09.

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- Aí eu vi uma vez que ela deu em cima de um macho que tava querendo ficar com a Kamylinha, precisa de ver, ela nem se preocupou em fingir. Ele falou que gostava da Kamila e ela logo foi se jogando pra cima dele, nojenta. Se eu soubesse que ia estudar na mesma sala que ela ia ter pedido pra minha mãe me mudar de escola, porque ter aula olhando pra essa daí, pelo amor de Deus. - eu não sei como as pessoas acham que eu não tô escutando as coisas.

A gente tá numa mesma sala, e é impossível eu não escutar até mesmo os sussurros que todo mundo tá dando e olhando pra mim ao mesmo tempo.

Assim como é impossível eu não me sentir presa nesse lugar horrível, tentando não chorar a cada coisa que falam de mim e acabo escutando, e a sorte é que eu sou muito boa em fazer isso. Segurar tudo; não chorar nem mesmo quando tô sozinha no meu quarto. Mesmo assim, essa pedra pesada e dolorosa dentro de mim é insuportável.

Continuo fingindo que tô ocupada no celular.

- Ah, não é pra tanto Giovana. A gente vai conseguir suportar ela na mesma sala, mas acho melhor a gente mudar pro outro lado dela porque eu também não quero ficar perto dessa energia negativa. Eu achei que pessoalmente ela não ia ter tanta assim, mas credo, só de ficar perto dela já fico me sentindo até mal. Perigoso eu nem ter vontade de estudar com uma coisa dessas na minha frente. - minha mão começa a tremer e meus olhos a quererem lacrimejar, mas eu seguro. Seguro como se fosse minha vida. Se eu chorar aqui, com certeza vou ser motivo de piada e chamada de fraca; ou qualquer coisa ruim semelhante. É a última coisa que eu quero.

Escuto a movimentação atrás de mim, das minhas duas novas "colegas" de sala levantando mochilas e saindo das cadeiras, mas assim que uma delas passa por mim acaba batendo uma das mãos nas coisas da minha mesa e arrasta "acidentalmente" todo o meu material pro chão, fazendo tudo se espalhar por ele e eu pular de susto com o barulho alto, dos meus cadernos e estojo caindo e chamando toda a atenção da sala.

Uma das garotas coloca a mão na boca e a que derrubou meus materiais se vira com uma expressão como se estivesse além de surpresa, arrependida por ter derrubado minhas coisas propositalmente:

- Ai, desculpa! Eu não vi suas coisas aí! - ela coloca uma mão no peito, e a amiga do lado começa a rir por baixo da mão que ela coloca na boca.

As duas se olham e saem andando e tentando segurar a gargalhada, indo parar do outro lado da sala, como elas mesmas disseram, pra não ficar perto da minha energia negativa.

Levanto da cadeira e me agacho pra pegar minhas coisas, querendo que Andyn tivesse aqui pra ver o quão sou feliz por saber que minhas aulas começaram, o quanto vou ser feliz por todas as pessoas dessa sala me odiando.

Coloco todas as minhas coisas em cima da mesa de novo e resolvo mudar de lugar. Pego minha mochila e sento na última cadeira da fileira da janela.

Coloco ela em cima do colo e a abraço, como se fosse Nicolas e seu corpo quente, Nicolas e seu cheiro, Nicolas e seus olhos lindos e Nicolas e ele mesmo.

Meu corpo enfraquece de uma saudade que não entendo, enfraquece tanto que um buraco parece se abrir na boca do meu estômago, e ao mesmo tempo que não, penso que sim, que eu devia ter beijado ele. Não devia ter ficado envergonhada, não devia ter fingido que não queria pular em cima dele e beijar aquela boca gostosa até o gosto dele virar a água que eu preciso pra sobreviver.

Será que ele ia ter aceitado? Será que ia envolver minha cintura com as mãos, me pressionar no corpo dele com a força que agora eu aperto a mochila, ou será que ia ter enfiado a mão no meu cabelo? Será que ele beijaria lento ou com violência? Meu corpo estremece, e eu descubro que tanto faz; que qualquer coisa que ele fizesse comigo já teria me deixado provavelmente louca.

Não me aguento da necessidade de ver ele de novo, então pego meu celular e continuo fazendo o que eu queria: stalkeando Nicolas até saber até mesmo onde ele mora. Por algum motivo o perfil dele no tiktok só tem outro vídeo além do que ele fez (aparentemente), pra mim, que é um de ele na praia com alguns amigos jogando altinho (coisa que, agora vendo, ele é muito bom).

O único vídeo que ele fez já rendeu mais de quinhentas mil curtidas e mesmo assim, não quis entrar nos comentários. Vou no perfil dele e clico no iconezinho do Instagram, e assim que abro quase saio balançando as pernas de felicidade por tanta foto dele. Não vai ser crime se eu tirar print de todas, fazer uma colagem e colar no meu quarto, né? Vou na última foto dele, onde ele tá com a mesma camiseta do vídeo.

 Não vai ser crime se eu tirar print de todas, fazer uma colagem e colar no meu quarto, né? Vou na última foto dele, onde ele tá com a mesma camiseta do vídeo

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nicsergin | de hoje e de volta pro errijota :P

comentários:
@ana.pvd multiplica plmdds

@bielmoratt e essa capinha ae palhaço?? 😂
@nicsergin linda q nem eu

@67.juliana q coisa mais linda

@jucaxx021 iae parça só tira foto de boné agora carai? mostra a calvice
@nicsergin ja mostrei parça, fiz um R em homenagem a minha mulher vai la ver

@martinsclara oi (na intenção de ser sua
@nicsergin sou da mais linda de joão pessoa

@pvd.duardo só a capinha que ferrou em, de resto tá lindao pae
@nicsergin ce quer dar já sabe né...

Tento me conter, tento mesmo, mas quando vou ver meus dedos já começam a digitar nos comentários.

@euraymarcelle o mais lindo do rio de janeiro

Quando penso em apagar, vejo uma notificação e fico chocada quando percebo que ele já respondeu, meu coração começando a bater como uma furadeira contra um concreto sem parar. Forte, rápido e descontrolado. Fico agitada. Na verdade, vejo duas notificações: uma de ele respondendo meu comentário e a outra vinda do direct.

Começo a ficar nervosa e abaixo o celular, ansiosa demais pra responder uma simples mensagem que eu deveria saber responder, porque é a coisa mais fácil do mundo, mas não consigo.

E se ele me rejeitar? Se tiver feito aquele vídeo só pra zoar? E se na verdade ele só queria que eu achasse que ele não se importou com o que viu de mim na internet? Eu já não consigo lidar bem com tantas pessoas falando mal de mim, mas ele? Ele não.

Mal conheço Nicolas mas já sei que por um motivo que desconheço ele me faz ficar envergonhada, nervosa, ansiosa. Talvez por ser o homem mais lindo que já vi na vida? Talvez porque até agora lembro da sensação de ter aqueles olhos lindos cor chocolate me olhando, de uma forma tão profunda que minha respiração deixou de ser automática?

Talvez porque ele cheira a ele e é um cheiro tão gostoso que nem consigo decifrar, a não ser nomear como "cheiro de Nicolas"? Meu estômago embrulha ainda mais; de desejo e de nervosismo. Começo a achar meu comentário ridículo, me lembro de que eu sou ridícula e que ele sabe que eu sou ridícula e fico mais nervosa ainda.

Ai, dane-se. Vou ver e pronto.

consume | ray marcelle.Onde histórias criam vida. Descubra agora