Capítulo 12

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O vento gélido fazia a pele de Chay arrepiar e de novo ele sentiu seus olhos arderem.

A parte ruim de uma história não são os dias ruins, e sim, sobreviver a furacões e tempestades devastadoras sozinho.

Lágrimas rolavam em seu rosto e ele o escondeu entre os joelhos abraçando-o completamente.
Chay não conseguiu segurar o choro que prendeu por muito tempo e sentiu seu peito apertar ao mesmo tempo que algo parecia rasga-lo por dentro.

— Porchay...? — ele olhou em direção a voz e Porsche estava parado ali com os olhos tristes enquanto o observava enxugar o rosto e voltar a olhar para frente — Por que não quer que eu te veja chorar? Eu ainda sou seu irmão. — disse e sentou-se ali — Por que está chorando?

Porsche passou a mão por trás do pescoço de Chay e o puxou para abraçá-lo.
Porchay explicava para seu irmão o motivo do choro. Não o motivo principal, mas sua ausência.
Pro garoto, seu irmão mais velho não se importava com ele agora que estava com Kinn e agora que teria que administrar duas famílias.
Mas Porsche conseguia fazer isso, ele conseguia tomar conta de Chay e também administrar uma ou quantas famílias pudessem se juntar ali, mas Porsche nunca deixaria seu irmão por conta de Kinn ou qualquer outra coisa.

— Não importa a nova vida ou a família, você ainda é a minha família. Por mais que não tenhamos mais tanto tempo juntos, você ainda é meu irmão e eu faço de tudo por você. Ainda é você e eu como sempre foi. Você poderia ter me dito que queria passar mais tempo comigo. Chay, ainda sou eu... — Porsche segurou em suas mãos o rosto molhado de Chay e seus olhos estavam inundados mais uma vez — eu sou o mesmo Porsche de sempre e eu prometo não deixar você se sentir sozinho de novo a menos que você queira isso, mas eu ainda estou aqui... — Porchay o abraçou forte e voltou a chorar como criança enquanto Porsche acariciava seus cabelos bagunçados — Ainda sou eu... nada nesse mundo é mais importante que você. Nada nesse mundo está acima de você... Você é meu irmão e eu te amo mais que tudo...

Chay pediu para Porsche ficar com ele por mais alguns minutos, ele estava assustado, triste, e tudo que ele queria naquele momento era que Porsche não o deixasse. Porsche ficaria ali até que Porchay dissesse que estava bem, ele ficará ali até o momento que Chay quiser que ele fique. Ainda era o mesmo Porsche.

Por incrível que pareça, aquela noite passou depressa. Horas haviam se passado desde que Porsche sentou-se ali.
Porchay sentia um alívio no peito por finalmente falar ao Porsche como se sentia e isso não seria mais um problema para ele, mas Kim era aquele probleminha que permaneceria sem solução por um longo tempo.

Na manhã seguinte ele voltaria para casa, para seu quarto e sua vida.

Mas é claro que ele sentiria falta das madrugadas que passou junto de Khun, Arm e Pol.
Iria sentir falta das vezes que prometeram ficar acordados durante toda a noite e antes das 22hrs já estavam dormindo.
Iria sentir falta de todas as noites Arm e Pol entrarem em seu quarto com seus colchonetes e logo atrás deles o Khun entrar segurando um cinto e batendo-o nas mãos para que eles entrassem sem reclamar e geralmente reclamando coisas do tipo:

"Por que é tão difícil me obedecer, hã?!"

Falta daquela noite que faltou luz no prédio e eles sentaram-se no colchonete de frente para a janela enquanto Khun falava o quão difícil foi cuidar de Kinn e Kim e de como se sentiu quando foi sequestrado.
Foram as melhores noites de sua vida, mas ele queria voltar para casa.

Naquela mesma noite, Chay deitou-se na cama para dormir e ouviu batidas na porta, era Khun e seus fiéis guarda-costas com roupas de dormir e colchonetes.

— Não achou que eu iria te deixar sozinho no seu último dia aqui, achou?!

A felicidade do garoto estava estampada em seu rosto. Seus olhos brilhavam e seu sorriso era largo e feliz. A ideia aquela noite era não apenas acompanhar o garoto na última noite, mas assistir à filmes e séries.
Esse foi o combinado minutos antes de todos pegarem no sono.
Khun e seus meninos estavam cansados das obrigações diárias, e Porchay estava cansado de tanto chorar.

Na manhã seguinte, ao abrir os olhos Porchay viu o quarto vazio e aparentemente arrumado e em cima do criado-mudo tinha uma caixinha deixada pelo Khun enquanto o garoto ainda dormia.

"Eu não sabia o que te dar para que você pudesse lembrar de mim e também pelo tempo que você ficou aqui. Perguntei ao Porsche e ele me disse que você gostava de violão, mas sei de alguém que te deu um. Se você não gostar, diga-me imediatamente, huh?
      Venha me visitar mais vezes. Não me deixe sozinho com Arm e Pol, eles vão me matar!
              Tankhun:)"

Dentro daquela caixinha de veludo tinha um lindo colar de diamantes com um pequeno pingente da letra T de Tankhun.
Porchay achou incrível, mas estava com medo de ser visto como ladrão e achou melhor devolvê-lo.

Depois de organizar todo o quarto, Porchay foi ao encontro de Porsche que o deixaria em casa para checar se tudo estaria bem.

— Você pode entregar isso de volta ao Tankhun por mim?

Chay estendeu a caixinha para Porsche e como um foguete Khun se pôs no meio dos dois.

— Para onde você vai entregando essa caixa para Porsche, hã?! Eu comprei para você e você está dando para ele?!

Tankhun estava alterado e gritava enquanto Chay tentava lhe dizer o por quê de estar entregando seu colar à Porsche. Não era o que Tankhun estava pensando, ele apenas havia entendido errado.

Porchay explicou que estava com medo de ser acusado de roubo e achou melhor que Porsche o devolvesse o colar,

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora