"Diabinho"

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Depois de uma semana treinando, Harumi percebeu que finalmente Yangi havia terminado sua leitura graças a suas leituras de madrugada. Sim, ele lia á noite, coisa que só Harumi via quando ia para seu quarto que ficava ao lado do quarto do rapaz. 

Harumi chegava tarde de seu treino e normalmente quando voltava todos já estavam dormindo em seus quartos, ela pegava seu prato de comida, comia em silêncio e ia se deitar. Porém, na última semana havia notado a luz do quarto de Yangi acesa por debaixo da porta, não era uma luz forte como a do teto, mas sim uma luz como a de lampião. Harumi então pensava que ele talvez gostasse de dormir com alguma luz acesa, porém, as vezes a luz a incomodava na hora de dormir, pois a luz chamava sua atenção, então Harumi resolveu uma noite pedir para apagasse a luz, mas antes mesmo bater seus olhos desviaram para uma fresta onde se podia ver o interior do quarto. Harumi colocou um de seu olhos ali e foi quando viu Yangi lendo sonolentamente um livro qualquer encima de sua cama.

Depois daquele dia, Harumi havia se tornado mais empática com o rapaz, na sua visão ele a dava medo, seus olhos completamente pretos exceto pelo tom vermelho carmim deixava-o com um ar sério se fosse conhece-lo superficialmente, mas na primeira frase que trocava com o rapaz entendia ser alguém amigável, embora mórbido, era alguém agradável.

Yangi agora saía da biblioteca e atravessa o corredor até o pátio, no que parecia ser um ânimo muito bom na realidade, ele saía com os pés batendo como num sapateado, as mãos balaçando e um sorriso leve no rosto.

- Alguém acordou de bom humor.

Harumi o recepcionou, no mesmo tom animado.

- Sério? Quem?

Yangi pergunta, novamente fazendo dúvidas sobre ser uma pergunta séria ou não.

- Você?

- É eu sei, estava apenas brincando, haha.

- Ahh, sei, haha!

Harumi ri um pouco forçado e sem graça, as vezes não entendia as piadas de Yangi e as achava impossíveis de decifrar.

Yangi se afasta dela e vai até uma área reservada do pátio enquanto Harumi o observava. Na realidade, Harumi estava curiosa, sabia que Yangi não fora lá muito hábil na parte de leitura embora tivesse se esforçado bastante, Harumi duvidava um pouco de suas habilidades.

O rapaz então fecha os olhos, deixando Harumi com um olhar de confusão, porém ele continua. Yangi então junta suas mãos como se segurando uma bola, de supetão algo se forma no centro, com aparência viscosa, como sangue. A coisa continua crescendo do centro da esfera, até quase tocar as mãos de Yangi e de lá o garoto puxa uma matéria escura, como se saísse de suas próprias veias. De repente, um cheiro de enxofre emerge do local e o objeto finalmente é revelado: Um machado negro, de duas pontas, com entalhes por todo o cabo e no final de suas lâminas também.

Harumi o olhava impressionada, tudo aquilo parecia natural demais para ele, como se fosse algo que fizesse desde sempre, como andar ou falar. 

A poça preta (como Harumi a nomeou), finalmente se extinguiu, deixando apenas o machado nas mãos do rapaz.

- Como fez isso?

Harumi pensa alto.

- Fazendo.

Harumi vira a cabeça rapidamente para Yangi, que já estava de olhos abertos voltados para ela, com sorriso largo como se tivesse acabado de contar a melhor piada que já contara.

- Ah! Perdão, não te vi acordar do... seja lá o que estava fazendo.

- He, isso é alquimia, não é nada demais.

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