6. Encontros inesperados na Floresta Vermelha

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— Bom, então nos separamos aqui. — Li Yue anunciou no dia seguinte em frente à pousada. Wen Tao permanecia de braços cruzados e com a cara de impaciente.

O Ex-Luar Branco sentiu que sua despedida foi um pouco seca, Wen Tao era muito jovem e seria bom para a sua formação ouvir palavras sábias. Encheu o peito e disse:

— Durma e alimente-se bem, estude com diligência, obedeça seus pais. — Li Yue parou para pensar um pouco... oh! Como pôde esquecer o mais importante? — E não se case antes dos trinta anos. É um erro.

Wen Tao achou ele muito estúpido. Todos os bruxos eram desse jeito? Revirou os olhos.

Li Yue se divertiu com a energia do adolescente, ele era como um gato arrogante, bagunçou os cabelos dele sem avisar.

— O que está fazendo?! — Wen Tao desviou indignado.

Li Yue riu e disse:

— Aproveite sua infância. Até logo!

E saiu correndo pela e montou na espada. Enquanto via o bruxo desaparecer entre as nuvens, as palavras dele ficaram na mente de Wen Tao.

***

O próximo ponto de Li Yue era a Floresta Vermelha que ficava na região e adivinhe só? Era completamente vermelha o ano todo! Sem dúvidas era algo a se notar.

Diziam que a Floresta Vermelha era repleta de animais espirituais e bestas demoníacas. Li Yue estava contando com um desafio ali!

Não demorou para avistar no horizonte o largo e longo tapete carmim que a floresta formava. Banhada sobre o sol parecia feita de cobre.

Li Yue desceu entre as altas árvores e pousou no chão coberto de folhas secas que quebravam sob seus passos. Para uma pessoa comum seria um lugar silencioso, mas para os ouvidos afiados de cultivador e bruxo, o lugar era como uma sinfonia da vida selvagem.

Todas as plantas do lugar, independente da espécie, tinham folhas vermelhas e troncos brancos, porém a grama era verde e quando atingia uma determinada altura, suas folhas começavam a avermelhar. Li Yue concluiu que devia ser algo no solo.

A energia espiritual era abundante, muitos cultivadores deveriam vir aqui e o Ex-Luar Branco não acreditou que demorou tanto para vir e dar uma olhada por si mesmo. Sentou-se em um pedaço de tronco morto no chão.

Na natureza era onde ele se sentia mais em paz e tranquilo, talvez seja porque ele viveu grande parte da sua vida em uma montanha repleta de animais selvagens e árvores tão velhas quanto o tempo. Era quase como se nunca tivesse partido, podia até mesmo ouvir a guqin da tia sendo tocada à distância.

Suspirou e cultivou.

Cultivação terminada, ele tirou a caixa de bambu da bolsa qiankun e colocou-a no colo. Ele encarou a caixa e ela encarou-o de volta.

Li Yue tinha medo. Muito medo. O que aquele remédio faria com o seu corpo? Ele prometia alongar sua vida, mas pedia seu bem-estar em troca. Abriu a caixa e os frascos cheios de pílulas brilharam, tomar o remédio também significava aceitar que estava doente e uma pequenina e teimosa parte dentro de si ainda estava em negação. Pegou um dos frascos.

Então, entre o farfalhar de folhas e o chilrear dos pássaros, ouvi um ganido fraco. Aguçou mais os ouvidos e o ganido ficou mais claro e desesperado.

Li Yue guardou a caixa batendo a tampa e seguiu o som daquela criatura sofrendo. Depois de andar cautelosamente por uns minutos, encontrou um amontoado de pelos sujos escondido debaixo de várias folhas velhas.

Jogou as folhas para longe e o animal embaixo ao vê-lo aumentou os ganidos e tentou arrastar-se para longe. Os gritos de dor triplicaram e Li Yue percebeu que somente as patas dianteiras do animal mexiam, as traseiras estavam imóveis assim como o rabo. Uma parte da coluna do animal estava em uma direção estranha como um brinquedo quebrado, Li Yue pôde ver pelo nó da vértebra sob a pele.

O EX-LUAR BRANCO DÁ UMA VIRADA!Onde histórias criam vida. Descubra agora