cáp 9.

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LAURA

Eu não podia acreditar naquilo. Não mesmo.
O Lucas ser de facção? Não!
Não consigo acreditar. Não faz sentido nenhum na minha cabeça.
E o que faz menos sentido ainda é o sem noção do Filipe achar que eu tenho alguma ligação com isso.
Eram pra ser as minhas férias, a minha paz com a minha família, mas nada que tenha esse homem perto pode ser assim.
Onde é que eu tava com a minha cabeça? Que ódio!

Passei o dia inteiro dentro daquele lugar insalubre, com o cheiro insuportável de maconha e cigarro na minha cara enquanto eles investigavam ou criavam algum plano mirabolante. Sem contar naquelas coisas enormes destravadas passando pra lá e pra cá.
E o olhar dele de quem poderia me acertar com qualquer uma daquelas coisas a qualquer segundo.
Que inferno, mil vezes, que inferno!
Não conseguia ter acesso ao meu celular, não podia abrir a minha boca e a única coisa que podia fazer diante daquela cena toda era tentar cochilar, mas toda vez que fechava os olhos tudo o que eu havia descoberto martelava na minha cabeça. Será que eu fui uma isca pra Lucas esse tempo todo?
Primeiro nós tornamos amigos e com um bom tempo algumas coisas começaram a acontecer mesmo com toda a trava emocional em que coloquei na minha vida por causa desse poço de ignorância e problema que Filipe é.

Não consigo contar ao certo quantas horas ficamos confinados aqui dentro, mas quando entrei aqui ainda era de manhã e agora consigo perceber a temperatura mudando o que indica que já deve ser noite.

- Eu tô com fome. - Soltei ao me desenrolar da coberta que tinham entregue pra mim no sofá. - E também cansada. - Lennon foi o único que desviou o olhar pra mim e depois focou o mesmo em Filipe.

- Já vou levar ela pra lá. Aguenta ai. - Filipe disse sem nem sequer mexer os olhos de onde ele estava. - Antes do sermão, não vou matar ela de fome. - E aí notei sua cabeça mexer em direção ao Lennon.

- Vocês sobrevivem só de droga? Não é possível que não estejam com fome. - Disse ao levantar e pela primeira vez andar pelo local. As paredes grotescas, as mesas bagunçadas com papéis, pinos e dinheiro. Tudo aquilo me causava calafrios. De pensar que quando me envolvi com Filipe tinha a esperança dele esquecer isso.

- Você só abre a boca pra piorar a sua situação né, bonequinha. - Índio disse ao se jogar na poltrona que tinha. - Mas concordo contigo, maior fome. - Disse ao levantar a cerveja que tinha na mão. Esqueci de mencionar isso, como que podem beber tanto? Que dó de todo os órgãos desses meninos!

- Eu só tô questionando. - Dei de ombros e voltei a caminhar devagar pelo lugar, tentava espiar o que tinha no grande papel branco em cima da mesa, mas acho que nunca conseguiria entender o que tinha ali.

O silêncio em relação a mim voltou a acontecer e todos voltaram a conversar em si sobre o que aconteceria.

O celular de Delacruz tocava a cada segundo e já sabia que poderia ser Vitória. Ela sempre foi um radar com ele. Podia notar a expressão de medo dele a cada mensagem nova que chegava e aquilo me fazia soltar algumas risadas baixas. Homem quando é apaixonado é realmente muito bobo. Faz a maior loucura aqui no morro, mas tem medo da mulher.

- Sobe. A polícia em casa tá acionando faz tempo. O que a gente tinha pra resolver aqui, já foi bolado. Índio junto com o BG checam os becos, façam as retiradas e depois desçam pra checar a entrada. Mandem trocarem os plantões. Qualquer movimentação estranha, mete bala. - Filipe finalmente começou a abrir a boca, mas não direcionava o olhar a ninguém. Simplesmente dava as ordens. - Lennon e Vitin, amanhã é com vocês o recebimento. Contagem, recontagem e descontem o que for perdido. Ninguém mandou marolarem. Se choraram, já sabem, é cabo. - Só percebia as cabeças assentindo. Como que pode tanto homem calar a boca pra um único imbecil?

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⏰ Última atualização: Sep 27, 2023 ⏰

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