Capítulo 𝑰𝑰

696 63 19
                                    

Detroit,
Michigan, EUA

  O vento forte batia contra o portão grande de ferro enferrujado, o barulho de chuva, os cães nervosos e irritados, a noite fria e sombria deixava aquele depósito mais tenebroso e assustador.
 
  Rio parecia gostar daquele tempo, seu sorriso torto e seus dedos batendo freneticamente no gatilho da arma delicadamente para não acionar, era uma tortura psicológica para aquele coitado homem machucado e refém das loucuras dele.
  O galpão velho e esquecido era o lugar ideal para torturas e acerto de contas, seu local de trabalho, qualquer pessoa que entrasse por aquele portão poderia ter certeza que iria sentir o inferno na carne, o medo e a dor fazer parte de cada célula de seu corpo.
   Rio era conhecido por não ser piedoso nesses momentos, ele poderia parecer calmo mas no fundo era o diabo disfarçado.

    Jeffrey estava sofrendo nas suas mãos, seu corpo totalmente machucado, sua fome, sede e psicose em surto, ele ainda estava vivo por escolha do seu torturador.
   Jeffrey estava vivo ainda porquê Rio tinha um médico particular que cuidava em não deixar suas vítimas morrerem rápido, a tortura poderia durar dias, você não escaparia da fúria do Rio até ele cansar ou ele decidir te matar.

— Vai ser sua última chance, Jeffrey. –  declamou com sua face dura e sua curva nos lábios tanto quanto diabólico.

— Eu já disse tudo que eu sei, por favor! – o homem exclamava aos prantos.

Ele tinha seus olhos arregalados, sua pele pálida, sua voz trêmula e fraca era exuberante aos olhos do Christopher.

— Você me disse que eles não estavam planejando nada, Jeffrey.. – encosta ponta da sua arma no ombro do homem preso à arame farpado na cadeira, o fazendo gemer de medo e dor – Só que duas semanas depois descobrem a porra da minha carga, informações que ninguém poderia conseguir a menos que tivesse a porra de um informante.

— Eles não me disseram nada, eles não falaram plano nenhum pra mim.

— Você é a droga de um delegado, seu merda. O mínimo que poderia conseguir é tentar afastá-los daqui.

— Eu sou delegado, Christopher. Eles são o FBI, como diabos acha que eu posso impedi-los?

— Você conseguiu se livrar deles na primeira vez mas dessa vez está prepotente? – Sua face fechou-se dura e seu olhar iluminou, podia ser visto seu ódio a diante.

Antes do pobre homem lhe responder, Rio aperta o gatilho fazendo um som estridente do grito do homem ser ouvido, ele podia  sentir cada chama sendo iniciada pela ardência, a pólvora em seus ferimentos fazia seu desejo pela morte ser mais aclamada que alguém poderia pensar.

— Não, não, não..

—Cala a boca.

— Eu imploro, por favor.
O homem sabia que aquilo não adiantaria mas sua dor falava mais alto.

  Os capangas que estavam cada um em cada canto do galpão, olhava a cena como se fosse qualquer ato normal do seu dia a dia, eles estavam acostumados com aquilo, não era novidade nenhuma a crueldade do chefe e nem o sofrimento dos reféns.
  Aquele delegado era uma pessoa do bem, seu único erro foi aceitar propina de uma mafioso ganancioso.
Ele tinha sua vida, suas filhas, sua esposa.

  Ele era conhecido por ser um homem  que ajudava a cidade, era um delegado querido e “fiel” ao seu povo.

Mas deixar um homem como o Christopher fazer seus atos cruéis e apagar provas e rastros dele, o fazia ser pio tanto quanto?

Adolescentes morrendo por causa de drogas que Rio comercializava, mortes entre facções, inocentes sendo mortos por causa de uma briga entre polícia e ladrão, Rio era a perdição da cidade, o delegado estava com sua consciência pesada e mesmo assim aceitou o dinheiro em troca de sua sanidade e vida.
  Ele precisava de dinheiro, sua filha estava em uma faculdade boa, sua esposa tendo uma vida confortável, vidas em troca do melhor para sua família.
Devemos julgá-lo?

Corações Em Guerra - 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝟭Onde histórias criam vida. Descubra agora