Capítulo 14

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Ângelo não voltou para o hotel, tampouco conseguiu dormir. Apesar de saber desde o início a ideia do sobrinho, não achou que a ruiva fosse aceitar. O fato de a ter perto é bom, na verdade é tudo que ele quer, mas a ideia de vê-la com o namorado o destrói.

Ferrari não sabe como, nem quando ele ficou tão apaixonado pela namorada do seu próprio sobrinho, mas admite que está de todas as formas encantado com aquela garota ingênua e indefesa.

Ele sabe o quão errado é o que está fazendo, sabe como a famiglia olharia para ele, mas é mais forte do que ele pode controlar. 

Talvez achando o assassino da mãe de Maitê, ela olhe-o com um pouco mais de carinho. E é isso que Ângelo está fazendo, no seu escritório que possui no Brasil.

Alguns homens rodeiam a mesa que está no centro do cômodo, da parede de vidro pode-se ver toda a cidade. Informações e mais informações estão espalhadas pelas paredes e pela mesa, ele precisa achar alguma coisa, não deve ser difícil.

— Então ela saiu do trabalho e pegou um atalho por uma estrada de chão localizada na Grande Tijuca? - Ele coça a barba que está por fazer. — Descobriram qual banda di merda que comanda esse espaço?. - Ferrari caminha até um mapa, que marca o local do assassinato.

— Na verdade, sim, senhor. - Um homem de terno cinza e cabelos castanhos se aproxima, é um dos associados da famiglia. — São nossos soldados que cuidam dessa parte da cidade. - Respondeu com certo receio.

— Meus soldados? - Sua voz ríspida e alta preencheu o ambiente, é nítida a raiva que ele carrega nas palavras.

— Foram dois, descobri que se chamam Carlos e Ricardo. Eles confundiram a mãe da senhorita Maitê com uma informante de uma gangue que estava nos causando problemas. - Ele ajusta os óculos no rosto.

— Vocês sabem onde eles estão? - O chefe mafioso saboreia a fumaça densa do charuto.

— Nós ainda não localizamos, mas estamos perto. - O associado balança a cabeça positivamente.

— Certo. - Ele copia o movimento do homem de cabelos castanhos. — Ouçam. - Ferrari caminha até o centro da sala, parando em frente a mesa. — Achem eles, levem para o stanza della morte e me informem imediatamente. Eu quero eles vivos. Do contrário, não me importunem. - O mafioso coloca o charuto no cinzeiro e veste o paletó, caminhando para fora do escritório. — Ah, não comentem nada com minha família, o único que está sabendo é Marcello.

— Sim, chefe. - Os homens falaram em coro. Ângelo afirmou com a cabeça e saiu pela porta.

São quase oito horas da manhã, Ferrari está dirigindo em direção ao hotel. Tentou demorar o máximo que conseguiu para não ter que lidar com Maitê e o restante da família, sua cabeça está doendo demais para iniciar uma discussão.

Assim que entrou pela porta do apartamento, deu de cara com a senhorita Campos. Ela está sozinha na mesa, com o rosto abatido e os cabelos bagunçados.

— Maitê? - O mais velho fechou a porta e se aproximou preocupado. — Você tá bem? - Ele tocou a testa da garota, que na verdade está bastante fria.

— Eu dormi mal, nada demais. - A garota afasta a mão do mafioso e leva a xícara de café até a boca.

— Cadê todo mundo? Você está sozinha? - Ele senta ao lado dela, se servindo de café preto.

— Sua irmã e a bella foram ao shopping. - A menina esfrega um dos olhos com o punho. — Marcello disse que precisava resolver alguma coisa. - Seu olhar ficou distante. — Não lembro muito bem. - Os lábios estão ressecados e sua aparência é um muito fantasmagórica. 

— E seu… Noivo? - Ângelo torce o nariz, fazendo uma expressão nítida de desprezo.

— Quando eu acordei, ele já não estava. - Deu de ombros. — Tudo normal até agora. - Uma tentativa de sorrir deu espaço para olhos brilhantes por conta das lágrimas que se juntam.

— Por que você fica… Prolongando o inevitável? - Ele fala um pouco receoso, desviando o olhar para a televisão que está ligada em um canal qualquer.

— Não entendi. - Seu olhar para Ângelo é de total indignação, talvez ela tenha entendido sim o que ele quer dizer.

— Estar com o Lorenzzo é como enrolar uma corda no pescoço, sem se importar com as consequências. - Dessa vez ele está com o olhar fixo nos olhos da mais nova. — Você se sente insuficiente quando está com ele, você não é valorizada e aceita migalhas. Aí no dia seguinte ele vai lá e te decepciona outra vez. - De certa forma Ferrari não consegue controlar seus lábios, eles se movimentam por conta própria sem se dar conta do estrago que está fazendo.

— Vai se foder. - Senhorita Campos lança um tapa no rosto do mafioso, que deixa a marca da silhueta dos seus dedos. — Eu odeio você! - Ela se levanta bruscamente, jogando a cadeira para o lado e correndo em direção ao seu quarto.

Torna qui! - O chefe da famiglia se levanta e caminha a passos largos até a ruiva. — Maitê! - O mais alto agarra o braço da menina perto do ombro, puxando ela e jogando no sofá macio.

— Sai daqui! - Uma tentativa falha de chute contra o mais velho foi lançada por ela.

Stai fermo! - Ele joga seu corpo sobre a senhorita, imobilizando seus movimentos com certa resistência. — Shhh! - Um dos joelhos de Ângelo está no meio das pernas da garota, com uma das mãos ele segura os pulsos dela sobre a cabeça e com a outra apoia seu corpo.

— Ângelo… - Sua voz fica baixa e manhosa. — Para, vai… Me deixa sair. - Ela já não se debate mais, está muito cansada para lutar. Isso parte o coração do mais bruto, ele sabe o quanto ela deve estar mal.

— Me desculpa por dizer aquelas coisas para você, eu errei. - Ele solta os pulsos da ruiva e ela apoia as mãos sobre o peitoral do homem grande em sua frente.

Maitê não se lembra a última vez que ouviu um "eu errei" do namorado, na verdade ele sempre tenta, de alguma forma, culpar a companheira pelas brigas e discussões.

— Eu sei que é errado, tá certo? - Ele olha nos olhos cansados da mais nova. — Mas eu me apaixonei por você, eu estou louco de amores pela namorada do meu sobrinho. - No fundo a semelhança entre a ruiva e a falecida esposa de Ferrari tem a ver com toda essa história, ele só tenta negar.

— Eu amo… - A garota tenta balbucionar, mas ele a Interrompe.

— E eu mataria qualquer um que fizesse mal para você, eu seria capaz de qualquer coisa para te fazer feliz. - Seu corpo ainda está sobre o da mais nova. Ângelo leva a mão livre até os cabelos bagunçados da menina. — Me deixa cuidar de você. - A barba por fazer faz um carinho estranhamente gostoso na bochecha da ruiva.

— Ângelo, eu não posso. - Seus olhos fechados para sentir o toque do mais velho e os batimentos acelerados entregam o sentimento de desejo que sente pelo tio do seu namorado.

— Você não sente nada? - Ele passa os lábios sobre os da menina, fazendo ela soltar um suspiro. — Nem quando eu faço isso? - O joelho que está entre as pernas dela é apertado levemente contra sua intimidade, que instantaneamente fica com uma sensação de formigamento.

— Eu… Ah… - A menina leva as mãos até os cabelos loiros em tom escuro do maior, segurando com precisão. Ela está completamente tomada por desejo, já que na noite anterior não teve a assistência necessária do namorado.

Por um momento uma chama pequenina se ascende entre o peito e no meio das pernas da senhorita Campos, ela de certa maneira não consegue controlar o corpo que grita por um sim.

Sim, eu o desejo. - Seus pensamentos vagueiam enquanto seu pescoço é explorado pela língua do mafioso.

Ângelo leva a braço em volta da cintura da ruiva, pegando-a no colo. Ela em resposta, agarra as pernas em volta do tronco do maior. Ele beija a testa dela e caminha até seu quarto, deitando Maitê na cama.

— Posso te beijar? - Seu rosto está suficientemente perto do rosto de Maitê, podendo sentir o hálito de café vindo da boca dela.

Mio amore impossibileOnde histórias criam vida. Descubra agora