Capítulo único

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— Você sabe que eu não gosto de toques — Kaz disse, fazendo o possível para ignorar o olhar de Inej queimando sobre ele como se fosse um monstro mítico parado no meio da sala. Ele sabia que isso era apenas uma projeção de como estava se sentindo e não de como as coisas realmente eram. E Kaz já havia se decidido em falar sobre aquilo e enfrentar seu medo com Inej — De tocar ou ser tocado — completou, tentando deixar claro para a morena sobre com o que estavam lidando — Mas...

— Mas? — A surpresa nata de Inej o desestabilizou por um segundo. Sim, havia um "mas" e por que deveria ser tão chocante? Eles já tinham combinado que se esforçariam para fazerem mais um pelo outro... Estarem mais próximos.

Contendo um bufar irritado, o Brekker deixou que uma breve coloração vermelha afligisse seu rosto.

— Inej, você me deixaria trançar o seu cabelo? — perguntou de repente, sentindo-se ansioso como um garoto estúpido. Mais uma vez Kaz conseguiu identificar um vislumbre de curiosidade atravessando os olhos escuros da Ghafa.

— Sim, é claro — Inej respondeu depois de dois segundos. Era cedo da manhã, ela estava em seu quarto e ainda não havia tido tempo para fazer muito mais que se banhar e vestir as roupas que usaria durante o dia. Kaz poderia trançar seus cabelos, se ele quisesse isso. Se ele conseguisse.

Não era exagero dizer que ele nunca se prontificou a tocá-la, ou se ofereceu para fazer isso de livre e espontânea vontade. Era uma experiência e Inej sabia que não deveria esperar por muito. Mesmo assim, jogou o cabelo para trás e esperou até que Kaz se sentasse atrás dela na cama.

— Eu não sei como fazer isso — Ele confessou, tentando se lembrar se já viu alguém trançando o cabelo de outra pessoa. Talvez uma mãe e uma filha na rua certa vez. E uma ou duas vezes em que encontrou Inej terminado a trança e amarrando o cabelo.

— Não é difícil — Inej murmurou, endireitando o corpo para ficar mais confortável. Ela não se importava se Kaz fizesse um nó em seu cabelo que precisaria ser cortado quando ele não estivesse olhando. Ela só queria que ele fosse em frente com a ideia.

— Vou ficar de luvas, tudo bem? — O Brekker pontuou um tanto envergonhado.

— Como você quiser, Kaz — Inej sussurrou, sorrindo para si mesma ao sentir os dedos de Kaz em seu cabelo. 

Mas...? - KanejOnde histórias criam vida. Descubra agora