Capítulo 10

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O homem é um riquinho típico. Com uma camisa social de botões e bermuda. Olho de cima a baixo e arqueei uma sobrancelha sem entender essa aproximação.

— Que loirinha mais linda. — o tom de voz demonstra malícia.

— Sai fora !

Afirmo dando as costas, mas sinto a mão dele em minha cintura. Nesse momento, um gatilho em mim é ativado. É diferente do consensual e do que não é. Lembro de quando era adolescente e os amigos do meu pai passavam a mão em minha cintura ou em minha cocha. Ele não fazia absolutamente nada. Um simples toque que eu não permita, é sentindo com certa dor.

Empurro sua mão, me afastando assustada. Os olhos arregalados, coração acelerado e o homem insiste dando alguns passos a frente.

— Qual o seu nome princesa ?—  perguntou.

Entrei em um universo, como se ali não fosse a corrida de carros. Mas sim, a sala velha e bagunçada da minha antiga casa. As garrafas de cerveja espalhadas e um cinzeiro cheio de bitucas de cigarro amassadas. Era possível até sentir o cheiro do lugar. O homem oferece um copo de bebida, estou paralisada e nesse momento, vejo Christopher empurrado.

— Sai de perto dela. — grita.

— Tá incomodado Russell ?— ele gargalha.

Sai do meu transe e olhei para os lados. Todos estavam olhando, Christopher segura a gola da camisa dele a ponto de dar o soco mas os organizadores do lugar tenta o deter. Engoli a seco, dando passos para trás, estava cambaleando pois foi uma sensação muito forte e dolorosa que a muito não sentia.

Sai apressada, empurrando as pessoas que olhavam com curiosidade. Passando por elas apressada e desesperada. Não quero ser o centro das atenções, talvez ele diga que eu deu bola, como meu pai falava : Eles fazem isso por que você provoca. Seria dessa forma. Chego às escadas, descendo e quase chego a cair.

— Megan! — Christopher grita.

Ele vai me julgar, eu sei! Meu pai me julgava, ele fará o mesmo.

Essa frase se repetia em minha cabeça constantemente, meu trauma foi ativado com sucesso.

— Hey...calma. Megan, espera! — Christopher me alcança. Segurando em meus ombros e fazendo virar a sua frente.

— Não fui eu. Não é culpa minha, eu juro. Acredite em mim !— estou tremendo.

Quando conhecia alguém, que chegava de forma involuntária. Chegando a um tipo de relação que seja através de uma conquista, com um sentido normal da coisa, eu consigo lidar. Mas quando me invade, me toca, sem que eu permita, a minha infância vem a tona.

— Calma, eu sei que não foi você. Por que diz isso ?— ele me olha, confuso e analítico.

— Não provoquei ele. — não estou chorando, estou seria e de olhos arregalados. É dessa maneira que entro em crise. Ele parece entender o que está acontecendo através do meu estado.

— Claro que não.  Ele é um idiota, faz isso com muitas garotas. Uma mulher linda como você, sem dúvidas chama a atenção até usando um jeans e camiseta.

Olho para ele, observando seu rosto com atenção.  Consigo me acalmar pouco a pouco, suas palavras conseguem me passar uma tranquilidade, leveza. Me tirando um fardo que levo por anos, sendo culpada por ser assediada.

— Está tudo bem agora. Podemos ir embora, se preferir . — beijou minha testa, passa as mãos em meus cabelos.

— Por favor !

Com um dos braços, envolve meus ombros. Caminhando em um abraço seguindo para o seu carro. Minha respiração já está normalizando, quando chega ao local onde esta estacionado, cuidadoso, abre a porta para que eu entre.

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