Capítulo 27

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Dean Moore 😈

Empurrei a porta e o som do sino se chocando contra a madeira fez uma dor afiada atravessar minha têmpora até minha nuca. Por um segundo minhas pernas quase cederam e minhas vistas ficaram turvas como resultado da dor que me tomou.

Joguei meus braços sobre o balcão para me equilibrar e com um suspiro longo eu voltei a abrir meus olhos. O homem do outro lado ficou me encarando como se eu fosse uma aberração dás três da manhã, a hora do diabo.

Ele tem todo direito de me olhar assim, como se eu fosse um monstro com chifres e deformado. Por mais que eu não tenha essa aparência, é exatamente isso que eu sou. O pior de todos os diabos.

Tirei do meu bolso duas notas e bati contra as tábuas, com seus olhos arregalados ele continua me encarando. Me olho através do reflexo sobre a geladeira atrás dele e então posso me ver. Eu realmente estou péssimo.

Minha barba está por fazer, meus cabelo estão bagunçado e não me lembro quando foi a última vez que tomei um banho. Estou fedendo e sujo. Sim, qualquer um poderia me confundir com um sem teto agora.

É exatamente isso que eu sou, mesmo com um teto sobre minha cabeça eu ainda sinto que perdi tudo. Perdi o que eu poderia chamar de lar.

"O que você quer garoto?"-O velho finalmente diz algo-"Diga antes que eu chame a polícia"

Acho que estou drogado demais para conseguir dizer alguma coisa, eu abro minha boca e tudo que sai são resmungos que nem eu mesmo entendo. Meu cérebro não está funcionando, então apenas aponto para a garrafa de vodka.

Com um aceno seguido por um suspiro, ele alcança a garrafa e arrasta até minhas mãos trêmulas. Assim que ele pega o dinheiro eu agarro a bebida como se fosse minha vida, puxo o pino que rola pelo chão através das prateleiras e viro um gole generoso em minha boca, engolindo de uma vez como alguém morrendo de sede no deserto que finalmente encontrou a fonte de água.

A bebida cai em meu sangue e o tremor em minhas mãos param, enfio uma delas em meu bolso e tiro outra pílula. Jogo em baixo da língua e com outro gole de vodka ela se desmancha.

"Sai da minha loja seu drogado imundo"-O velho grita no mesmo instante que me empurra.

Tropeçando em meus próprios pés eu caio para fora, me apoiando em uma das vigas antes de atingir o chão. Eu solto uma risada maligna e dou outro gole na minha amiga e companheira de todos os dias.

Tentando me manter em pé eu começo a andar, minhas pernas se enroscando uma na outra enquanto meus pés se arrastam pelo asfalto. A droga e a bebida fazer uma mistura incrível, me dando uma felicidade temporária e me tirando da realidade que me apunhala bem no meio do peito me causando uma dor que mal sou capaz de respirar.

Carregando a culpa em meus ombros, por ferir a única pessoa que acreditava em mim e matar meu próprio filho. Eu sou sim um monstro como Lia diz, sou pior do que meu pai e ainda pior do que meu padrasto. Eu sou aquele que merece ser queimado no quinto dos infernos, sem perdão e sem redenção. Tudo que eu mereço agora é sofrer até que isso me mate.

Eu passei a vida protegendo minha irmã dos outros, de todos aqueles que poderiam machucar ela. Mas porra, na realidade ela deveria ser protegida de mim. Todos deveriam. Eu sou um bastardo de merda, doente e psicopata. Minha vida está destinada á miseria.

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Me recusei a ir na escola hoje, assim como fiz todos os dias desde que meu coração foi arrancado do peito e minha vida decaiu ainda mais.

Crown of bloodOnde histórias criam vida. Descubra agora