Normalmente, quando JinYoung era "obrigado" a ficar no café da manhã, era um momento muito desconfortável, porque ele não queria falar e Choi sempre insistia em tentar. Mas, nas duas últimas semanas, o padrasto não tinha feito nenhuma tentativa e, embora ele ainda insistisse para que JinYoung fizesse o desjejum antes de sair para trabalhar, nada além disso fluía.
O assunto da noite em que Choi chegou bêbado dizendo que iria embora nunca mais foi abordado e, se Park não fosse observador suficiente para ver o mais velho organizando-se, tudo pareceria que não passara de um sonho ruim. Mas ele notou Choi começando a procurar casas de cuidados especiais para pessoas nas condições que a esposa encontrava-se, ele reparou que aos poucos o padrasto empacotava seus pertences pessoais, então ele sabia que mais cedo ou mais tarde, restaria apenas ele naquela casa.
Ele queria perguntar, queria entender, queria que o mais velho não se sentisse culpado, porque era culpa sua. Mas ele não tinha coragem de enfrentar isso, então ele apenas deixava o prato na pia e partia para o trabalho. Hoje não seria diferente. Ele deixou o prato na pia e virou-se para sair, mas antes que atravessasse a porta, ouviu a voz do padrasto.
— Hoje eu irei visitar uma casa com cuidadores especializados, você quer vir comigo? — A pergunta fez o coração de JinYoung apertar, ele olhou para trás.
Choi tinha um olhar culpado, doloroso. O olhar de JinYoung não era muito diferente. Ele podia não querer, mas ele sabia que era preciso, porque no momento que os papéis de divórcio fossem legalizados, JinYoung seria tudo o que a mãe dele teria. Então ele assentiu.
— Certo, eu vou até a biblioteca para buscar você.
Assentiu uma única vez antes de ir embora. JinYoung respirou o ar frio que vinha junto da manhã de outono, atordoado, sentindo uma angústia que se apossava de todo seu corpo. Tantos anos passaram e ele empurrou isso, procrastinou sua própria cura, agora ele sentia como se a culpa tivesse lhe apodrecido por dentro. Não fora só a sua voz que o medo e culpa levaram, mas levou também sua vontade de querer avançar na vida.
Era por isso que ele não tentava fazer qualquer coisa com sua vida, não tinha coragem de escrever e tentar publicar suas histórias, escondia seus desenhos e fotografias, não tentou continuar os estudos pra ter alguma formação acadêmica, não se importava em tentar ter um trabalho que lhe fizesse crescer. Ele estava apenas acomodado, a biblioteca era seu refúgio, ou talvez seu cativeiro. Estava preso ao passado, estava preso em qualquer coisa que não lhe fizesse dar passos à frente.
Se ele roubara todos esses anos de sua mãe, quem era ele para ter o direito de viver?
— Você ainda está chateado comigo?
— Não, claro que não, você só me escondeu que iria encontrar sua alma gêmea e ainda levou o BamBam pra conhecer, por que eu, seu melhor amigo, ficaria chateado?
— Jack, já faz duas semanas, ameniza um pouco — BamBam tentou ajudar.
— Foda-se o tempo que faz, ele ainda nem tentou me apresentar o rapaz.
— Como eu vou fazer isso se você nem está falando direito comigo? E, sinceramente? Não quero assustar JinYoung.
— Oh, nossa, quantos anos ele tem? 10? Se ficar assustado comigo ele seria muito fraco mentalmente.
— Porra, Jackson, olhe pra você, olhe o que está dizendo! Pra quê eu vou apresentar JinYoung se for pra você falar coisas desnecessárias assim? Ele não tem que ouvir esse tipo de coisa.
JaeBeom estava preocupado com JinYoung e chateado com Jackson, especialmente porque antigamente seria a Jackson que ele explanaria sua preocupação, mas agora não apenas não tinha a menor vontade, como sabia que se o fizesse, só teria péssimos conselhos.
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Sounds Like You
FanfictionAo vigésimo aniversário, tudo que você cantar, sua alma gêmea pode ouvir. Lim JaeBeom é um aspirante a cantor e compositor, um rapaz cheio de inspiração e paixão. Desde o seu aniversário de vinte anos, todos os dias ele canta para sua alma gêmea, se...