Estava tudo escuro, apenas uma luz fraca surgia de algum lugar irradiando a pele de Vi. Seu rosto não era visível, ela estava de costas, afastando-se da azulada que só tinha ela como algo para se nortear no ambiente banhado pelas sombras.
Tentava correr, alcançá-la, mas era como se não pudesse sair do lugar. Aos poucos via a única luz que havia ali sumindo, se tornando apenas um pequeno ponto conforme ela se distanciava.
Não demorou muito para acordar, um tanto perturbada. Depois disso, a Warwick tornou-se uma figura frequente em seus sonhos, porém, sempre fora de cena, sempre fora de seu alcance.
O mês seguinte do acidente foi tenso, inquietante, e no início, constrangedor.
Para seu eterno desgosto, ela se encontrava sendo o centro das atenções, e Jayce Talis, estava literalmente impossível, de todas as formas. Ele lhe seguia por toda e qualquer parte. Tentava se redimir fazendo pequenos favores como abrir a porta, dar a vez para ela passar...
Claro que, enquanto ele implorava perdão, ela implorava para que a escutasse. Tentou lhe dizer que tudo que mais queria era que esquecesse aquilo tudo. Mas adiantou?
Obviamente não.
A mesa durante o horário de almoço vivia lotada. Quase todos que se sentavam com elas queriam saber um relato da boca da Kiramman. Mesmo já sabendo da história, que, por ser em cidade pequena, se espalhou rápido. Seraphine ajudava mandando-os embora, e Lux não ficava atrás. Já Ahri, nem conversava, ela soltava xingamentos e insultos ficando puta em poucos segundos. Isso deixou Caitlyn inquieta. Agora parecia que elas eram suas guarda-costas, e em tese, eram sim.
Preocupada porque fazendo parte da lista das coisas que odeia, ser o centro das atenções era uma dessas coisas. Ela só queria ser invisível.
Por que tinha que ser tão impossível?
Mais ninguém parecia se importar com Vi, sendo que nas entrevistas com os inúmeros curiosos, Caitlyn explicava milhões de vezes que era a Warwick a heroína ali. Que lhe tirou do caminho e quase foi atropelada também.
A Kiramman se perguntava porque nenhuma outra pessoa a vira parada tão longe. Então percebeu que mais ninguém tinha ciência da presença de Vi como ela tinha. Talvez tivesse ficado tão obcecada com isso que não notou que somente ela própria a observava daquele jeito.
Assim como a Zaunita também não ficou cercada de curiosos para saber mais detalhes daquele inesquecível acidente. Todos a evitavam, como sempre foi. Os Warwick sentavam no lugar de costume, sem comer, como sempre também, apenas observando desconfiados.
Nenhum dos cinco irmãos, em especial a rosada, voltou a olhar para a Piltovense novamente.
Quando ela sentou-se ao seu lado na aula de biologia, o mais distante que as cadeiras permitiam, parecia esquecer completamente sua presença ali. Isso até o momento em que seus punhos ficavam cerrados, revelando os tendões firmes. Perguntava-se se ela estava assim tão distraída quanto pensava.
A mais alta não queria ter lhe tirado do caminho da van. Não havia outra explicação coerente pela forma que lhe tratou depois disso.
Fora isso, Cait ainda estava com raiva por não ter tido sua explicação vinda da outra, embora cumprisse sua parte do trato. Mas da noite para o dia, toda essa irritação foi drasticamente substituída pela eterna gratidão que sentiu ao estar viva sem nenhum arranhão.
O último contato que tiveram juntas foi na semana seguinte ao acidente, onde novamente numa aula de biologia, Caitlyn lançou um simpático "oi" para a rosada, recebendo um breve aceno dela.
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Alvorada
Teen Fiction- Nunca pedi pra ser do jeito que sou - Revelou, olhando em seu rosto de forma sofrida e cansada - Eu queria ter uma vida normal. Mas não posso. E se formos atrás disso só vou estar te iludindo mais, Cait. - Eu mesma faço isso sem sua ajuda - Sorriu...