7. Um pequeno desvio pela montanha

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— Você não ia para a Cidade das Termas de Jasmim? Por que dobrou pra aí?

— Vamos! — Li Yue acenou seguindo pela ramificação. — Vai ser legal!

Wen Tao revirou os olhos e seguiu o bruxo cultivador.

A estrada subia e subia parecendo uma eterna ladeira, as coxas de Wen Tao latejavam, já estavam subindo a quase duas horas. O discípulo achou incrível como Li Yue não perdia o entusiasmo metros à frente. O único infeliz com esse desvio pelo visto era ele, Baozi arfava contente com a língua para fora na trouxa presa ao peito de Li Yue. É claro! Não precisava andar!

— Vamos, Wen Tao! Nós ainda temos que escalar! — Li Yue apontou no horizonte para uma montanha com o pico nevado.

— O quê? — A qualquer momento suas pernas cederiam ao chão. — Não podemos ir nas espadas?

— Aya! Que graça tem ir a uma montanha se não for para escalar? Vamos! Você não vai se arrepender!

Wen Tao choramingou, mas continuou seguindo.

***

Suas mãos estavam cheias de novos calos e arranhões, escorregou muito e teria caído se Li Yue não tivesse segurado-o em todas as vezes. Ele devia ser um especialista nisso ou algo do tipo. Escalaram pedras, cruzaram grossas camadas de neve que os afundaram até a cintura e espantaram os pássaros que tentaram atacar por estarem perto demais dos ninhos, então finalmente chegaram ao topo.

Era uma visão majestosa. Achou que poderia ver o mundo todo dali.

As montanhas ao redor eram tão imponentes quanto, apesar de não serem tão altas quanto a que escalaram. De repente, chamas laranjas surgiram dos picos nevados lambendo-os. Como era possível?!

— As montanhas estão pegando fogo?! Na neve?!

Li Yue riu e explicou:

— É só um truque de quando a luz do sol cruza com as nuvens nos picos.

— Ah. — Era bonito.

— Você ainda não viu nada. Vamos, sente-se. — Li Yue tirou a capa, estendeu-a no chão e sentou sobre ela.

Wen Tao que estava prestes a desabar, sentou ao seu lado. Baozi saiu da trouxa improvisada e ficou entre os dois. Usavam a cultivação para se aquecerem, Baozi não se importava muito com o frio com aquela grossa camada de pêlos que o cobria.

O sol começou a se pôr, então o mundo foi banhado de laranja enquanto as nuvens eram tiras de fogo no céu que escurecia. O canto dos pássaros reverberou por todo o vale, eles vinham de todas as direções e cruzavam os céus deixando suas plumas serem iluminadas pelo o que restava da luz quente, eram como pura seda, eles retornavam para os ninhos. Muitos passavam apenas a alguns metros acima de suas cabeças, Baozi ficou de pé nas patas traseiras tentando inútilmente capturá-los abocanhando o ar.

Era realmente lindo, Wen Tao passou algumas vezes por esse pequeno conjunto de montanhas, mas nunca pensou em escalá-las. Talvez, só talvez, o desvio tenha valido a pena. Suspirou:

— Aqui é muito bonito... por que você tá chorando?! —

Li Yue enxugava as lágrimas do rosto com as costas da mão.

Estava vivo, estava vivendo.

— É muito bonito... — explicou entre soluços e fungadas. — É muito bonito mesmo...

Por que demorou tanto para vir? Como pôde deixar passar isso tantas vezes? Seu rosto estava vermelho e inchado pelo choro, mas as lágrimas não acabavam. Sempre foi um chorão com orgulho. O sol aquecia seu rosto e corpo, tudo era tão lindo e único igual ao que leu na descrição do monge. Estava feliz por estar aqui, estava feliz por finalmente realizar esse sonho. As coisas belas e brilhantes do mundo foram feitas para serem apreciadas.

Estava feliz por estar aqui com Wen Tao e Baozi.

Estava feliz.

Mas uma pequena parte do seu coração, bem pequenina, sentia que faltava alguém.


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Obrigado por lerem.

Bjinhus!

O EX-LUAR BRANCO DÁ UMA VIRADA!Onde histórias criam vida. Descubra agora