12. Tudo que vai, volta

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Madame Li passou boa parte do dia sentada perto da janela que dava para observar toda a entrada da montanha. Lá embaixo era possível ver o pequeno acampamento que He Ruocheng e seus homens inúteis e desprezíveis montaram, no entanto, não eram eles que a imortal observava. Seus olhos cinzentos estavam no horizonte frio além das nuvens e montanhas.

— Percebe como Li Yue não tem a mínima piedade filial, Minghua?

Ela sempre sabia quando Li Minghua estava por perto. Continuou a falar:

— Li Yue largou aquele lixo e não teve a decência de voltar para casa.

— Mas a senhora expulsou ele...

— Não interessa! — Madame Li dilatou as narinas irritada.

— Então a senhora perdoaria ele?

— Estou disposta a relevar algumas coisas — Ergueu a mão para dar ênfase. — Mas é claro que ele teria que fazer por onde.

— Seria bom A-li retornar. A montanha não é a mesma sem ele.

A-Li desceu da montanha pela última vez há quinze anos e todos os dias Minghua sentia falta daquele brotinho que devia ser um adulto agora. He Ruocheng sem dúvidas estava mudado, um homem bonito e imponente, bem diferente do adolescente de bochechas rosadas que chegou implorando pela vida de A-Li desmaiado em seus braços.

Li Minghua decidiu expôr seus pensamentos:

— Eu pensei que He Ruocheng estivesse trazendo as cinzas de A-Li.

Madame Li não disse nada, porém Minghua sabia que ela pensou o mesmo quando viram a comitiva pelo espelho de comunicação no salão. Esse foi o único motivo porque ela permitiu a entrada de He Ruocheng. As duas estavam aliviadas ao verem que não se tratava disso porque, senão, o marido de A-Li não estaria tão calmo.

Quando ele veio há quinze anos, estava à beira da loucura. Madame Li não queria deixá-lo entrar, Minghua precisou desobedecê-la e abriu a entrada. Madame Li veio furiosa prestes a derrubar os céus, mas quando viu o estado de A-Li, sua expressão falhou por um segundo. He Ruocheng jogou-se aos seus pés desesperado dizendo que faria qualquer coisa para salvá-lo.

Madame Li propôs uma disputa, se ele conseguisse acertar um golpe nela, ela curaria A-Li, caso ele não conseguisse, então He Ruocheng deveria acabar com a própria vida ali.

O que Madame Li fez com He Ruocheng durante a disputa foi totalmente desumano, ele apanhava mais que um boneco de treino. Ela quebrou um braço dele e várias costelas, fez ele sangrar pelos sete orifícios do rosto e ainda prejudicou sua cultivação enquanto humilhava-o de todas as maneiras. Minghua não conseguiu manter os olhos abertos durante a disputa várias vezes.

No entanto, He Ruocheng acertou um golpe. Um único golpe. Sua espada cortou apenas alguns fios de cabelo da imortal, mas regras eram regras. Madame Li curou A-Li da flor-da-morte. E Li Minghua curou He Ruocheng dos ferimentos.

A-Li não acordou curado na montanha, assim que Madame Li fez o que prometeu, expulsou os dois. Minghua secretamente deu para He Ruocheng um amuleto contra o frio e os perigos.

Alguns achariam que Madame Li não a perdoaria pelas suas atitudes, mas não havia nada para perdoar ali porque Minghua sabia que Madame Li havia permitido tudo aquilo assim como permitiu que He Ruocheng acertasse aquele golpe.

Minghua sentou-se ao lado da imortal na janela e passou a olhar para o mesmo horizonte que ela além das nuvens e das montanhas.

***

He Ruocheng estava sentado em uma pedra há mais de uma hora olhando para o nada. Song Qingshan após andar pelas redondezas, porque não teria outra oportunidade de conhecer a Montanha do Eterno Verão, voltou para falar com o melhor amigo.

O EX-LUAR BRANCO DÁ UMA VIRADA!Onde histórias criam vida. Descubra agora