Capítulo 1

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FORTALEZA VERMELHA,

APOSENTOS DA PRINCESA


Rhaenyra está muito mais ciente de sua posição do que a maioria pensa. Ser a herdeira do Trono de Ferro era algo inevitável, que ela certamente antecipava, devido às imprudências de seu tio e a má administração de seu pai.


Ela supôs que um casamento com Laenor Velaryon, para acalmar o golpe que sofreram no Conselho 101, e depois, com o Rei outra vez os desprezando em favor de Alicent, seria tolerável. Afinal, o primo dela é um valiriano de sangue puro, um cavaleiro de dragão e Herdeiro de Driftmark, uma boa combinação, simplesmente um arranjo adequado, além de necessário. A única verdadeira opção que ela tinha.


Ela e Laenor se casaram, é verdade, mas já faz três luas, e nunca, em nenhum dia ou noite, eles consumaram o casamento. Na verdade, Rhaenyra mal vê seu marido. Ele está se afogando em sua dor, desde a morte de Joffrey, enfurnado em seu quarto, com barris de vinho e um ou dois servos pessoais. Corlys ignora isso; Rhaenys lhe dá um olhar apologético; o Rei se vê na crença de que é a maneira de Laenor comemorar e o resto da Corte espalha rumores nada agradáveis sobre eles. E ela nem quer pensar em Daemon, que simplesmente sumiu.


Rhaenyra percebe o quão sozinha ela está, quando Alicent teve Aegon. Rhaenyra soube que sua posição dali em diante para sempre seria contestada. Afinal, o precedente de que deveria ser o filho masculino a herdar foi estabelecido pela própria coroação do atual Rei, seu amado, mas míope, pai.


Tudo que ela tem é sua posição e seus títulos. Seu dragão.


Se ela é a Herdeira, se do sangue dela deve vir o príncipe que foi prometido, ela irá se assegurar de que sua posição não seja ameaçada; não pelo Reino, não por seu tio, não pelo seu irmão.


Então, ela estudou. Ela estudou e descobriu que a força de um governante está no povo, na lealdade de seu exército e na boa vontade de seus Lordes. Claro, ela também sabe que informações de primeira mão são mais úteis do qualquer uma dessas coisas, então ela arregaça as mangas e move as peças de seu tabuleiro.


Ela investe em um fundo próprio, com o aval de seu pai. Ela foi até ele, pediu quatro grandes baús, com cadeados pesados, e suas chaves seriam confiadas apenas à ela. Ele a interrogou, é claro, mas quando ela disse que era apenas para o bem de sua posição como Herdeira e pela estabilidade do Reino, ele cedeu.


"Quatro baús?" perguntou o Rei, intrigado, desviando a atenção de seu molde de Valíria "Para que você precisa disso?"


"É para um empreendimento pessoal" respondeu tranquilamente, com as mãos cruzadas em frente ao corpo.


O Rei franziu a testa, cruzando os braços, olhando para a filha mais velha com ligeira confusão. Que tipo de empreendimento uma Princesa, uma Herdeira, precisaria fazer?


"Que empreendimento?" sondou, desconfiado dessa vez.


Rhaenyra suspirou, se aproximou alguns passos dele e puxou uma das grandes mãos machucadas de seu pai. Ela a segurou e acariciou por alguns segundos.

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