𝔒 𝔍𝔬𝔳𝔢𝔪 ℭ𝔬𝔫𝔡𝔢

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Olá, alteza! É bom te ver por aqui!

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Yibo acordou quando uma agulha espetou sua bochecha, puxou com os dedos trêmulos a agulha fincada em sua carne

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Yibo acordou quando uma agulha espetou sua bochecha, puxou com os dedos trêmulos a agulha fincada em sua carne. Já não se abalava mais, porém, a dor do objeto pontiagudo pinicava sua pele. Massageou levemente o local, ainda sonolento e abriu os olhos para a tempestade fora da janela, sua casa estava fria e escura, um arrepio o tomou antes de acender o toco de vela do castiçal, que havia se apagado com uma lufada de ar.

Havia passado muito tempo costurando sua mais nova obra-prima e companheiro de quarto, estava há dois dias nisso e não viu a hora passar. Também era a quantidade de dias que seu cabelo não era escovado e seu corpo não via água, constatou isso ao levantar a mão para coçar os olhos, movimentando assim seu braço e suas narinas pegando o leve odor abaixo de suas vestes, que era apenas uma camisa simples de dormir.

Espreguiçou-se e levantou, uma vertigem o tomou e seu estômago doeu, mais cedo fez uma sopa para o jantar.

— Oh, espero que não esteja queimada como da última vez!

Pegando o castiçal, saiu de seu ateliê, seus pés descalços apanhavam a sujeira do caminho, pó, pedrinhas, folhas de árvores... A vela tremulava pelos quadros de pintura a óleo em sua parede, seus parentes pareciam olhá-lo com inveja, mesmo não tendo olhos. Yibo sempre achava que a pintura prendia a alma, assim como os espelhos e por isso não tinha nenhum. Também porque não suportava ver sua própria aparência.

Foi por esse motivo que quebrou todos os espelhos e furou os olhos de todas as pinturas, apenas sua pequena imagem permanecia craquelada e intacta, tinha medo de fazer algo a si mesmo, já era amaldiçoado o suficiente. Quando destruiu tudo, quase morreu, se pendurou sobre bancos e cortinas e caiu com a tesoura na mão, conseguindo rasgar a si mesmo. Naquele dia ele riu, mesmo mortos, seus pais o castigavam por sua desobediência.

Ficou em sua poça de sangue, esperando a morte vir abraçá-lo, mas nem mesmo ela o quis. Aparentemente não pegou nenhuma parte importante de seu corpo, então se arrastou até seu ateliê e com a familiaridade que tinha com as agulhas costurou sua própria perna, obtendo uma cicatriz gigante, mas com pontos retos. Foi dilacerante, seu sangue misturou-se com as lágrimas de desespero e urros de dor, ao terminar, sucumbiu a inconsciência.

Apontou a vela para seu eu de 10 anos no retrato, era tão diferente, um sorriso estampava-lhe a face e tinha bochechas coradas como um querubim. Bufou um riso sem graça. "Que grande piada! Anjos não existem! Só humanos ambiciosos e artes macabras." Mostrou a língua para o menino impertinente naquele retrato, nunca foi ele. Não após quase terem arrancado sua vida e quebrado seu espírito.

Continuou descendo a escada, ouviu um barulho na cozinha e se apressou, provavelmente teria que brigar com as ratazanas por seu delicioso ensopado. Puxou a porta e um horror o petrificou, uma alma penada estava ali para comer sua sopa.

𝔗𝔥𝔢 𝔖𝔱𝔯𝔞𝔫𝔤𝔢 𝔅𝔬𝔶 [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora