aqui era uma área segura. De repente,  mamãe agarrou meu braço e me puxou para dentro. Aqui as tempestades fecham o tempo tão rápido, que em minutos estávamos em total escuridão. — Jimin engoliu seco assim que ouvia Jungkook falar, de olhos fechados. — Lembro que eu só conseguia ver os rostos assustados quando tinha clarões no céu. As tempestades desse lado são muito destrutivas, mas não sabíamos disso. A porta voou, começou a vir troncos em direção a essa casa, e parecia que tudo ia nos engolir. Minha mãe segurava minha cabeça enquanto estávamos em um canto. Meu pai tentou proteger a entrada com a mesa e logo quando seu corpo estava firmado sobre ela, caiu um raio, muito, muito forte.

Savage Love | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora