Cap 7.

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RET.

E de novo eu acordo com a sensação de que levei 50 coronhadas na cabeça.
Que porra!
Flashs da noite passada passam pela minha cabeça e o grito dela ecoa toda vez. A última vez que ouvi ela me chamando daquele jeito, dias depois, ela sumiu por 7 anos.
7 anos caralho, e pelo baque que eu senti parece que foi ontem.
Mas o que tem prevalecido e gritado mais forte dentro de mim é a raiva que eu sinto dela e do bosta do Lennon.

- Gatinho. - Não consigo acreditar que fiz isso comigo. A voz de pato de Giulia entrou como um prego dentro do meu ouvido fazendo com que a minha cabeça latejasse ainda mais. - Acorda. - Dá pra perceber nitidamente o tom maliciosa em sua voz.

- Vaza. - Soltei ainda sem abrir os olhos. Eu não tinha restrição com quem eu fodia, mas essa eu já tinha jurado que nunca mais. Já aprontou cada uma por ter deitado mais que duas vezes na mesmo lugar que eu. Se acha a dona do morro toda vez que volta a ter algum contato sexual comigo. E é só pra isso que serve.

- Mas gatinho. - Parceiro, logo cedo não. - Achei que a gente podia começar bem o dia de hoje. - Sua mão já estava passeando pelo meu corpo e a irritação terminou de tomar conta de mim novamente. Sua mão foi parar longe com um tapa que a atingiu. Finalmente abri meus olhos e a encarei. Eu não precisei falar mais nada.
Só via o corpo siliconado a cata de suas roupas pelo quarto enquanto eu sentava na cama. Em questão de segundos, o vulto havia sumido. Deixando a mim e a minha insanidade naquele quarto de motel.

O som do meu celular vibrando me tirou atenção do que martelava a minha cabeça.

No visor apareciam diversas chamadas perdidas, inúmeras mensagens de índio, delacruz e bg. E uma de um número desconhecido, mas que foi apagada.
Mas o que fazia ele vibrar agora era a chamada de VH. Não queria contato com ninguém dessa família, namoral. Mas já tinha recusado antes, e agora insistia.

- Fala. - Soltei ríspido ao atender e deixar o celular no viva-voz.

- Eai, chefe. Consegue colar aqui no cafofo? - Não conseguia perceber nenhuma outra voz ou barulho no fundo o que fazia o bagulho parecer sério ou tá todo mundo com o cu na mão depois de ontem.

- Marca um 10. - Desliguei a chamada logo em seguida e passei agora a ser o vulgo a cata das coisas no quarto. A quantidade de latas e pinos de cocaína espalhadas por cima da mesa de centro era absurda. Tudo faz sentido agora. Ainda tinham alguns cheio, deixei de cortesia depois de pegar o único que precisava pra começar o meu dia. Enquanto elevador ia pra onde eu precisava, o pino teve o seu destino.

- Não falei que era só marcar um 10? - Falei fazendo todos os mlks me olharem depois de adentrar o espaço. - E aí, qual o motivo da reunião? - Me joguei na cadeira de couro e lancei meu olhar pra eles. Todos estavam ali, não faltava um filho da puta, nem Lennon. O que me faz querer cobrir a cara dele de porrada.

- Invasão. - Índio soltou ao jogar o celular em cima da mesa. Farelli, dono do Chapadão, queria tomar outro morro pra si e jurava que seria dono do meu. Esse sonho vem de muito tempo, a richa começou com meu padrinho e o filho da puta ficou calado durante um tempo após a morte dele quando tentou no luto e teve que fazer uns 20 velórios por ter desrespeitado um.

- Projeto de invasão. - Soltei em um tom irônico. - Farelli tem que aprender muito ainda. - Lancei o esqueiro no ar antes de acender o cigarro que havia colocado no canto da boca. - Foi só pra isso que me tiraram do meu conforto? Tão com medo de que? - Todos continuavam me olhando com a mesma cara de babacas. - Precisam da minha ordem pra que, caralho? Já sabem o que tem que ser feito. - Não tenho paciência normalmente, num dia desses piorou.

-  Sabem que ela tá aqui. - A voz de Lennon saiu do fundo da sala. Ele continuava sentado no mesmo lugar com os braços cruzados. - Uma vez marcada como mulher de bandido, sempre mulher de bandido. - O boné escondia os olhos de Lennon, mas o maxilar travado demonstrava tudo. Nunca pedi pra que ela fosse pra minha cama, foi porque quis todas as vezes.

- Tô mais preocupado com a segurança do que a bonequinha de vocês. - Índio soltou e voltou a me olhar. A mão de Victor acertou o rosto do mesmo em cheio e aquilo surpreendeu até mim. - Qual foi, filho da puta? - Índio se colou de pé novamente pronto pra se jogar em cima do pacífico.

- Tá maluco, caralho? Eu entendi o que tu quis dizer com bonequinha. - Victor era segurado por Lennon que também se segurava internamente pra não voar em cima de Índio. Me divertia com a cena, mas não podia evitar a raiva subindo ao ver o sorriso que índio formou no canto da boca.

- Bonequinha de luxo mesmo. Bonitinha demais pra ser verdade. - Índio era insano. O cara não tinha medo da morte nunca. Por isso que os planos mais impossíveis e loucos, eram bolados por ele. - Devia dá um caldo né, chefia. - Seu olhar cruzou com o meu.

- Não quero que o próximo caldo seja o seu sangue. - Falei de maneira ríspida e acendi outro cigarro ao me dar conta que estava apenas com a bituca do anterior entre os meus dedos. - Quero saber o que a irmã de vocês tem a ver com isso. - Não lembro de nada que ligue ela ao Farelli. Ela sempre foi intocável. Não acredito que tenha se metido com outro envolvido.

- Mulher de bandido fica marcada, ainda mais quando tem uma tatuagem pro bandido. - BG me entregou o celular aberto. Fotos dela na praia, com um biquíni minúsculo com algumas pessoas na volta, e em pequena letras separadas e retas estava escrito "Macedo" em uma canto da bunda. 

Lembranças.

- Isso vai doer muito? - Laura olhava por cima do ombro pra Gabi. Minha tatuadora favorita do morro. Só ela pra ver aquela parte do corpo da minha mulher. Por mais que tivesse 98% coberto, ainda me dava um pontinha de ciúmes.

- Não, fica tranquila. - Gabi era daora demais. Meu corpo é praticamente o quadro dela pra rabiscar. Ela passava a maior tranquilidade. - Quem te via todo quietinha por aí, passeando pra lá e pra cá com os livros, não diria que tu estaria fazendo isso aqui. - Apontou para o decalque que já marcava meu sobrenome sobre a pele de Laura que estava com a maior cara de envergonhada.

- Embaixo dos rostos mais dóceis, estão escondidos os piores diabos. - Disse ao beijar o topo da cabeça de Laura e analisar o traço perfeito de Gabi que começava a tomar forma em cima do decalque. Laura apertou minha mão uma única vez e depois pareceu ter adorado a dorzinha da pequena agulha.

- É como se fizesse arranhaozinhos, não sei dizer. - Laura disse rindo ao encarar por cima do ombro a tatuagem no espelho. - Gostou? - Seu olhar era direcionado a mim. - Eu achei tão bonitinha, nem parece que é sobre um maluco que é dono de morro.

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oii, mores. tão boas? eu sigo na tentativa de interagir com vocês kkjjk são pouquinhas e agora nem sei se vai ter alguém depois dessa sumida.
mas prometo tentar ser mais ativa aqui. esse cap tá meio mixuruca, mas juro que vai melhorar MUITO.
estava meio afastadinha por questões de saúde que envolviam meu pai, mas agora tudo parece estar se "normalizando" e logo conseguirei postar com mais frequência. 🤍

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