Capítulo 9

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Lorenzzo puxa a namorada com raiva para longe do tio, em seguida fecha o punho e lança um soco em Ângelo, que desvia e segura o braço do sobrinho. O mais velho joga o garoto contra a parede com força, imobilizando ele.

- Maledetto! - Lorenzzo tenta se soltar, sem sucesso.

- Não é o que você tá pensando. - A menina se aproxima com os braços encolhidos e a voz chorosa.

- E você sua cagna! - Lorenzzo cospe as palavras na cara da menina. - Eu ainda tento confiar em você, eu sou um idiota. - Ele puxa mais uma vez os braços. - Me solta seu figlio di puttana! - Seu rosto está completamente vermelho de raiva e seus olhos verdes ficaram muito mais intensos.

- Olha a boca, maledetto maiale! - Ângelo prensa ainda mais o sobrinho.

- Você tá machucando ele, Ângelo! Para, por favor! - A voz de Maite sai chorosa, ela apoia as mãos sobre os braços do mais velho, que solta o sobrinho mesmo que ainda hesitante.

- Eu vou voltar para onde eu não deveria ter saído, para o bordello. - Suas palavras voaram exclusivamente para a namorada. Ele sai a passos largos por entre seus familiares que agora se juntaram ali.

- Eu posso saber o que está acontecendo? - A voz firme de Francesca ecoa pelo escritório.

- Lorenzzo, mais uma vez, surtando. - Ângelo responde alterado.

- Foi, é? E o que fez ele surtar, ein. - Ela cruza os braços contra o peito, Marchelo e Isabella estão logo atrás de si.

- Eu preciso tomar um ar. - Maitê está palida, encostada na parede. Percebe-se gostas de suor pela extensão da sua testa.

- Eu vou com você. - Ferrari se prontificou.

- O que eu mais quero agora é ter você longe de mim! - Ela segurou os braços contra o corpo e saiu andando a passos rápidos para fora do escritório. Isabella saiu correndo atrás da cunhada.

- Ângelo... - A monarca provocou.

- Eu não fiz nada, tá legal? Eu não fiz nada. - Ele levanta as mãos para cima em sinal de rendição e enfim sai pela porta do escritório.

Ferrari vai para o jardim, onde imagina encontrar a senhorita Campos. Acertou em cheio quando avistou as meninas sentadas na cadeira de balanço.

- Isabella, preciso que me deixe a sós com a senhorita Campos. - Ele coloca as mãos no bolso e lança um olhar entreito para a sobrinha.

- Eu te vejo depois, gatinha. - Bella deposita um beijo nos cabelos da cunhada e se despede indo para dentro da mansão.

- Maitê eu nunca faria algo... - Ângelo é interrompido.

- Eu nunca faria algo que você não queira! - Ela o Imitou. - E continua me olhando daquela forma, continua me tocando daquela forma, continua... - Sua voz embarga e seus olhos estão marejados.

- Mas nunca te beijei. - O tom emana um pouco alterado, mas logo ele se recompõe. - Por mais que eu queira. - Suas últimas palavras saíram baixinhas, quase inaudível.

- Sr. Ferrari eu não sei o que você viu em mim. - Ela limpa as lágrimas com o dorso da mão. - Mas eu amo o Lolo, eu namoro ele. - Ela continua o discurso, se levantando. - Não sei em que momento você confundiu as coisas, mas acho que nunca te dei essa liberdade. - Seus corpos ficam frente a frente, a garota cruza os braços.

- Você é muito esquentadinha. - Não conseguiu impedir que um sorriso se formasse em seu gosto assim que viu as bochechas da menina ficarem vermelhas.

- E você é muito atrevido. - Ela tenta empurrar o mais alto, mas ele sequer se move.

- E você é baixinha. - Ele empurrou a testa dela com o indicador.

- Eu vou te bater, Sr. Ferrari. Tamanho não é documento. - A garota tenta fazer uma cara de mal, mas mais parece um cachorrinho mal humorado.

- Eu duvido. - Falou pausadamente. Mal sabe ele que essas duas simples palavras encadeiam um sentimento competitivo inimaginável na garota.

- Vem aqui seu folgado! - Ela começou a correr atrás dele, que fugia desesperadamente.

Do escritório de Ângelo, a irmã observa o mais novo correndo desesperadamente para longe de Maitê. A garota está com um pedaço de galho na mão, tentando bater no homem atrevido que fugia de si.

Suas risadas se misturaram e já sem fôlego eles se sentam no gramado.

- Meu deus! - A voz da menina está ofegante e alterada. - Eu sou muito sedentária, deveria rever isso urgentemente. - Ela caiu na gargalhada, o homem a acompanhou.

- Eu posso te ajudar com isso. Tenho fôlego de sobra, posso te arranjar um pouquinho. - Ângelo cutuca o braço da mais nova com o cotovelo. Ele recebe um tapa inofensivo como resposta.

- Eu não te suporto. - Respondeu fazendo careta.

- E eu muito menos. - Deu a língua para ela. Ele ocasionalmente olha para o relógio, se assustando. - Dio mio! - Se levanta rapidamente. - Estou completamente atrasado para uma reunião! Preciso ir, nos falamos depois. - Ele sai a passos rápido do jardim, entrando em seu carro e dirigindo para fora dos portões.

Não deu tempo nem dela se despedir adequadamente, ele foi embora rápido demais.

Será que ele realmente tem uma reunião? Ou o tio e o sobrinho tem a mesma mania de mentir para se afastar de mim? - Um suspiro sofrido sai dos lábios dela.

Talvez eu esteja paranoica, Ângelo não parece ser assim.

Logo um sorriso bobo se estampou em seus lábios, pensando nos momentos que passou brincando com o mais velho.

Ele não é de todo ruim.

Ela tomba a cabeça no gramado, olhando para o sol que já se punha.

Mio amore impossibileOnde histórias criam vida. Descubra agora