Encontro

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Tentou ser o mais silenciosa possível ao destrancar a porta de casa. Eram 03:47 da manhã e não precisava ser um gênio para supor que Tobias estivesse dormindo.

Fechou tudo com cuidado e subiu as escadas nas pontas dos pés. Ele não estava no sofá da sala. Devia ter imaginado que Caitlyn fosse chegar tarde.

Ao entrar no seu refúgio, permitiu-se se jogar na cama. Encarou o teto ainda processando tudo que vivenciou naquela floresta.

Uma criatura gigante... Uma loba, mais especificamente.

Claro, um lugar rodeado de florestas como Zaun deveriam sim ter coiotes morando por lá. Mas a Kiramman tinha certeza que aquilo que viu era tudo menos um mero coiote. Era enorme. Do tamanho de sua picape, mais ou menos. Como era possível?

Podia estar delirando de vez. E mesmo assim, uma pequena voz em sua mente dizia que não.

Quando finalmente conseguiu sair daquele labirinto de árvores, correu de lá o mais rápido possível.

Avisou a Ahri que já estava indo embora, agradecendo aos céus por ela estar bêbada demais para não notar em sua aparência. Teve muita sorte por Seraphine dar uma carona para ela. Então não enrolou muito e já foi direto para casa.

O resto da noite foi inquietante.

Suas mãos continuavam trêmulas, e sua respiração ofegante. O medo de sonhar com aquela experiência era quase palpável.

Como resultado: não dormiu.

Acordou acabada e ficou feliz ao ver que Tobias não lhe faria muitas perguntas. Foi definitivamente o pior sábado que teve.

No meio da tarde, não aguentou e acabou cochilando.

A luz da manhã trazia um certo conforto e espantava o medo. Quando fosse a noite, já não teria tanta certeza disso.

Intrigada pelo que houve, resolveu ir atrás de qualquer coisa que comprovasse tudo aquilo. Pesquisou sobre lendas urbanas, lobos e histórias que os envolvessem, mas tudo que aparecia eram mitos sobre lobisomens.

Lobos com aparência humana, no caso.

Só que não foi isso que viu naquela clareira, e sim um lobo gigante.

Descobriu que na Periferia havia uma livraria específica com a maior parte dos conteúdos voltados para mitos locais, lendas e tudo que pudesse ajudar um pouco na sua busca.

O problema, é que a Periferia era sua desculpa para não ir ao baile sábado que vem.

Mas passar mais uma semana para ver isso não parecia ser uma ideia muito convidativa. Lembrou que numa conversa com as meninas, elas iriam atrás de vestidos e roupas para o evento.

Claro, Zaun não era um lugar com muitas opções para isso. A Periferia era perfeita.

Então era isso.

Ou não arriscava sua melhor desculpa para não ir naquele baile idiota, ou ia amanhã mesmo naquela livraria onde suas chances de obter alguma coisa fossem minimamente grandes.

No momento, sua ansiedade parecia incontrolável, por isso ficou com a segunda opção.

– Pai?

Ele se virou para a filha, sentado no sofá.

– Diga.

– Lembra que eu disse que iria na Periferia, sábado que vem? – Ele assentiu – Bom, eu mudei de ideia. As meninas querem ir atrás de vestidos, e acho que quero ir com elas. Seria amanhã, algum problema?

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