Capítulo 46

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--Tae: eu sei que errei por não ter dito a verdade, eu até pensei em te dizer, mas tive medo, medo de vc não me mandar embora ou não me querer mais. Minha vida nunca foi fácil Jung kook, desde que nasci nunca fui feliz, mesmo meus avós sendo as melhores pessoas do mundo, eu não conseguia me sentir feliz, claro que quando era bem pequeno não entendia nada e tudo era diversão, mas com tempo eu fui crescendo e comecei a sentir que algo faltava, realmente faltava, minha mãe, meu pai, que mesmo estando alí era como se não estivesse, eu nunca recebi nada dele, amor, atenção, carinho, nem uma bronca por fazer travessuras... As vezes eu até tentava provoca-lo mas, ele nem se quer olhava pra mim... Na verdade, ele nunca olhou pra mim, nunca falou comigo, acho que pra ele era como se eu não existisse, como se não houvesse ninguém além dos meus avós, meu tio e ele. Minha chegada naquele casa não fez diferença nenhuma pra ele... Uma vez, meus avós saíram e o meu tio estava trancado no escritório trabalhando, era bem tarde e eu estava me sentindo muito sozinho e não conseguia dormir, então desci pra sala pra ver se meus avós já haviam chegado, mas não tinha ninguém, ao em vez disso eu ouvi gemidos vindo da cozinha, eu achei estranho mas quis ir ver, quando entrei... Vi... Vi meu pai com uma mulher sentada no balcão da cozinha completamente nua e eu pai... Enfim, eu fiquei horrorizado afinal eu era só uma criança, eu tinha sete anos naquela época, então eu corri pro meu quarto e me tranquei. Eu corri pra minha e me sentei encolhido abraçando minhas pernas, eu me lembro até hoje de como aquela mulher me olhou naquele dia... Eu acho que... Sei lá, ela devia ser uma... Bom, infelizmente essa não foi a única vez que presenciei isso, como eu já não tão pequeno assim meus avós começaram a sair com mais frequência e me deixavam com meu pai e meu tio, mas meu tio quando não estava preso no escritório ele estava em seu quarto bebendo, jogando, ou vendo vídeos proibidos, sim, eu já vi, quer dizer uma vez, ele sempre via mas com a porta fechada e como eu ficava no meu quarto ele não imaginava que eu soubesse, mas ouvia quando passava em frente o quarto dele, então teve um dia que ele esqueceu a porta um pouco aberta, eu ia descer pra sala quando ouvi gritos, e claro como toda criança eu era muito curioso, e quis ver o que eram aqueles gritos, claro foi a pior coisa que eu poderia ter feito, naquele mesmo momento me lembrei do meu pai e aquela mulher.
Quando fui tentar sair sem querer acabei derrubando uma decoração da minha vó que ficava no corredor na frente do quarto do meu tio, ele ouviu e quando se virou me viu na porta e imediatamente me expulsou de lá.
Então eu fui pra sala, mas também foi minha pior decisão, mais uma vez meu estava com uma mulher, mas desta vez não era a mesma, e ela não estava sozinha, haviam mais três ou quatro eu não me lembro direito, além delas haviam também mais dois homens, meu costumava levaram várias pessoas pra casa quando meus avós saim, ele sabia que eles iam demorar pra voltar então ele aproveitava.
Eu me lembro que eles estavam bebendo muito, todos na sala me notaram principalmente a tal mulher veio até mim, e começou a me tratar como se eu fosse um bichinho fofo, ela pegou no colo e se sentou no sofá de frente pro meu pai, mas nem se quer olhou ou disse nada. Eu confesso pra vc que... Eu me senti bem com ela, ela me levou até a cozinha, preparou algo pra eu comer, conversou comigo, me fez companhia, apesar de não ser uma mulher, bom, vc sabe, ela me tratou muito bem e em todo momento me respeitou e evitou que eu visse o que estava acontecendo na sala, mesmo os outros caras e as mulheres chamando por ela, ela não me deixou. Mas claro ia chegar a hora que ela teria que ir embora, e foi o que aconteceu, ela se despediu de mim me disse pra ir pro quarto dormir e foi embora, mas eu não conseguia dormir, mas mesmo assim decidi ir, eu subi as escadas e andei em direção ao meu quarto, ele ficava no final do corredor ao lado do dos meus avós, e pra ir até ele eu tinha que passar pelo quarto do tio e do pai, meu tio já devia estar dormindo pois seu quarto estava em silêncio, mas quando estava me aproximando do, do meu pai ouvi gemidos, mas desta vez não era da mulher e sim do meu pai, eu tentei passar direto mas a porta estava aberta, na verdade estava escancarada.
Eu parei, respirei fundo e segui tentando não olhar quando passasse em frente ao quarto, mas mesmo sem olhar ainda pude ver, não claramente mas vi... Depois desse dia eu tentei não ficar mais sozinho com eles, convenci meus avós a me levarem com eles e quando não podia eles me deixavam com a vizinha, eu pensava estar livre daquela vida e daquelas cenas horríveis, mas estava enganado, até foi assim por um tempo mas... Depois que meu avós morreram só piorou. Meu pai não sabia fazer nada, era dependente dos meus avós, então pra não ser obrigado a ter que fazer tudo sozinho ele começou a contratar mulheres pra cuidar da casa e das coisas, mas não de mim, ele deixava claro pra elas que elas estavam lá pra servirem a ele que não se atravessem a fazer nada pra mim. Muitas realmente não faziam, mas tinha uma que tinha dó de mim, e quando meu pai saia ela cuidava de mim, me dava comida, não que eu não comesse mas comida de verdade sabe? Porque eu só comia no colégio e em casa o não precisasse ir ao fogo, pois eu tinha medo de fazer algo errado e ele me bater, ela também me ajudava com meus deveres de casa, me fazia companhia, as vezes quando ele ficava até tarde no trabalho a gente aproveita pra fazer vários doces, bolos e comidas gostosas, e as vezes quando não dava ela levava da casa dela. Enfim, mas isso só durou até meu pai descobrir e mandar ela embora, eu confesso que chorei, chorei muito porque eu gostava muito dela, eu até pensei em ir embora com ela mas, tinha medo do que meu pai pudesse fazer, mesmo que ele nunca tenha falado uma palavra comigo ainda sim eu tinha medo. Depois que ela foi embora meu pai levou uma mulher pra morar com a gente, ela já não gostou de mim logo de cara, por várias vezes eu ouvi ela dizer pra ele me colocar em um internato ou sei lá em qualquer lugar,só não queria minha presença lá, mas pro meu pai eu não existia então, como ele ia mandar embora alguém que não existe.

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