25.

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Começo a ficar quente. A mão não é de nenhuma das garotas. Porque é grande, e os dedos quentes conseguem cobrir minha bochecha... e vão deslizando, até a pontinha de um indicador passar pelo meu queixo. Meu coração começa a disparar quando o sinto o cheiro. O cheiro. Pelo amor de Deus, o cheiro.

Meu peito vira uma bagunça de batimentos cardíacos acelerados. 

Não sei se estou respirando, se vou desmaiar, mas meu corpo começa a formigar, e eu cubro a mão dele com as minhas duas, sentindo a pele dele na minha bochecha. Meus olhos começam a lacrimejar por baixo da venda, porque se for quem eu penso que é, se realmente for...

Minha mão fica trêmula quando eu inclino ela, quando toco no rosto dele e sinto um beijo na palma da minha mão. Meu estômago estremece e esquenta, e eu fico tão sem fôlego e desordenada que sinto que vou cair, tão cheia de calor que é como se tivesse de repente presa em uma bolha com ele, uma bolha que juro por Deus que não quero nunca mais sair...

E só percebo que realmente ia cair quando a outra mão segura minha cintura, me ajeita e me prensa no corpo dele de um jeito tão gostoso que meu corpo inteiro formiga. Que meu corpo inteiro derrete. Que eu perco a noção de tudo. A outra mão sai do meu rosto, e quase começo a reclamar da falta dela, quando ele vai até a venda, a tira lentamente, e aí...

Aí eu morro. Meu coração erra uma batida, só pra começar a correr numa velocidade descontrolada.

- Sentiu saudade, princesa? - a voz dele. A voz dele. Fico tonta.

Fiquei por tanto tempo sem ver os olhos dele, tanto tempo sem ver os traços lindos do rosto dele, tanto tempo sem sentir o corpo dele perto do meu, que não percebi o quão torturante foi ficar longe dele; que não percebi como é voltar a respirar.

Como se eu não soubesse que tava segurando o ar esse tempo todo sem ver Nicolas. Como se o cheiro dele fosse o único oxigênio que meu corpo aceita. Sem ver esses dois pedaços de chocolate que me fazem derreter dos olhos dele.

- Ray. - ele sorri, e a mão volta pra minha bochecha, tão quentinha, tão dele... fico feito uma geleia. - Fala alguma coisa, ou vou achar que tu tá é assustada, minha princesa.

Tento falar. Uso todas as minhas forças, mas ele me deixa tão fraca, que tudo que sai é...

- Hmmbler.

Nicolas gargalha. O som é tão gostoso que quero fazer dele meu propósito de vida.

Sinto minha bochecha esquentar. Meu coração bate tão forte que sinto que ele escuta, minha pele fica tão quente que sinto que vou derreter, e eu não consigo fazer nada... só me jogar no abraço dele e afundar o rosto na camiseta de Nic. Sinto um nariz na lateral do meu cabelo e a respiração profunda.

- Que porra de saudade de você.

- Eu senti mais, Nic.

- Sentiu nada.

- Senti sim.

- Me ignorou por uma semana inteira e fala que sentiu? Acredito mermo, confia.

Tiro o rosto afundado nele e olho pra esses olhos lindos. Como ele é capaz de falar que eu não senti falta dele?

- O Hytalo tirou meu celular! Eu nunca ia fazer isso com você! Claro que senti sua falta.

- Ih, mas tu sabe que essa parada de "nunca" é perigosa, né? Vai que um dia tu resolve enjoar de mim, e não quiser mais saber... - mordo o ombro dele, mas ao invés de Nicolas reclamar ele geme baixinho. - Morde mais, vai. - caio na risada. - Tô zoando, minha princesa. Tu acha mermo que eu ia te deixar enjoar de mim? Se vier com esses papo vou te mandar ir dormir, aqui não tem essa parada de enjoar não. Ou aceita por bem ou por mal. - dou mais risada.

consume | ray marcelle.Onde histórias criam vida. Descubra agora