Princesa Moderna(Folhas de Bordo V2)

Capítulo 1 - O Conto da janela.

- Mamãe, você pode não ir?

- Aí filha, já conversamos sobre isso, a Mamãe tem que trabalhar, se não você não vai ter as coisa que tanto quer!

- Eu não me importo, eu só quero que você fique comigo!

A mulher se abaixou e encarou a filha, pegando no seu queixo.

- Oh minha menininha dos cabelos negros e os olhos de anjo, a Mamãe tem que ir, você vai ficar com o seu pai!

- Mas você sai muito, eu quero ficar com você!_Os olhos da menina enchem de água, e a mãe fica com um aperto no peito.

- Sinto muito filha, a mamãe tem que ir!

A mulher se levantou e depositou um beijo casto no topo da cabeça de sua filha.

Depois deu as costas e entrou no seu carro.

A menina de cabelos negros correu para uma janela, que a vista dava de frente para a saída da casa, e ela ficou vendo o carro de sua mãe sumir de vista.

Mal sabia a menina, que aquela seria a última vez que veria sua mãe...

Dois dias depois a menina estava em pé, no túmulo de sua mãe, numa manhã chuvosa.

A menina chorava dolorosamente.

Ela não conhecia a morte, mas sabia que sua mãe não voltaria para dar um último beijo no topo de sua cabeça.

Ela deixou uma rosa branca na terra molhada, e deixou a sua última lágrima cair.

Seu pai, a abraçou com um braço, enquanto o outro segurava um guarda chuva amarelo.

Aquele homem estava destruído, mas se manteve forte pela filha, o único fruto de sua esposa.

- Vamos filha!

Os dois saíram do cemitério e voltaram para casa.

Mas todos os dias, no mesmo horário, a menina ia para aquela janela e esperava por algo...

E foi naquela janela que ela se aprisionou.

Por aquela janela, ela via uma pequena parte da sua vida, e a menina arrastou a sua prisão para a vida adulta.

Aquela Janela...

"Ela era uma princesa. Presa numa torre, que via o mundo sobre aquela janela".

- Malu?

Tomei um susto com Cássia, me chamando, e fechei o meu diário rapidamente.

- O que foi, Cássia?

- Estou chamando você a um tempo, mas você estava tão dispersa, escrevendo no seu diário!

Virei o rosto, tentando evitar contato visual com Cássia, e desci da janela, que eu estava sentada.

Cássia, era a minha babá desde o dia que eu nasci. Ela conhecia tudo sobre mim, claro que não tudo, apenas as coisas que ela observou do meu costume.

- Eu estava só...

- Não precisa me explicar, você vem todos os dia para essa janela, e fica encarando o lado de fora, você não acha que já está na hora de mudar isso?

Suspirei fundo, e tentei sair de perto de Cássia.

Eu amava ela, mas as vezes, as palavras das pessoas não mudam nada, quando o sentimento não é delas...

Ok, o conto é meu...

É o meu conto, mas as pessoas não precisam saber disso.

As pessoas não precisam tomar as minhas dores.