LAURA
Eu não podia acreditar naquilo. Não mesmo.
O Lucas ser de facção? Não!
Não consigo acreditar. Não faz sentido nenhum na minha cabeça.
E o que faz menos sentido ainda é o sem noção do Filipe achar que eu tenho alguma ligação com isso.
Eram pra ser as minhas férias, a minha paz com a minha família, mas nada que tenha esse homem perto pode ser assim.
Onde é que eu tava com a minha cabeça? Que ódio!Passei o dia inteiro dentro daquele lugar insalubre, com o cheiro insuportável de maconha e cigarro na minha cara enquanto eles investigavam ou criavam algum plano mirabolante. Sem contar naquelas coisas enormes destravadas passando pra lá e pra cá.
E o olhar dele de quem poderia me acertar com qualquer uma daquelas coisas a qualquer segundo.
Que inferno, mil vezes, que inferno!
Não conseguia ter acesso ao meu celular, não podia abrir a minha boca e a única coisa que podia fazer diante daquela cena toda era tentar cochilar, mas toda vez que fechava os olhos tudo o que eu havia descoberto martelava na minha cabeça. Será que eu fui uma isca pra Lucas esse tempo todo?
Primeiro nós tornamos amigos e com um bom tempo algumas coisas começaram a acontecer mesmo com toda a trava emocional em que coloquei na minha vida por causa desse poço de ignorância e problema que Filipe é.Não consigo contar ao certo quantas horas ficamos confinados aqui dentro, mas quando entrei aqui ainda era de manhã e agora consigo perceber a temperatura mudando o que indica que já deve ser noite.
- Eu tô com fome. - Soltei ao me desenrolar da coberta que tinham entregue pra mim no sofá. - E também cansada. - Lennon foi o único que desviou o olhar pra mim e depois focou o mesmo em Filipe.
- Já vou levar ela pra lá. Aguenta ai. - Filipe disse sem nem sequer mexer os olhos de onde ele estava. - Antes do sermão, não vou matar ela de fome. - E aí notei sua cabeça mexer em direção ao Lennon.
- Vocês sobrevivem só de droga? Não é possível que não estejam com fome. - Disse ao levantar e pela primeira vez andar pelo local. As paredes grotescas, as mesas bagunçadas com papéis, pinos e dinheiro. Tudo aquilo me causava calafrios. De pensar que quando me envolvi com Filipe tinha a esperança dele esquecer isso.
- Você só abre a boca pra piorar a sua situação né, bonequinha. - Índio disse ao se jogar na poltrona que tinha. - Mas concordo contigo, maior fome. - Disse ao levantar a cerveja que tinha na mão. Esqueci de mencionar isso, como que podem beber tanto? Que dó de todo os órgãos desses meninos!
- Eu só tô questionando. - Dei de ombros e voltei a caminhar devagar pelo lugar, tentava espiar o que tinha no grande papel branco em cima da mesa, mas acho que nunca conseguiria entender o que tinha ali.
O silêncio em relação a mim voltou a acontecer e todos voltaram a conversar em si sobre o que aconteceria.
O celular de Delacruz tocava a cada segundo e já sabia que poderia ser Vitória. Ela sempre foi um radar com ele. Podia notar a expressão de medo dele a cada mensagem nova que chegava e aquilo me fazia soltar algumas risadas baixas. Homem quando é apaixonado é realmente muito bobo. Faz a maior loucura aqui no morro, mas tem medo da mulher.
- Sobe. A polícia em casa tá acionando faz tempo. O que a gente tinha pra resolver aqui, já foi bolado. Índio junto com o BG checam os becos, façam as retiradas e depois desçam pra checar a entrada. Mandem trocarem os plantões. Qualquer movimentação estranha, mete bala. - Filipe finalmente começou a abrir a boca, mas não direcionava o olhar a ninguém. Simplesmente dava as ordens. - Lennon e Vitin, amanhã é com vocês o recebimento. Contagem, recontagem e descontem o que for perdido. Ninguém mandou marolarem. Se choraram, já sabem, é cabo. - Só percebia as cabeças assentindo. Como que pode tanto homem calar a boca pra um único imbecil?
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CAIS.
ActionRet tinha um sonho desde moleque: Dominar o Complexo. Junto de seu irmão de consideração, Lennon. Os planos mudam quando Laura entra pra sua vida de um jeito diferente, mas tudo desmorona quando ela subitamente some do morro após uma discussão. A...