O que será que havia sido
reservado para o meu caminho?
— Mal posso acreditar que vou dar uma voltinha nessa belezura. − disse Christine deslumbradamente quando passei pelo portão e ia em sua direção. Se eu tivesse a ousadia de espiar as janelas das casas que estavam ao redor, as quais que davam para ver perfeitamente atrás dos portões de grades, poderia perceber que a minha irmã não era a única atraída pelo carro. Já estava até imaginando o que a vizinhança iria comentar: "Gente, vocês viram o carrão estacionado na casa dos Johns? De quem será?"
— Finalmente a minha irmã verdadeira deu às caras. Tenho que admitir que aquela impostora que se passou por você, umas horas atrás, é ótima, quase que me enganou. − eu disse brincando. Vê-la tão entusiasmada daquela forma era como se tivesse anulado os anos seguintes da minha partida. Era como assistir um fragmento que não tinha se revelado, até aquele instante, aparecer. Realmente tem coisas que o tempo nunca apaga.
Ao ouvir a minha provocação, ela apenas se limitou em jogar uma mecha do seu cabelo colorido para atrás do ombro e então falou com uma das mãos na cintura:
— Para de fazer graça, Raul. Vamos ou não vamos dar uma voltinha nessa preciosidade? − Nem era preciso colocar um tom de súplica em sua voz na última frase, não enquanto seus olhos já faziam o trabalho completo. Os olhos acinzentados me encaravam em expectativa de diversão. Eram os mesmos olhos da minha mãe. E, de repente, só por um instante, senti uma pequena pontada no peito.
— Vamos, sim, Christ. − respondi por fim, dispersando rapidamente da minha mente aquele pensamento de dor e saudade que acabou de cruzar nas minhas memórias, e então, abri um sorriso.
Com um rápido movimento, eu girei as chaves na minha mão direita, destranquei o carro e entramos, eu no banco do motorista, e ela no banco de carona da frente. Liguei o ponto de ignição e girei o volante, conduzindo a Lamborghini pelas ruas de Burford. E então, as casas com estilos parnasianos começaram a tomar conta enquanto o automóvel passava por elas. Por mais que eu tenha os meus motivos para não gostar de morar na Vila Burford, reconheço que, ao menos, aquela pequena cidade oferecia uma certa comodidade e tranquilidade para aqueles que viviam ali. Algo muito diferente de Londres.
Apesar da grande cidade londrina oferecer mais liberdade de escolha na questão da vida pessoal, também havia seus pontos negativos − as pessoas de lá sempre vivem apressadas, como se cada segundo fosse um diamante que não valesse a pena desperdiçar, além dos grandes engarrafamentos de trânsito e os barulhos estrondosos provocados pelas buzinas de veículos conduzidos por motoristas impacientes.
Enquanto passamos pelas avenidas Miller Gilbert, Hans Bennett e George Green, Christine me conta tudo sobre a sua banda, como o tal Bill é um egocêntrico arrogante na bateria, como a Valerie, que é a vocalista, tem uma voz tão potente que poderia quebrar uma taça, literalmente falando, e, como a compositora das músicas em que eles ensaiam é tão talentosa e tímida que ninguém do grupo sabe de fato qual é o nome dela, apenas a chamam de A Lendária Poetisa e que só dá as caras somente para mostrar uma nova letra trabalhada. E outras infinidades de coisas que saiam da boca da minha irmã, as quais eu não prestei muita atenção para poder decifrar as palavras em que haviam sido ditas.
No momento que a ouvia, ou, ao menos, tentava ouvi-la, eu concentrava o meu olhar no caminho à frente − não que precisasse de fato prestar atenção na estrada, já que estava muito familiarizado com as ruelas em questão — mas, porque, havia algo que me deixou desnorteado. Não sabia o que era e nem explicar o porquê me sentia assim. Só sabia que estava sentindo um forte pressentimento, apesar que não conseguia identificar se aquilo era bom ou não.
Pois é... o que será que havia sido reservado para o meu caminho? Eu ainda não sabia, mas estava disposto a descobrir.
— Mal posso acreditar que vou dar uma voltinha nessa belezura. − disse Christine deslumbradamente quando passei pelo portão e ia em sua direção. Se eu tivesse a ousadia de espiar as janelas das casas que estavam ao redor, as quais que davam para ver perfeitamente atrás dos portões de grades, poderia perceber que a minha irmã não era a única atraída pelo carro. Já estava até imaginando o que a vizinhança iria comentar: "Gente, vocês viram o carrão estacionado na casa dos Johns? De quem será?"
— Finalmente a minha irmã verdadeira deu às caras. Tenho que admitir que aquela impostora que se passou por você, umas horas atrás, é ótima, quase que me enganou. − eu disse brincando. Vê-la tão entusiasmada daquela forma era como se tivesse anulado os anos seguintes da minha partida. Era como assistir um fragmento que não tinha se revelado, até aquele instante, aparecer. Realmente tem coisas que o tempo nunca apaga.
Ao ouvir a minha provocação, ela apenas se limitou em jogar uma mecha do seu cabelo colorido para atrás do ombro e então falou com uma das mãos na cintura:
— Para de fazer graça, Raul. Vamos ou não vamos dar uma voltinha nessa preciosidade? − Nem era preciso colocar um tom de súplica em sua voz na última frase, não enquanto seus olhos já faziam o trabalho completo. Os olhos acinzentados me encaravam em expectativa de diversão. Eram os mesmos olhos da minha mãe. E, de repente, só por um instante, senti uma pequena pontada no peito.
— Vamos, sim, Christ. − respondi por fim, dispersando rapidamente da minha mente aquele pensamento de dor e saudade que acabou de cruzar nas minhas memórias, e então, abri um sorriso.
Com um rápido movimento, eu girei as chaves na minha mão direita, destranquei o carro e entramos, eu no banco do motorista, e ela no banco de carona da frente. Liguei o ponto de ignição e girei o volante, conduzindo a Lamborghini pelas ruas de Burford. E então, as casas com estilos parnasianos começaram a tomar conta enquanto o automóvel passava por elas. Por mais que eu tenha os meus motivos para não gostar de morar na Vila Burford, reconheço que, ao menos, aquela pequena cidade oferecia uma certa comodidade e tranquilidade para aqueles que viviam ali. Algo muito diferente de Londres.
Apesar da grande cidade londrina oferecer mais liberdade de escolha na questão da vida pessoal, também havia seus pontos negativos − as pessoas de lá sempre vivem apressadas, como se cada segundo fosse um diamante que não valesse a pena desperdiçar, além dos grandes engarrafamentos nos trânsitos e os barulhos estrondosos provocados pelas buzinas de veículos conduzidos por motoristas impacientes.
Enquanto passamos pelas avenidas Miller Gilbert, Hans Bennett e George Green, Christine me conta tudo sobre a sua banda, como o tal Bill é um egocêntrico arrogante na bateria, como a Valerie, que é a vocalista, tem uma voz tão potente que poderia quebrar uma taça, literalmente falando, e, como a compositora das músicas em que eles ensaiam é tão talentosa e tímida que ninguém do grupo sabe de fato qual é o nome dela, apenas a chamam de A Lendária Poetisa e que só dá as caras somente para mostrar uma nova letra trabalhada. E outras infinidades de coisas que saiam da boca da minha irmã, as quais eu não prestei muita atenção para poder decifrar as palavras em que haviam sido ditas.
No momento que a ouvia, ou, ao menos, tentava ouvi-la, eu concentrava o meu olhar no caminho à frente − não que precisasse de fato prestar atenção na estrada, já que estava muito familiarizado com as ruelas em questão — mas, porque, havia algo que me deixou desnorteado. Não sabia o que era e nem explicar o porquê me sentia assim. Só sabia que estava sentindo um forte pressentimento, apesar que não conseguia identificar se aquilo era bom ou não.
Pois é... o que será que o havia sido reservado para o meu caminho? Eu ainda não sabia, mas estava disposto a descobrir.
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Crônicas do Bosque Congelado
FantasyEm uma situação onde a vida de alguém importante pendesse por um fio, você ousaria fazer um pacto com um bosque encantado? Foi exatamente essa escolha que Dafne fez para salvar a irmã de uma doença que assolava a Inglaterra do século XX. ...