Confissões

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Tudo pareceu ter sido um sonho. Mesmo sabendo que não, mesmo vivenciando tantas emoções diferentes.

A noite anterior continuava sendo o principal assunto de sua mente. Sua cabeça repassando tudo aquilo repetidas vezes. A lógica não estava presente em nenhum momento.

Vi Warwick continuava sendo um mistério completo.

Não importava os pequenos detalhes que descobria sobre si, ainda faltavam peças soltas. Nada parecia ter sentido. Nada parecia real. Ela não parecia real.

Antes, nos primeiros dias em Zaun, sentiu-se um tanto... bem com a atenção que recebia da rosada, dos olhares, das encaradas, embora assustadoras e intimidantes. Agora que sabia sobre o lance de ler mentes, e que era a sua exceção, algo dentro de si se agitou.

Ao mesmo tempo que parecia errado dizer que era dela, como uma posse, parecia certo.

Parecia certo estar com aquela tempestade.

Parecia certo quando encostou sua mão na dela.

Parecia certo ela lhe deixando em casa e evitando não olhar em sua direção ao sair.

Seria essa a definição de pecado?

Tão errado, e tão certo?

Talvez, mas no momento deveria se preocupar pelo fato do barulho da chuva não ser tão irritante quanto antes.

Isso mostrava que estava submersa demais na Warwick.

Não fazia bem ter sua cabeça tomada por pensamentos envolvendo-a. Porém, como preencheria o vazio se era nela em quem se afundava?

É, talvez ela seja a representação de pecado mesmo.

E tudo que Caitlyn queria era pecar.

No estacionamento da escola, avista Ez conversando animado com Lux perto de seu carro, e lhes dá um breve aceno, feliz por eles estarem se entendendo.

O clima estava parcialmente nublado, mas não menos chuvoso, infelizmente. As pessoas passavam por si e a vida de cada uma delas continuava, tendo a impressão que a sua era a única anormal.

Ainda tinha que conciliar o que viu na floresta com Vi querendo invadir seus pensamentos.

Uma presença brota ao seu lado, e ao virar-se, consegue ver o rosto da Zaunita cumprimentando-a.

– Você tem que parar de fazer isso – Cait disse, corando.

– Fazer o quê?

– Aparecer do nada – Cochichou.

– E perder sua cara surpresa? Nunca – Ela parecia estar de bom humor.

O silêncio pairou entre ambas enquanto caminhavam sem rumo pelos corredores.

– O quê? Não tem mais perguntas pra me fazer hoje? – Vi quebrou o silêncio eterno, ironizando sem olhar para a azulada.

– Minhas perguntas te incomodam? – Olhou em seus olhos.

– Não tanto quanto as suas reações.

– Eu... reajo mal? – Parou por um minuto, fazendo com que a mais alta finalmente olhasse para si.

– Não. Só aceita tudo com muita naturalidade. Me faz imaginar o que realmente tá pensando, e aí, voltamos para o fato de eu não conseguir saber por não poder ler sua mente – Explicou, calma.

– Sempre te digo o que eu penso – Franziu as sobrancelhas.

– Você corta umas partes – Acusou.

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