Capítulo 34

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— Você não merece tá passando por nada disso, eu sinto muito... O que eu preciso fazer, ãh? O que eu preciso fazer pra te manter seguro? Eu não sou bom pra você... Eu deveria ter pensado nisso antes de voltar. Deveria ter lembrado como te deixei meses atrás. Você deveria ter tido uma vida, Chay... Uma vida sem mim. Talvez se eu não tivesse voltado nada disso teria acontecido. Me desculpa por não conseguir te proteger de mim...

Tudo estava errado e parecia não ter conserto. Kim encostou sua cabeça na cama e fechou seus olhos. Ele já estava ali a um bom tempo, sozinho com o garoto. Porsche concordou em deixá-lo com Kim e voltar para casa com Tankhun. Os segundos passavam... Logo os minutos... As horas... E aquele quarto branco e estressante ficava cada vez mais apertado para o rapaz que caminhava sem paciência para lá e para cá. Ele andava, ele sentava, levantava de novo, folheava as revistas, ligava a tv, desligava, falava com o garoto... Assim ele permaneceu por longa uma hora.

— Pode parar de andar sem parar? Você vai fazer um buraco no chão, ou me deixar mais sonolento e tonto.

A voz fraca de Porchay soou atrás de Kim e ele voltou depressa para a cama. O soro de Chay já estava no fim, então certamente ele já poderia ir para casa.

— Que bom que acordou... Eu não aguentava mais esperar. Como se sente...?

— Eu tô com muito sono... E quero ir pra casa...

— Eu sei que quer... Você não sabe o quanto eu esperei pra te ver acordado... Me desculpa por isso... Ãh... Chay, sei que não é um bom momento, mas... o Porsche descobriu sobre a gente...

— Não sei porquê, mas senti que isso não demoraria a acontecer... — sorriu fraco — Ele te bateu?

— Quase... — sorriu — Eu não vejo a hora de te tirar daqui...

— Por sorte, você pode tirá-lo agora. O soro já acabou, ele se recuperou bem, mas tem que descansar. Espero não te ver mais por aqui... — sorriu o médico que acompanhou o garoto desde sua entrada no hospital e retirou o tubo que levava soro ao corpo de Porchay — Essas faixas vocês devem deixá-las aqui por mais um tempo, elas estão com pomada cicatrizante, vai ajudar nas marcas de agulha e no roxo que está. Se cuidem lá fora.

Kim ajudou Porchay a sair do hospital e quando ele o colocou no banco de trás do carro, Vegas, Pete e Tankhun pararam o carro ao lado do mais novo. Eles estavam ali para dar apoio caso algo desse errado de novo.

— Kim, pode ir atrás com ele... Eu dirijo. — disse Vegas e sentou-se no banco do motorista.

Tankhun voltou com Pete, pois ele era o mais recomendado para cuidar do mais velho, e também Khun só confiava nele. No banco de trás do carro, Kim estava sentado e Porchay estava deitado em seu colo, enquanto o mais velho acariciava seus cabelos. Dessa vez foi um pouco mais demorado para chegar à casa, pois eles não estavam com pressa como quando saíram e também tinha um garoto molinho no banco de trás. Ao chegar em casa, os rapazes foram recebidos por novos seguranças que verificaram suas identidades.

O quarto de Porchay fora o mesmo que ele havia ficado na última vez que esteve na casa principal. Tudo estava arrumado e Porsche havia pego algumas roupas de seu irmão na outra casa, assim não tinham que voltar para lá tão cedo.

— Vamos te deixar dormir agora... — disse Porsche depois que Chay deitou na cama.

— Kim...

Ele também iria sair do quarto, mas voltou quando o garoto o chamou. O medo que sentia de Porsche não fazia mais diferença para ele, então o ignorou e voltou para o garoto.

— Pode ficar?

— Eu posso...

No final da tarde, Chay estava dormindo no peito de Kim, pois aquele som de batidas suaves, junto com o sono que sentia por estar fraco, o fizeram dormir bem rápido. O quarto escurecia a medida que o sol baixava cada vez mais e abria espaço para a lua nova. A luz estava apagada e com o chegar da noite, só a luz fraca da lua iluminou o quarto. Kim não dormiu nem um pouco e só observava da janela as luzes dos postes serem acesas no jardim, assim como as luzes dos prédios ao longe. Uma bela vista...

Seus dedos acariciavam os cabelos negros de Porchay e ele se aconchegava ainda mais em si.

— Eu tô aqui agora...

Todo o cuidado de Kim era para não machucar acidentalmente os braços de Chay. Lugares onde agulhas estiveram recentemente tendem a ser doloridos e os braços do garoto estavam assim, ainda mais sendo o lugar por onde a droga entrou em seu corpo. Aquela área estava sensível, e ele estava com cuidado nisso.

Durante os dias em que as coisas ficaram calmas e quietas Tankhun havia organizado uma pequena comemoração na casa principal. Não tinha motivos certos para isso, mas ele já havia planejado tudo e aconteceria logo, logo. Talvez fosse bom, não? Algo para distrair da maré de coisas ruins que os atingiu ultimamente.

— Kim?!

Porchay acordou assustado, passando sua mão na cama, afim de sentir o mais velho. Agora o quarto estava completamente escuro e as luzes que Kim via mais cedo no jardim e prédios não estavam mais acesas.

— Kim?!

— Ei... Eu tô aqui... — respondeu saindo imediatamente do banho e sentando-se no cama ao lado do mais novo que o abraçou — Hey... Eu tô molhado... O que você tem...?

O coração que batia acelerado no peito de Chay aos poucos ia perdendo a velocidade. Ele teve uma espécie de pesadelo, e por ver o quarto completamente escuro, ficou mais assustado.

— Você tá gelado... — sorriu fraco.

— Um banho frio pra esfriar. Quer vir comigo? Você dormiu por muito tempo...

— Frio não... — pediu manhoso.

— Não...

Kim voltou para o banheiro com o garoto e tirou as faixas em seus braços para substituí-las depois.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora