Esperança

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 As circunstâncias eram tão complicadas na atual situação, que se formou um eco de vazio e sombras na mente de Taehyung provocando um zumbido que excluía o som ao seu redor.

 Ele se encarava no espelho do banheiro sem realmente ver qualquer coisa. Seus olhos eram irreconhecíveis e um pouco assombrados, pequenas veias vermelhas pareciam tentar correr em direção ao abismo dilatado de sua íris. Seu corpo doía tanto que algumas partes pareciam dormentes, ele tinha um corte feio no supercílio com uma linha grossa preta costurando sua pele. Seu lábio inferior estava cortado e inchado e honestamente quanto mais ele olhava para as lágrimas escorrendo sobre seu rosto menos elas pareciam fazer sentido.

 A porta do banheiro foi escancarada e um extremamente confuso Park Jimin entrou o encarando em choque. 

- Eu fui ao hospital, mas eles disseram que você pediu alta contra todas as possíveis recomendações que te prendessem lá. - Jimin estava mais questionando do que julgando, mas Taehyung conhecia aquele olhar direcionado à ele.

 Jimin estava se culpando, colocando em suas costas o peso do mundo, como se fosse sua função e responsabilidade. 

- Para de me olhar assim. - A voz do Taehyung saiu grossa, seca e rouca, mas ainda era firme e discernível.

- Como eu deveria te olhar, Tae?

 Taehyung deu de ombros, repuxando os cortes feitos com cinta de couro nas suas costas. Um dos cortes foi tão profundo que o médico disse que tinha atingido o osso da sua costela flutuante, mas ele tava medicado o suficiente para não se preocupar com todos os pontos e enxertos que ele ganhou.  

- De qualquer jeito, menos com pena.

- Tae, eu… - Jimin ia abraçá-lo, mas percebeu algumas manchas de sangue no tecido da camiseta nas costas do maior e mudou de ideia.

- Não foi sua culpa, nada disso é sua culpa.

 Jimin mordeu o lábio inferior, fazendo um biquinho que demonstrava que ele não concordava com aquela declaração. 

- Eu preciso falar com o Namjoon na sala. Você se importa em ficar mais um pouco sozinho?

 Taehyung ia dizer que não, mas mudou de ideia e desencostou da pia enquanto negava com a cabeça. 

- Se é sobre mim, eu devia participar.

 Jimin fez aquele biquinho indignado mais uma vez, mas concordou o ajudando a andar até a sala do apartamento minúsculo deles. 

- O que eu quero dizer é que se o Tae não tivesse o matado, você teria feito. Então qual o problema? - Seokjin perguntou como se não estivesse falando sobre assassinato a sangue frio.

- O problema Jin, pela milésima vez, é que já é o segundo membro da ordem que morre por causa do Taehyung e o conselho já mandou eliminar alguém por muito menos no passado.

- Não, Namjoon. O que você tá me dizendo é que de alguma forma você não pode fazer nada sobre isso e eu não consigo entender como isso é possível.

 Namjoon enrugou a testa quase como uma espécie calma de indignação. 

- Eu adoro o fato de que você pensa que eu sou onisciente Kim, mas não é assim que as coisas funcionam, eu sou um só. O que significa que eu tenho um voto no assunto.

- Isso é ridículo. - Seokjin respondeu parecendo decentemente indignado.

- Oi meu amor, não te vi aí. - Seokjin disse todo amoroso pegando Tae pelo braço e o ajudando a sentar numa poltrona perto da janela  de vidro embaçado na sala.

O poder das circunstâncias ( Taeyoonseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora