CAP 6.

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LAURA

- O tempo passa e você continua espaçosa né, fia? - Eu não reconhecia a voz, mas foi o suficiente pra eu me assustar e saltar da cama numa só vez.

Era a criatura mais engraçada e insuportável que eu já conheci. O BG.

- E você segue sendo o mais incoveniente que eu já conheci. - Pude notar a pequena revirada de olho que ele deu antes de pular no pescoço do mesmo e abraçar apertado - Meu deus, BG! Você finalmente conseguiu ter um mísero bigodinho.

- Faltou adicionar que você continua uma pé no saco, senhora Doutora. - Ele disse ao retribuir o meu abraço e em seguida dar um peteleco na minha testa. - Você também conseguiu ficar aceitável, nada mal pra raquetica esquisita que você era. - Disse ao se jogar na minha cama. BG era praticamente o meu melhor amigo. Tudo eu contava pra ele, era focadinho em ter uma vida diferente dá do morro, mas pelo visto, se perdeu no caminho.

- Acho que ainda tenho o mesmo ponto de vista de antes. Você calado fica mais bonito. - Ri ao ver ele me mandando o dedo do meio e sento no pequeno espaço que tinha sobrado. - Fiquei sabendo que agora você é um dos vapores do Ret e Lennon. - Suspirei no momento em que falei isso. Não queria que ninguém levasse essa vida.

- Era o que tinha. Minha coroa tava muito doente, precisava de grana rápido e isso foi subindo a minha cabeça. Dar o tratamento pra ela, depois um barraco digno. - Seu olhar era sobre o chão como se ele não pudesse direcionar a mim. - Ai entrou a minha parte de me deslumbrar com isso, o dinheiro leva a gente a lugares absurdos.

O silêncio pairou por um segundo no quarto. Não sabia o que falar. Eu estava chocada e chateada também.

- Mas aí. Quando vai ver o resto do pessoal? Tive que vir aqui pra te ver. Depois que teve o canudo de doutura ficou entojada? - BG sabia que meu sonho era ser médica. Me quebrava estudando junto dele na época do cursinho. Gostaria de ter mantido contato com eles, mas Felipi me acharia fácil demais e eu não podia deixar isso acontecer.

- Acho que tô criando coragem. Mais cedo, eu fui na Dona Célia junto com a Vitória, e ele tava cortando caminho por lá. - Finalmente tive coragem de falar. - Não tô pronta pra dar de cara com ele por mais de dois minutos. - Me sentia apreensiva em relação a reação dele. BG estava presente no segundo surto na minha casa quando Lennon descobriu e queria arrancar os ossos do amigo e depois me trancar numa torre. - Não tô me achando pensando que todo aquele sentimento ainda existe, mas é estranho. - Tombei meu corpo pra trás. BG me encarava em silêncio como se procurasse algo certo pra me dizer, mas acho que nada nesse momento seria.
Não é como se eu ainda fosse apaixonada por ele e ele por mim, mas é algo muito complicado. É estranho. E se tratanto de Filipe, é sempre uma caixinha de surpresa.

- Acho que ele já tá ligado que tu tá aqui antes disso daí. - A mão de Borges coçava a nuca. Já estudei sobre linguagem corporal ou ele não devia ter falado aquilo ou simplesmente ficou nervoso. - Ele é sempre mau humorado, mas hoje tá de fuder. Chegou até atrasado pra conferir carga. O que indica que ele deve ter extrapolado muito na quantidade que usou. - Eu não sei porque aquilo me deixou triste. Todo esse tempo e ele ainda era refém daquelas merdas. É inacreditável!

- Exagerou como? - Não queria transparecer muita importância. - Quer sabe? Nem me conta! - Me levantei da cama rapidamente ao ouvir meu celular tocar. Era Gabriel. Meu Deus, esqueci completamente do meu protótipo de namorado.

BIEL 19:30

Sei que seria difícil pra você chegar aonde sua mãe mora, mas preciso que dê um sinal de vida.

Quase colocando a sua foto nos postes com recompensa embaixo.

LAU AQUINO 21:30

Que seja uma recompensa alta.

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