Quando Caitlyn abriu os olhos, ainda podia sentir Vi por trás de seu corpo, seus braços envolvendo a cintura e seus ombros alinhados com os seus.
Devia estar congelando lá fora pois quando bateu o olho na janela viu uma fina camada da geada – mais branca que de costume – cobrindo suas bordas.
Mas ela não esperou o calafrio da manhã percorrer sua espinha ou eriçar seus pelos.
A Warwick aquecia seus braços e pernas só de estar perto, e como estavam coladas, frio nenhum penetrava aquela barreira. Se essa sua habilidade fosse um pouquinho mais intensa, ali, embaixo das cobertas, facilmente viraria um forno.
Os lábios dela se pronunciaram no ombro nu do suéter que rasgou na noite passada, junto com um leve movimento seu: um aconchego na frágil humana.
Cait virou-se devagar para trás, e ficando de frente com seu corpo, sentiu uma rajada maior de calor, o que a fez se aninhar inconscientemente nela.
– Bom dia pra você também – A azulada brincou, acomodando melhor sua cabeça no peito da outra.
– Você tem um sono muito pesado, sabia? – Ela respondia com um sorriso.
– Eu tenho?
– Claggor não seguiu minhas ordens e passou aqui ontem de madrugada pra checar se tava tudo bem – Introduzia, esperando a reação dela ser tudo menos um gemido manhoso – Ele mandou eu me controlar direitinho e não estragar tudo que em troca não contaria isso pro Vander.
– Engraçado que o Vander é o ponto chave pra qualquer um te ameaçar, não é? – Ria baixinho.
– O quê? Não – Retrucou quase que ofendida.
A azulada se afastou para rir melhor, olhando em sua cara franzida.
– É, sim – Pontuou sorrindo – Seus irmãos sempre mencionam ele quando você faz besteira.
– Ou quando acham que eu vou te devorar? – Ela avançou em seu pescoço, fazendo cócegas ao arrastar a ponta do nariz de um lado para o outro.
Ela ria tentando se desvencilhar da loba, rendendo-se logo em seguida ao ver que era incapaz de fazê-lo.
– Tá legal, chega! – Dizia ainda gargalhando – Você vai nos atrasar pra aula! – Lembrava-lhe.
A Warwick soltou um grunhido baixo em reclamação, afastando-se para ficar bem pertinho de seu rosto.
– Quer mesmo ir hoje? – O tom de sua pergunta era convidativo o bastante para continuarem ali, quase que como se dissesse "sim" ela fosse se afastar ao invés de beijar e agarrar, como a proximidade indicava.
– Não dá pra faltar sem meu pai notar. E eu sou péssima mentindo pra ele.
– Deixa que eu faço isso então – Vi propôs triunfante ao achar uma saída para ficarem na cama.
– Me diz como?
– Eu te levo lá em casa, passamos um tempo juntas com a minha família. Mais tarde podíamos ir naquela trilha de novo, ficar de bobeira – Listava de uma forma tão casual que nem parecia que ambos os lugares em descontexto eram como "tocas de lobo fatais" – E no final do dia eu te trago de volta, inteira de preferência – Murmurou para si mesma – e invento algo pro seu pai.
A ideia era tentadora, e Cait sabia que não foi capaz de esconder o ânimo na possibilidade de realmente fazerem isso.
Mas ela falar diretamente com Tobias?
– Meu pai iria desconfiar – Alertava.
– Sou ótima com pais – Garantia de um modo seguro o bastante para confiar num impulso de um ato sem pensar, e desconfiado o bastante para não deixar que isso acontecesse de jeito nenhum.
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Alvorada
Teen Fiction- Nunca pedi pra ser do jeito que sou - Revelou, olhando em seu rosto de forma sofrida e cansada - Eu queria ter uma vida normal. Mas não posso. E se formos atrás disso só vou estar te iludindo mais, Cait. - Eu mesma faço isso sem sua ajuda - Sorriu...