Capítulo 8

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RUNESTONE,
JARDINS

Daemon encontrou Rhea sentada em um dos muitos bancos de seu jardim, olhando para a grama com uma expressão vazia e um olhar vagamente cansado.

Ela estava vestida em sua armadura ridícula e parecia estar profundamente perdida no que quer que estivesse pensando. Daemon se aproximou lentamente, fazendo barulho, para que ela não pensasse que ele queria surpreendê-la, ela não se moveu ou olhou para ele, mas permitiu que ele se sentasse ao lado dela.

"Eu realmente não quero brigar agora, Daemon" ela disse, baixo e cansada.

Daemon a olhou, e franziu a testa.

"Não vim brigar" ele disse, e ela o olhou.

"Oh" ela disse, com um brilho cauteloso crescendo em seu olhar e de repente ela endireitou os ombros, se empurrando para mais longe dele "O que você quer?" perguntou, voltando a olhar para a grama.

Daemon suspirou. Ele virou-se para encarar a grama também, buscando palavras que explicassem suas ações, sem parecer extremamente mesquinho.

"Eu não odeio você" começou, ignorando o riso surpreso dela "Eu odeio o que você representa. Para mim, você representa a indiferença dos meus parentes, o fim da minha boa relação com meu irmão, a rejeição dos meus desejos" continuou, num tom inexpressivo, virando-se para olhar o perfil dela "Voltar a esse lugar é como comer uma fruta amarga. Não odeio o Vale, odeio que ele represente o exílio da minha família" afirmou tranquilo, e suspirou, hesitando em dizer essa última parte de seu discurso improvisado "No entanto, mesmo que nós não tenhamos nenhum laço, eu percebo que devemos cumprir nossos deveres" completou, com uma careta e um encolher de ombros.

Rhea permaneceu em silêncio, mas virou-se para encará-lo. Sua expressão estava em branco e Daemon se remexeu incomodado por não poder lê-la. Geralmente, sua esposa era um livro aberto que ele podia manipular como bem entendesse, e ele não gostou de estar errado quanto a isso também.

"Não pedi por uma explicação pela maneira que você me trata e aos seus deveres no Vale. Perguntei, o que você quer?" perguntou de novo, muito mais exigente, mas seu tom, além de brusco, não continha nenhuma emoção que ele pudesse explorar.

"Filhos" Daemon respondeu, rangendo os dentes em frustração "Dois filhos, Rhea. Um Royce e um Targaryen. Se por acaso nós tivermos uma filha, ela se casará com um de seus irmãos" continuou, com a mandíbula tensa e uma carranca pesada enfeitando o rosto.

Rhea continuou perturbadoramente inexpressiva e com as mãos pousadas no colo. Ela o encarou por pouco tempo, antes de retrucá-lo.

"Se tivermos duas filhas invés de dois filhos?" o questionou.

"Então uma carregará o nome Royce e a outra o nome Targaryen" afirmou "Nada muda."

Rhea o olhou por incontáveis segundos, de maneira bastante analítica. Daemon se sentiu imensamente desconfortável, mas não se mexeu ou recuou, então ela assentiu apenas uma vez, visivelmente hesitante.

"Podemos fazer isso. No entanto, assim como você deu suas condições, pretendo dar as minhas" informou, erguendo a mão para calá-lo antes que ele tivesse a chance de falar por cima dela "Eu não quero mais ser chamada por aquele seu insulto. Se você ousar me desonrar com qualquer prostituta durante esse tempo, nenhum dos filhos que você me der se chamará Targaryen. Você permanecerá no Vale e cumprirá seus deveres como Consorte" exigiu, com mais firmeza e força do que qualquer coisa que ela havia dito antes.

Daemon a encarou descontente por longos segundos, pensando em como diabos essa megera podia se tornar ainda mais má quando ele finalmente cede a ela, antes de, a contragosto, dar um único aceno de concordância. Rhea, aparentemente satisfeita, se levantou.

The HeirOnde histórias criam vida. Descubra agora