Afirmações

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Era domingo.

O dia mais fodido da semana. Só não ganhava de segunda-feira, claro. Teria que lidar com toda essa confusão emocional do dia anterior, que foi um desastre completo. O dia mais... emocionante da sua vida, afirmaria. Mas não aquele emocionante legal. E sim o pavoroso, agitado, confuso... a merda toda!

Caitlyn estava com raiva. Não sabia em quem acreditar ou no que acreditar. Se lembrou então das incontáveis vezes que repetiu para si mesma que tiraria todas as dúvidas sobre Vi e os Warwick. Prometeu para ela própria, inclusive. Mas agora que tudo se esclareceu... não queria ter corrido atrás daquelas malditas respostas. Era tudo mais fácil quando seus problemas eram Vi lhe ignorando ou sem um bom-humor, e não uma vampira maluca atrás de si e a loba lhe provocando tantas sensações!

Ainda estava na cama, debaixo das cobertas. Sabia que ainda era de manhã pela luz fraca da janela. Se pudesse, ficaria ali o dia todo, mas por fim se obrigou a pôr-se de pé.

Podia estar destruída emocionalmente, mas jamais transpareceria isso para Tobias. Conhecendo ele, e sua incrível persuasão quando sabia de algo pela metade e queria entender melhor, não conseguiria mentir e acabaria falando toda a verdade.

E no momento, ele não precisava saber de nada sobre aquele maldito mundo mítico vagabundo...

– Cait?

Caitlyn deu um pulo vendo Vi parada ao lado de sua janela. Havia acabado de sair do banheiro, completamente despreocupada e cansada.

Será que a conversa de ontem não foi esclarecedora o suficiente?

– Meu pai... – Se lembrou, ele devia estar tomando café ou se arrumando para sair. O que quer que fosse, não seria nada bom se visse a Zaunita em seu quarto.

– Ele saiu faz meia hora – Assegurou, ainda distante – Só tem a gente aqui.

Silêncio. Constrangimento. Não sabia o que dizer. Por que ela estava ali? Era para foder um pouquinho mais com seu emocional?

Tinha se preparado para vê-la segunda-feira nas aulas, e não ali em seu quarto pela manhã de domingo.

– Eu... sei que tá confusa. Mas queria que me desse uma chance pra me explicar – Pediu, os olhos ardendo para si – Se não me quiser aqui, vou na mesma hora, não se preocupa.

Sim. Ela estava confusa. Como nunca antes. Não sabia se era certo deixá-la ficar para que se explicasse. Mas, ao mesmo tempo, teriam que ter essa conversa uma hora ou outra.

O que tinha a perder?

– Tudo bem... Pode ficar, não se preocupa.

A Warwick assentiu com calma.

– Não te culpo por ficar em dúvida com... o que eu posso acabar fazendo, ou o meu controle questionável... tanto faz – Começou, cautelosa – Você tem razão. Eu dou motivos. Não me importo se quiser distância a partir de agora.

– Mas você se importa – Pontuou, sem saber o porquê deu uma entonação triste na frase.

– O que eu quero não importa, Cait. E sim o que você quer. Nem que eu tenha que mover montanhas pra me manter longe de você caso queira – Sua fala saiu tão intensa quanto seu olhar cinzento.

Tá bom... Talvez seu orgulho e excesso de preocupação tenha derretido um pouco. Sentiu o coração dando uma amolecida.

– Se vai fazer o que eu quero... então a última coisa que eu vou querer é distância de você – Por fim disse, olhando para o chão – Só um pouco de tempo, talvez... Mas não quero que fique longe, Vi.

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