Alvorada

Revelações

Amanhã era o dia do baile.

Foi um tormento para Caitlyn escutar quase a escola inteira falando sobre isso. No fundo, ela queria se sentir pelo menos um pouco empolgada pelas meninas que nem na festa na floresta. Mas a situação era diferente. Aquilo era uma simples festa, sem roupas formais e bebidas chiques. Apenas adolescentes curtindo numa noite gelada e bebendo num copo de plástico nada ecológico.

Ah, e claro, não tinha dança.

A verdade, é que em Piltover ela nunca foi muito sociável. Agora que havia aprendido que também gostava de ter companhia, não queria perdê-las para uma anomalia na personalidade – uma adolescente que parecia ser a única que detestava bailes.

Durante a semana, evitou ficar com elas por causa disso. Mas também evitou um pouco Vi por suas desconfianças. Não o bastante para ela não ficar desconfiada. Mas aceitava de bom grado as caronas que lhe oferecera.

Vi se mostrou interessada em saber cada minucioso detalhe de sua existência nas poucas vezes que haviam conversado. Como por exemplo, lugares que foi ou que queria conhecer, músicas e bandas que ouvia, filmes que detestava, livros que adorava...

No começo, Caitlyn achava que poderia frustrá-la com respostas simples, mas a rosada sempre encarava fixamente seus olhos enquanto respondia.

Quando perguntou o porquê do interesse todo, ela justificou que era para compensar as milhões de perguntas que Cait também fizera. Sabia que estava brincando, e se achou egoísta ao pensar que ela só não queria admitir que tinha interesse genuíno.

– E então? – Começou assim que Cait entrou no carro, indo em direção à escola – Amanhã ainda tá de pé?

– Claro, por que não estaria?

– Ainda acho que devia falar com Tobias – Ignorou sua pergunta, fazendo-a fechar a cara.

– Ele nem vai estar em casa mesmo – Disse baixo, achando que ela não ouviria

– Espera – Desacelerou, parando num semáforo e lhe encarando – Ele não vai estar em casa?

– Nem na cidade, na verdade.

– Tá brincando? – Ficou alternando entre seu rosto e o sinal – O que ele vai pensar se você não voltar?

– Ele sabe que vou lavar a roupa amanhã. Vai ver, pense que eu caí na máquina, o que acha?

Vi revirou os olhos.

Geralmente era assim: ambas implicam uma com a outra, depois mudam de assunto, depois o clima fica intenso... Um mix de emoções todos os dias.

Por mais repetitivo que fosse, a azulada gostava.

O resto do caminho foi em silêncio. Desconfortável, mas rotineiro. Ficaram assim até chegarem. Nos corredores, a Piltovense avistou Ahri com Yasuo, sorrindo para eles de leve.

– Cait! – Lux se aproximou delas, agitada – Depois você diz pra Seraphine que o sapato que ela quer usar amanhã não combina com a roupa dela, porque ela não me ouve por nada?

– Claro, falo com ela – Seraphine às vezes tinha um gosto duvidoso para algumas coisas.

– E, Vi – Ela teve que olhar para cima, por ser tão baixa – Você vai no baile?

– Na verdade, eu tenho uns compromissos – Olhou de relance para a azulada – Então não vai dar.

– Hmm – Lux estreitou os olhos, alternando entre as duas – Vocês duas então têm compromissos bem na noite do baile?