Parte 6: Raul - Capítulo 29

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O fim de um dia longo,
cheio de descobertas
e de acontecimentos


Depois de ler aquele tesouro cheio de descobertas, eu me encontrava cansado e com fome. Depois do almoço na casa dos Johns, não comi mais nada.

Tomei um banho relaxante, e, agora, um pouco mais relaxado, a ideia de ir ao restaurante, onde a Megh trabalha, parece ser bem convidativa.

Como já são às 20:23, tendo em vista que se passou vinte e três minutos do término do horário de funcionamento da pousada, terei que levar a chave do quarto.

Saio do quarto, e, ao passar pela recepção, a encontro vazia. A porta de entrada principal é automática, então fica acessível aos hóspedes 24h. Mas sempre tem dois vigias noturnos do lado de fora, prontos para qualquer sinal de fumaça.

Passo por eles, fazendo um sinal de cabeça e eles me respondem com o mesmo gesto. Chego no estacionamento, e, ao adentrar no meu carro, não consigo conter a ansiedade de estar logo no meu destino. Coloco a chave do carro na ignição e dou partida, segurando o volante com tranquilidade enquanto passo pelas ruas comerciais de Burford.

- ∞ ❄ ∞ -

Cheguei ao lugar esperado com uma boa sessão de tranquilidade. Um bom vinho e uma boa comida é tudo que preciso agora.

Nem é necessário dizer que, ao adentrar o lugar, o encontrei abarrotado de gente. Bom, O CANTO ENCANTADO DA COZINHA CASEIRA* é o restaurante mais famoso da cidade. O lugar sabe combinar o rústico com o refinado, além da comida parecer ter vindo dos céus. Então não é surpresa que todos, tanto da região quanto os turistas, tenham esse restaurante como o favorito da cidade.

Felizmente, havia algumas mesas desocupadas, mesmo que o estabelecimento estivesse cheio. A grande questão é a espera do meu pedido ficar pronto. Mas a espera vale a pena. Só tenho que imaginar o prêmio que saborearei enquanto espero o pedido chegar na minha mesa.

Sentei em uma mesa posta no canto esquerdo do restaurante. Passo um rápido olhar pelo estabelecimento à procura da Megh, mas não consigo encontrá-la. Deve ser que ela tenha terminado o seu turno no horário da tarde. O funcionamento do restaurante começa às nove da manhã e termina às dez da noite.

Vejo um funcionário por perto, transitando com uma bandeja com um pedido de um cliente, e não perco tempo ao abordá-lo. O garçom pede para esperar uns minutos para poder entregar o pedido em uma das mesas próximas à minha. Assim que entrega o pedido para o cliente respectivamente, volta à minha mesa para anotar o pedido.

Peço ao garçom uma taça de vinho branco com um prato de filé de frango acompanhado com purê de batatas e aspargos. Logo o funcionário se afasta, transitando por entre as mesas como se fosse um tipo de circuito com obstáculos.

Enquanto espero o pedido chegar na minha mesa, observo o meu entorno novamente. Foi então que percebi que alguém, de uma das mesas do canto contrário ao meu, começa a transitar pelo recinto, indo em direção, ao que parece, ao palco improvisado que está no canto direito à frente, do lado do balcão onde sai os pedidos e próximo aos banheiros.

Esse palco é onde os cantores contratados pelo restaurante cantam em dias festivos, mas sempre deixa acessível aos clientes que querem cantar ou contar algo para o público daquele espaço. A pessoa em questão, que subiu no palco e engatou o celular na caixa de som, se trata justamente da Valerie, a vocalista da banda da Christine.

Ao voltar o meu olhar para o ponto em que se encontra a mesa da Valerie, vejo duas garotas: uma loira, quase platinada e de cabelo liso, com olhos azuis-celestes e vestido bem decotado de um vermelho berrante; e a outra, de cabelo escuro igual a Daisy Austen. O melhor, é a Daisy Austen, com o seu característico vestuário da manhã, de calça jeans escura com blusa de chifom roxa.

— Boa noite a todos e a todas. Hoje, a minha amada amiga não teve um ótimo dia, então estarei dedicando essa canção a ela para, que ao menos, a sua noite não seja tão frustrante como foi durante o dia. Alegrasse, amada amiga, que a noite é uma criança! - disse a Valerie ao microfone. Acho que sei qual amiga ela estava se referindo, mas é apenas uma suspeita, afinal, não sei nada a respeito da garota do vestido chamativo sentada ao lado da Daisy.

Valerie dá um play na música do celular conectado à caixa de som. A música dedicada é "Roar" da Katy Perry. O que é bem irônico.

Definitivamente a canção é dedicada a Daisy. Ou melhor, é como se estivesse sendo cantada pela própria Daisy.

Valerie conhece bem a amiga que tem. E canta muito bem. Chega bem perto da cantora original. Se a música não fosse famosa, com certeza a Valerie faria sucesso com essa música.

Meu olhar recai na mesa da Valerie durante a canção e vejo as reações de suas amigas, a loira toda empolgada cantando junto e Daisy com cara de irritação. Pergunto o porquê da Daisy se comportar assim. Ela não dá espaço para os outros conhecê-la tal como é. Mas, pelas letras das canções na agendinha, demonstra que ela não é tão insensível como tenta aparentar.

A música acaba, todos a aplaudem e Valerie agradece ao público e volta para a sua mesa como se estivesse ganhando um Oscar.

O burburinho característico de um restaurante volta a preencher o lugar. Volto a encarar a mesa da Valerie, mas o meu olhar não passa despercebido, pois, a Valerie, que provavelmente tinha se precatado da minha presença no restaurante quando voltava para a sua mesa, levantou a mão em saudação.

Repito o gesto. Ambas as amigas da Valerie me encaram. A loira me olha com uma expressão curiosa, já a Daisy me olha com uma cara de poucos amigos.

Daisy, então, começa a se levantar, porém a garota de vestido chamativo a segura pelo braço para impedi-la de sair da mesa. Valerie fala algo para Daisy e Daisy balança a cabeça de maneira afirmativa.

Queria muito saber o que está acontecendo naquela mesa.

Chega o garçom com meu pedido, roubando assim a minha atenção da mesa da Valerie.

Mal o prato chega na minha mesa, eu começo a atacá-lo. A comida está deliciosa, e acompanhada com uma taça de vinho, melhor ainda.

Entre grafadas, olho o meu entorno mais uma vez. Vejo pessoas conversando ou mexendo no celular enquanto esperam o pedido chegar, outras desfrutando da boa comida ou dando risadas. É um ambiente leve e descontraído, ideal para finalizar o dia longo e exaustivo de trabalho.

Aproveito a comida, saboreando-a e comendo-a sem pressa. Era tudo que precisava.

A Valerie, juntamente com a garota do vestido chamativo e Daisy Austen, saem da mesa e caminham em direção à porta de entrada/saída do restaurante, não sem antes de passarem rapidamente pela minha mesa. Valerie dá um tchauzinho com a mão, a loira dá uma piscadinha para mim e a Daisy apenas me ignora.

A ousada, a contagiante e a... simplesmente Daisy. É um trio estranho de amigas, mas não deixa de ser interessante. Fazer o quê... amizade é amizade.

E é assim que termino a segunda-feira, cheia de descobertas, com muitos acontecimentos e extremamente longa. Só esperava que a terça-feira fosse bem menos tumultuada. 

 

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Crônicas do Bosque CongeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora