Capítulo 22

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O dia foi incrivelmente leve e sossegado para todos ali, inclusive para Kinn. Mesmo que não confiasse totalmente em Vegas, ele relaxou e deu abertura para o primo se aproximar, aliás, Vegas estava com Pete agora, e Pete era da família.

Por mais boa que tenha sido aquela tarde de visitas inesperadas, foi cansativo para Porchay.

Já Kim não teve problemas com o cansaço, ele descansou muito pois não pôde sair do quarto o dia todo. Ele tentava matar o tédio vasculhando os livros de Porchay em sua estante e lendo algumas anotações do garoto. Kim também achou a pequena chave da gaveta de fotos em cima do criado-mudo, ele olhou todas elas com um sorriso bobo no rosto.
Ele estava em casa de novo. Estava onde deveria ter ficado desde o primeiro dia que pôs seus pés ali. Estava com quem deveria ter ficado.
O tédio do dia inteiro fez o mais velho afinar as cordas do violão de Porchay e pouco antes de todos saírem o garoto dormiu.

Quando todos foram embora no início da noite Porchay voltou para o quarto e encontrou Kim dormindo tranquilamente vestido em suas roupas mais folgadas. O quarto estava bastante abafado com as janelas fechadas e o mais velho estava suado e com as bochechas rosadas e quentes.

— Você fica tão lindo enquanto dorme, sabia? Mas fica muito mais quando está acordado e eu posso te olhar nós olhos.

Chay mexia suavemente nas mechas macias do cabelo de Kim que caíam sob seu rosto e também acariciava suas bochechas. Cansado do dia longo, ele deitou ao lado do rapaz para tentar dormir e logo o abraçou, e Kim, mesmo inconsciente o envolveu em seus braços.

— Obrigado por ter voltado, Kim. Eu não sabia mais o que fazer. Eu me vi perdido de mais. Eu... — o garoto parou de falar e sorriu de um jeito brincalhão, mas escondeu o rosto no peito do mais velho — amo você. — riu — Ufa... isso me lembra a primeira vez que eu me declarei, precisei de muita coragem pra fazer aquilo. Mas agora você está dormindo ao meu lado, não preciso mais ter medo que me ouça.

As vezes, tudo que a gente precisa para poder seguir em frente é de um abraço da pessoa que nos soltou, ou da própria pessoa para caminhar lado a lado.
Precisamos de alguém que nos tire do escuro, que arme o guarda-chuva durante a tempestade ou que simplesmente nos tire para dançar no meio dela.
Tem coisas que vão muito além do que podemos compreender.
Há sensações que nunca poderão ser descritas nem com um millhão das mais belas palavras.
Você pode tentar, mas nenhuma palavra por mais incrível que ela seja, nunca vai ser suficiente para definir o que é amor.

Amor... ah, o amor...
O que é?
Isso eu posso tentar explicar para vocês.

Com poucas palavras, amar alguém é a coisa mais bela que há no mundo todo, mas, amar alguém é também a forma mais linda de cometer suicídio...
Tem amores que destroem, mas também tem amores que curam da maneira mais bonita.
Há sentimentos que nunca serão expressos em palavras, e o amor é um deles.
É colocar as necessidades dos outros acima das suas.
É ser machucado por alguém e ainda assim entendê-lo ou vê-lo como a melhor pessoa no mundo inteiro.
Amar alguém é perdoar seus erros.
É esquecer que algum dia fomos machucados por tal pessoa.
Amar alguém é, por fim, enxergar um universo inteiro em alguém quando o seu parece simplesmente desabar.

Kim não havia machucado Porchay por querer. Ele esteve o tempo todo apenas tentando protegê-lo de tudo que sua presença o causaria, de todo o caos que o rodeia, de todo dano que poderia lhe causar. Mas com sua volta, ele pareceu curar todas as feridas que estavam abertas em Porchay, toda dor pareceu sumir.

Kim e Porchay dormiam tranquilamente um ao lado do outro no quarto completamente escuro e sentindo a brisa suave da noite. Sem medos, sem preocupações, sem problemas. Eles eram a peça que faltava no quebra-cabeça do outro, eram o encaixe perfeito.

"Eu vou ficar, Kim. Eu sou o mesmo Porchay de meses atrás. Eu sou o seu Chay..."

Corações em paz, mentes desligadas...

Kim acordou pouco mais de uma hora depois que o garoto se juntou à ele e viu o mesmo deitado ao seu lado. Assim como ele, Chay estava suado e sua blusa estava molhada. Mesmo com as janelas abertas o quarto continuava bastante abafado e à noite também estava muito quente.

— Não vi você chegar. Me deixou esperando muito tempo. Queria me punir por ter deixado você esperando por mim?

Kim conversava abraçado ao garoto enquanto o via dormir, mas ele logo começou a abrir seus olhos pesados e encontrou o mais velho olhando-o.

— As vezes eu acho que isso é tudo um sonho e que você não está realmente aqui...

— Mas eu estou, não é um sonho eu ter voltado. Parece muito mais inacreditável você me aceitar de novo.

— Se não tivesse voltado eu mesmo teria te buscado.

— Eu só acreditaria vendo... — sorriu — Toma banho comigo?

No banheiro do quarto de Porchay, depois de Kim ter tirado suas roupas e ter entrado primeiro na banheira, Porchay ainda sentia vergonha de expor seu corpo daquela forma, mesmo para Kim.

— Pode virar? Não consigo com você me olhando.

— Ainda com vergonha de mim? — Kim levantou saindo da água e enquanto enrolava a toalha na cintura caminhou até o garoto, o abraçando por trás — Por que esse medo, hum? Me deixa te ajudar com isso...

Aquela voz doce e suave soou no ouvido de Porchay e o mais velho levantou devagar a camisa do mesmo tirando-a.

— Eu gosto de você assim. Sem mais nem menos. Sem pôr nem tirar nada. Eu amo tudo em você, tudo! Eu sou perdidamente, incondicionalmente apaixonado por você, meu amor...

"Não há nada em todo o planeta que vença o amor..."

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora