𝔗𝔥𝔢 𝔖𝔱𝔯𝔞𝔫𝔤𝔢 𝔅𝔬𝔶 [COMPLETA]

ℭ𝔬𝔫𝔱𝔯𝔞𝔱𝔬

Olá, alteza! É bom te ver por aqui!

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Xiao serviu o chá de capim-limão ao nobre, permaneceu em pé do outro lado da mesa, ainda estavam na cozinha e ele tinha uma toalha de mesa suja ao redor da cintura, ordens do jovem. Provavelmente ele não gostava de vê-lo nu, ele tinha um sorriso malicioso nos lábios quando o nobre levou a xícara até os lábios, entreabrindo como pétalas e tomou um gole, suspirando em agrado.

O jovem, que ainda não havia lhe dito seu nome, sentava-se com uma perna cruzada sobre a outra em uma cadeira. Vestia uma camisa branca encardida com babados de chiffon amassados no pescoço e mangas, sua roupa não combinava e estava amarrotada, cheia de manchas e os sapatos sem brilho; um jovem nobre não deveria estar nesse estado lamentável. Sua face era corada com o ardor da juventude e um ar de pureza, seus cabelos loiros como fios de ouro encaracolados, moldava a face até abaixo do queixo, estavam despenteados e embaraçados, os lábios eram como uma rosa orvalhada; os olhos inchados e levemente avermelhados nas bordas lhe diziam que ele chorou, e tirava toda a beleza dos brilhantes olhos castanhos como cobre.

"Chorastes por mim, milorde?" Xiao pensava, e por isso o sorriso estampava-lhe a face.

Momentos antes, enquanto cortava a lenha, preparava o fogo e deixava a chaleira higienizada aquecendo, contou sua curta história das ruas, não mais que dois anos, também não recordava de nada antes disso. Sua vida era um borrão, muitas vezes se questionava porque não lembrava de sua pobre existência, havia dias em que passava em um torpor, parte essa que não revelou ao jovem que absorvia sua narração com interesse e certa excitação.

Lavou um conjunto de porcelana japonesa para o chá, sob os olhos atentos do jovem, certamente era um nobre que em algum momento perdeu sua importância na sociedade, a mansão estava imunda e bagunçada, o jovem parecia muito aquém de um lorde influente. Isso o deixava ainda mais curioso, os rumores pregavam como certo de que ele morreria se estivesse aqui, no entanto, esse jovem vivaz ansiava por uma boa conversa ou companhia.

Obviamente que este nobre não sabia o básico dos cuidados, teve provavelmente criados em tempos anteriores, contudo ele permaneceu aqui e nitidamente vivo.

"E ainda não comeu meu coração..." Xiao pensou com um ar prepotente.

— Perdoe-me se pareço animado, sua história de sobrevivência não deveria causar isso a ninguém... — refletiu com um ar de falso arrependimento. — Como percebes, nunca saí mais longe do que os jardins desta propriedade e vivo inteiramente sozinho.

Soltou o ar pesarosamente, escondendo o real motivo, não queria assustar a primeira pessoa que conseguia chegar perto de si e ter alguma conversa. Observou por sobre a borda da cerâmica em sua mão, aquele homem tinha um semblante calmo e confiável, mas havia algo nele que sua falta de interação na sociedade o impedia de desvendar.