Erementaru

A Carta

Ao mesmo tempo do raiar do sol, Harumi abriu seus olhos, eram por volta de sete horas da manhã. Já era quase verão, o sol quente adentrava pela janela do pequeno quarto. A Seleção! Ela se levanta abruptamente e corre, com os pés descalços no chão escorregadio de madeira do estreito corredor cor de creme. A Seleção.

 Um ritual místico muito aguardado pelos Fenikkusu, essa seleção é realizada pela a academia Fenikkusu, a melhor do reino, onde os jovens treinam para proteger o estado. Nessa academia, são selecionados os dez melhores alunos e, em uma certa data, eles são todos reunidos no Templo Pawajemu, onde ficam guardadas as joias místicas. Cada joia possui um espirito animal com características diferentes e poderes diferentes. Eles possuem diferentes hierarquias e podem ser dos animais mais fracos e pequenos aos gigantes e poderosos, além de joias extremamente raras que possuem animais lendários, que podem ser bons ou ruins.

Ela segue para a cozinha agitada, pega duas torradas e as coloca na boca, deixando as mãos livres para por os sapatos. Ainda frenética, com o coração a mil, ela corre em direção  a academia e chega, minutos antes do imenso portão se fechar até o fim do período dos treinos.

Após oito horas de treino, agora mais calma, Harumi se direciona á sala de seu treinador e bate na porta de forma fraca, pois sua tremedeira havia voltado.

- Entre.

A voz baixa e rouca dentro do aposento diz. A menina abre a porta lentamente, como se esperasse que algo estivesse á espreita atrás da porta. Ela entra e se posiciona no meio do escritório, em continência.

- Senhor! Harumi de Fenikkusu se apresentando, senhor!

O professor a encara, com um olhar sério.

- Harumi, não precisa ficar falando tão formalmente, também não é necessário que fique falando de onde você é nas suas apresentações. Principalmente no seu próprio país.

Ele diz, rispidamente, com o olhar vidrado voltado para ela.

- Desculpe, senhor!

O treinador suspira, ele faz um sinal com a mão para que a garota continue.

- Senhor, estou me apresentando para saber se poderia me alistar para a Grande Seleção. Antes de responder senhor, gostaria que considerasse que estou treinando muito nos últimos meses, sem contar minhas notas, além do mais o senhor só precisaria me dar sua permissão, eu mesma vou até o templo, senhor! Por favor-

- Já disse o suficiente, Harumi.

O professor parecia falar sério, mas de repente, risadas podem ser ouvidas do mesmo, o que confunde a garota, a torna apreensiva.

- Você considerou mesmo que poderia participar da Seleção? Ah, não! Não me diga que...Você achou que poderia ser a escolhida?

Harumi abaixou a cabeça, constrangida.

- Wow! Você realmente achou que uma plebeia seria A escolhida?

A garota soluça baixo, ela se volta para ir embora aos prantos, com os risos do professor ao fundo.

Harumi saí da academia desolada, todo seu esforço, suas lágrimas, seu sangue, tudo o que ela passou para chegar até ali. Nada. Era isso que o seu esforço valia. Nada.

Ela chega em casa, sua mãe de consideração pairava na porta da cozinha. As duas se entreolharam, Harumi voltou a chorar compulsivamente, olhar sua mãe agora, com a tamanha vergonha que ela sentia? Não, isso era demais para ela. Sua mãe anda rapidamente em sua direção e a toma em seus braços, a acalmando. Harumi lhe conta todo o ocorrido, com alguns soluços e várias lágrimas, ela finaliza o seu relato. Sua mãe agora, a olhava.