05. Sai da minha cabeça!

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Kyle e Cartman caminhavam de volta da direção, ambos visivelmente putos. Kyle estava furioso por ter recebido duas semanas de detenção, enquanto Cartman não escondia sua frustração pelo fato de não ter recebido punição alguma, supostamente por ser considerado "gay". O caminho até a enfermaria foi silencioso, cheio de rancor não verbalizado.

Kyle tocou o rosto dolorido, sentindo o olho roxo e a boca inchada. "Fazia tanto tempo que não brigávamos assim", pensou. "Cartman me machucou mais dessa vez, ele nunca revidava meus socos antes." No entanto, apesar de ter causado danos em Cartman também, ele não se sentia vitorioso, apenas envergonhado. As coisas estavam finalmente melhorando entre eles, e agora tudo tinha desmoronado.

Quando chegaram na enfermaria, a enfermeira, com sua expressão rígida, começou a cuidar dos dois. Kyle pressionava a bolsa de gelo contra o olho, sentindo a dor latejante, enquanto Cartman permanecia em silêncio, o nariz ainda sujo de sangue. Depois de cuidar dos ferimentos, a enfermeira os deixou sozinhos para repousar.

Kyle olhou de relance para Cartman, que estava quieto. Ele sempre soube que algo o incomodava, mas agora parecia mais confuso do que nunca. "Por que Cartman acha que eu gosto do Stan?" O pensamento o irritava, mas ao mesmo tempo despertava sua curiosidade. Ele sabia que, se quisessem crescer, precisariam parar com essa eterna briga infantil.

— Toma — Kyle ofereceu sua bolsa de gelo a Cartman.

— Não quero — Cartman respondeu, sem olhar para ele.

— Toma, porra — Kyle insistiu, pressionando o gelo contra a cabeça de Cartman. — Já deu, Cartman. Vamos parar com essa merda.

Cartman franziu as sobrancelhas, segurando o braço de Kyle com força, visivelmente incomodado.

— Para de me encher, judeu — Cartman retrucou, ainda segurando o braço de Kyle, machucando-o levemente.

— Você não entende, né? — Kyle disse, sua voz agora mais baixa, quase desafiadora. — É sempre você me irritando, me provocando. Como se eu não tivesse o direito de viver em paz!

— Eu não me importo, eu te odeio — Cartman mentiu, mas as palavras soaram como uma sentença final.

Aquelas palavras atravessaram Kyle com uma intensidade inesperada. Ele sempre dizia odiar Cartman, mas no fundo sabia que aquilo não era totalmente verdade. No entanto, ouvir Cartman dizer isso em voz alta o enfraqueceu, como se algo dentro dele estivesse se partindo. A raiva que sentiu em resposta foi quase instantânea.

Com força, Kyle pressionou a bolsa de gelo contra Cartman, desta vez com a intenção de machucá-lo. Cartman reagiu rapidamente, batendo na mão de Kyle e fazendo a bolsa de gelo voar pelo chão. Num impulso, Kyle agarrou Cartman pela gola da camisa e o puxou para mais perto, os rostos a poucos centímetros de distância.

— O que você quer dizer com isso? Me odeia, é? — Kyle perguntou, sua voz carregada, mas seus olhos relevando a tristeza que sentia por dentro.

Cartman não respondeu. Ele apenas encarou Kyle, seus olhos cheios de ódio e confusão, enquanto bufava com raiva, o calor de sua respiração tocando o rosto de Kyle. O silêncio entre eles era pesado, cheio de tudo o que não conseguiam expressar em palavras.

— Pois eu te odeio muito mais! — Kyle gritou de volta, sentindo o peso das palavras enquanto sua voz ecoava pela sala. — Eu já cansei de ter que te suportar todos os dias, todas as noites em cada maldito sonho e pensamento! DÁ UM TEMPO!

— Eu digo o mesmo! Sai da minha cabeça, maldito! — Cartman retrucou, com a frustração estampada no rosto e na voz.

Ambos ficaram boquiabertos, as palavras escaparam antes de perceberem o que estavam dizendo.

Nossos Segredos | Kyman - South ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora