Parte 4: Raul - Capítulo 20

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 Em busca de respostas


Depois do tal encontro inesperado com uma completa estranha, exceto pelo fato de que, pelo menos, sabia o nome dela, conversei um pouco com a Megh. É, depois de quatro anos, a antiga amiga da família continuava trabalhando no THE ENCHANTED LITTLE CORNER OF HOME COOKING — BURFORD*. A Megh me contou as novidades que eu havia perdido quando estava fora de Burford enquanto ela me mostrava o menu. O que nem eram tantas novidades assim, já que é bem difícil acontecer algo interessante na cidade. Com o cardápio em mãos, não demorei muito para fazer o pedido. Um assado de frango acompanhado com purê de batata e uma taça de vinho tinto.

Enquanto eu esperava o meu pedido chegar, Megh continuou a conversar comigo e me ouviu atentamente a minha narração sobre as minhas aventuras vividas em Londres e o tipo de vida que eu levo atualmente.

Foi um certo alívio o fato de contar coisas da minha vida sem sofrer nenhum tipo de julgamento. Acho que foi justamente por esse motivo que contei tudo ― resumidamente, é claro ― sem qualquer tipo de hesitação para a Megh. Porque, sempre senti aquele sentimento maternal me envolver quando estava perto dela. Porque, sempre sentia aquele tipo de sentimento de conforto que nos interligava de alguma forma, como se fossemos uma espécie de mãe e filho. É claro que ela nunca ocuparia o lugar da minha mãe, mas, com apenas 48 anos e sem nenhuma experiência em ser mãe, ela conseguia representar com perfeição o papel de ser a minha segunda mãe.

Então, foi no momento em que a comida que havia pedido ficou pronta e estava sendo colocada na mesa, que o olhar da Megh havia pousado, com certa curiosidade, na agendinha azul que estava bem do lado do guardanapo e da decoração de mesa.

Antes que ela pudesse se afastar para atender outros clientes, entreguei para a Megh a agendinha e disse:

— Quase havia me esquecido de mencionar, que, quando estava entrando no restaurante, acabei esbarrando sem querer com uma jovem que acabou deixando isso cair. Será que, por acaso, conhece uma tal Daisy Austen?

— Isso é... dessa Daisy Austen? ― ela me perguntou com a testa franzida e olhando fixamente para a agendinha azul. Concordei com a cabeça, e logo depois, respondi:

— É o que está escrito na parte dos dados pessoais.

A Megh ficou um tempo encarando o objeto em suas mãos, quase fazendo com que eu enlouquecesse com seu silêncio em que se alastrava longamente com o passar dos segundos. Então, finalmente, ela dirigiu o seu olhar no meu rosto e falou:

— Bom... conheço uma Daisy. Não posso dizer se o sobrenome dela é Austen, mas ela sempre frequenta aqui, além disso, se não me engano, ela deve ter acabado de sair.

— Por acaso é a de cabelo que parecia ser cor marrom dourado, e, que estava com uma blusa vermelha e tinha uma bolsa preta pendurada no ombro?

— Sim, sim! Quer dizer... parece ser ela, sim.

— Você disse que ela sempre frequenta aqui, não é mesmo?

— Sim. Ela sempre vem para cá depois que termina o turno no trabalho. Até onde sei, ela trabalha naquela pousada onde a família Dickens são os donos.

— Já sei do que está falando. A pousada THE TWELVE TOLLS OF THE BELL AND A SONG*.

— Quase havia me esquecido de que você e Oliver Dickens são bem amigos. Bom, é melhor deixar você comer antes que a comida esfrie. Bom apetite.

— Han... Megh? Será que teria algum problema se eu devolvesse a agenda para a legítima dona?

A Megh levou o seu tempo para responder, talvez ponderando se era sensato ou não se fosse eu a pessoa que entregará a agendinha para a garota misteriosa de nome Daisy que trabalha na pousada, em que, atualmente, é o Oliver, meu velho e antigo amigo de escola, que o administra. Mas, ela me entrega a agenda, dando-me essa responsabilidade como se tivesse me entregando uma missão.

Crônicas do Bosque CongeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora