Capítulo 10

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Os relâmpagos e trovões não dão sossego para a noite fria em Verona, trazendo um ar de mansão sombria para a casa dos Mancini.

No quarto de hóspedes, Maitê rola de um lado para outro. Seu coração está acelerado, sua respiração ofegante e uma poça de suor se forma embaixo de si.

A garota está penteando seus cabelos ruivos em frente ao espelho da penteadeira, enquanto canta uma música anasalada. Lorenzo se aproxima e pousa as mãos delicadamente nos ombros da namorada, se inclinando em seguida e selando os lábios nos seus cabelos macios.

— Volta pra casa, amor. - A voz do namorado se mistura com a voz distante de Ângelo.

Maitê olha para o espelho, vendo a imagem alterar entre o namorado e o Sr. Mancini.

— Lorenzzo? O que tá acontecendo? - Seus olhos marejam e ela sente uma dor aguda nos pulsos. Ela olha para os braços e os vê coberto de sangue, por susto acaba deixando cair a escova que se quebra em dezenas de pedacinhos.

— Sou o Ângelo. Vem comigo, meu amor! - A voz dele continua distante, uma aura branca está envolta de seu corpo.

A menina se vira para trás, vendo o mais velho esticando um dos braços, tentando tocar a garota. Maitê se sente presa no chão, mas estica os braços em direção a Ângelo, na intenção de alcança-lo. Seus dedos se tocam e uma luz absurdamente branca toma conta de todo o cômodo.

— Ângelo! - A voz da garota sai em um grito doloroso. Sua respiração está ofegante e seus olhos ardem de tanto chorar. Ela se senta encolhida, escorando as costas na cabeceira da cama.

Ferrari acorda de um pesadelo com a namorado do sobrinho, ele decide descer para o cômodo de baixo e ir até a cozinha beber água. Não muito longe dali, fica o quarto onde Maitê está. Ele fica entre a porta que dá pra cozinha e o corredor que dá para o quarto de hóspedes, quando ele ouve um grito reproduzindo seu nome. Ângelo corre para onde está a garota é abre a porta rapidamente, invadindo o quarto.

Piccolina! Está tudo bem? - Ele vê a menina encolhida, chorosa. Um sentimento incontrolável diz para ele cuidar da namorada do sobrinho e ele não resiste.

Seus braços estão completamente enlaçados no corpo da mais nova, seu queixo está posicionado logo acima da cabeça dela. Uma canção amigável sai de seus lábios, na tentativa de acalmar a garota.

— Para de me perseguir, por favor… - A voz dela demonstra angústia e sai quase inaudível.

— Não entendi, o que quer dizer com isso? - Ele leva o indicador até o queixo dela e levanta delicadamente a cabeça da menina, fazendo ela olhar em seus olhos.

— Você tem estado em todos os meus sonhos, em todo lugar que eu vou… - Maitê fecha os olhos com força e funga o nariz. — Em tudo que eu vejo, você está lá. - Ela abre os olhos, encarando o Sr. Ferrari.

— Você também tem estados em todos os meus sonhos, piccolina. - A voz do homem sai rouca e baixa, ele não desvia o olhar.

— Não são sonhos bons. - Ela volta a fechar os olhos e balançar negativamente a cabeça. — Eu só quero que isso pare, por favor, fica longe de mim. - A menina coloca as mãos no peitoral do mais alto, inspirando com dificuldade.

— Eu sei que é errado… - Ferrari encosta sua testa na testa na garota. — Mas você desperta em mim… - Ele roça seus narizes. Sua respiração ofegante se mistura com a respiração também ofegante da mais baixa. — Um desejo… - Suas mãos deslizam até os cabelos ruivos e macios da menina. — Que eu não consigo controlar. - Ele segura firmemente nos cabelos da garota e deixa seus rostos milímetros de distância.

— Por favor… - Seus olhos continuam fechados, sentindo os dedos quentes de Ângelo passearem entre os seus cabelos. — O Lorenzzo… - Ela diz com certa dificuldade.

— Ele não está, não precisa ter medo. - O mais velho passa próximo a boca da garota e pousa sua bochecha na da menina. Ele esfrega delicadamente a barba por fazer na pele dela.

— Eu não posso traí-lo… - Sua voz baixa e trêmula tenta esconder o arrepio que percorre seu corpo, sem sucesso.

— Eu não quero te machucar… - Ferrari desliza os lábios até o pescoço de Maitê. Ele abre um pouco os lábios e passa delicadamente a língua na extensão da pele da senhorita Campos. — Mas não me importo em machucar o babaca do seu namorado. - Termina o discurso chupando levemente a pele delicada da garota.

— Ah… - Ela não conseguiu conter um pequeno gemido. — Eu não consigo… Não consigo, Ângelo. - A garota empurra o homem para longe, voltando a se encolher.

Piccolina… - Ele estende a mão em direção ao rosto dela, mas ela se afasta. — Me perdoa… Eu perco a cabeça quando eu te sinto tão perto. - Uma expressão de vergonha toma conta do rosto do mais alto.

— Por favor, eu não quero que o Lolo te veja perto de mim de novo. Só… - Ela levanta a cabeça e olha nos olhos verdes dele. — Vai embora. - Ângelo quase não ouviu as últimas palavras que a menina falou.

— Tudo bem, se precisar de mim… - Ferarri levanta. — Você sabe. - Ele dá um sorriso amarelo. Olha uma última vez pra garota e sai do quarto, fechando a porta.

Maitê acaba em uma crise de choro, seus pensamentos estão confusos, igualmente aos seus sentimentos. Ela adormeceu, com os olhos inchados e a cabeça doendo.

Mio amore impossibileOnde histórias criam vida. Descubra agora