Explicações

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Cait estava na janela do outro lado da parede, com os braços cruzados, observando a paisagem da floresta fria e nebulosa.

Ela estava deslumbrante, o cabelo solto sendo soprado pela brisa. Seu corpo esculpido relaxando no parapeito.

Sua imagem exalava uma sensação de calmaria inexplicável. Farejando o ar, sentiu o cheiro da sua tranquilidade. Ele era doce e fresco. Um odor único. Provavelmente seu favorito até agora, de todos os outros que ela possuía.

Talvez não fosse tão difícil assim ir contra a vontade de comê-la.

Não era uma pessoa ruim. Achava que era a humana mais pura que já tinha conhecido.

Assim que se virou, os olhos cristalinos encarando de volta, deu um leve sorriso.

– Você voltou – Ela disse – Como foi lá?

– Tranquilo – Mentiu, a fim de esconder suas mãos tremendo (que ela não fazia ideia do porquê) – E aqui?

– Eh... nada demais, na verdade. Ekko saiu atrás da Jinx – Cerrou os olhos – Ele falava dela de um jeito tão fofo. Ele gosta dela?

Vi sorriu, serena.

– Gosta – Lembrou do garoto contando aquilo, todo sorridente, porém apreensivo – Mas se sente errado, porque nós somos uma família.

– Mas não do mesmo sangue. Só consideração, né?

– É, e mesmo assim... Pra ele é mais fácil se apaixonar por alguém da mesma espécie do que uma humana – Sua voz saiu mais grave, como se seu corpo sentisse o peso disso.

– Você... já se envolveu com alguma loba? – Ela perguntou tímida, sem olhar nos seus olhos.

– Nunca me envolvi com ninguém assim tão sério – Lhe fitou de cima a baixo, disfarçadamente – Só você.

Caitlyn comprimiu os lábios, desviando suas orbes para o chão, envergonhada.

– Bom, acho que eu posso dizer o mesmo.

– Eu posso gostar disso? – Perguntou curiosa, sorrindo um pouco – Ou pra vocês humanos não soa muito legal?

A azulada não conteve o riso, evitando seu olhar.

– Por mim, pode. Mas tem gente que acha meio... possessivo – Cerrou os olhos.

Vi se aproximou devagarinho, ficando de frente com a garota. Inclinou de leve a cabeça, espelhando seu gesto. Mordeu os lábios, como se contivesse seu desejo estando tão próxima do corpo dela.

– Então talvez eu seja possessiva – Sussurrou, perigosamente perto.

– Talvez eu tenha que concordar – Tentou devolver, sem muitas forças.

– E isso é ruim? Pra você?

– Você não precisa ler minha mente pra saber o que eu penso – Ergueu mais a cabeça, olhando-a nos olhos.

A Zaunita sorriu, em concordância. Suas pupilas estavam dilatadas num nível desproporcional. Vagarosamente, pairou seus dedos pela lateral do rosto dela, evitando encostar em sua pele.

Ela pareceu perceber:

– Você... pode tocar em mim, sabe... – Não queria que sua fala carregasse aquele maldito duplo sentido.

– Prefiro ir devagar com isso – Suas orbes brilharam – É novidade pra mim. Preciso ir com calma. Já perdi demais minha linha com você hoje.

– Certo... Vamos começar com o básico, então – Respirou fundo, pegando em suas duas mãos, aos poucos, para não ultrapassar nenhum limite que não fazia ideia se existia ou não – Como tá? A sensação de ter... sua pele na minha?

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