Capítulo 16

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Maitê abre minimamente os lábios, depois fecha. Ela volta a abrir a boca e fecha novamente. Seus olhos inquietos procuram algum indício de que Ângelo esteja zombando, mas seus intensos olhos verdes exalam verdade.

O barulho da porta se abrindo faz com que ambos disfarcem, retomando uma postura mais retraída. Ferrari olha no relógio e leva a xícara até a boca, bebericando a bebida quente.

A garota observa atentamente quem entra pela porta, pedindo no seu interior para não ser Lorenzzo. Ela não aguentaria outra discussão, está suficientemente cansada para continuar lutando por alguém que não retribui seu amor.

- Cheguei menines! - A voz de Isabella preencheu o ambiente.

O mafioso olha para a ruiva, que solta um suspiro de alívio. Ele observa sem entender.

- Isabella, que bom ser você. - Ela abriu um sorriso, mas rapidamente se corrigiu. - Digo, ver você. Que bom ver você. - Maitê levanta do banco e caminha até a cunhada, lhe abraçando.

Bella olha confusa para o tio, que encolhe os ombros e balança a cabeça negativamente. Isabella retribui o abraço, ainda sem entender muita coisa.

- Bom ver você também. - Ela puxa a cunhada para perto, cochichando no ouvido da ruiva. - Que diabos aconteceu Maitê? Você ta super estranha. - Enfim elas se afastam.

- Depois te conto. - Cochichou de volta.

O mais velho cai na gargalhada e as meninas ficam sem entender o motivo, mas ele se apressa em falar.

- Vocês cochicham alto. - Da um último gole no café e começa a caminhar na direção delas. - Já deu minha hora, volto depois do almoço. - Beijou o topo da cabeça da ruiva e da loira, em seguida indo até a porta e abrindo. - Tchau meninas. - Enfim saiu, fechando a porta logo após.

— Me conta Maitê, o que aconteceu? - Ela puxa a cunhada, levando até a sala. — Lorenzzo fez algo? - Isabella senta.

— Na verdade... - A ruiva decidiu se abrir com a cunhada, falando o que vem acontecendo entre ela, Lorenzzo e Ângelo. Omitindo a parte em que se relacionou mais profundamente com o tio do namorado, com medo de ser julgada.

— E você acha que continuar com meu irmão vai fazer bem a vocês? - Bella puxa Maitê para seu colo, acariciando seus cabelos. — Vocês estão se machucando cada vez mais, e talvez, se pararem por aqui, no futuro possam tentar novamente. Não deixe que o amor, um sentimento tão lindo, seja consumindo pela raiva, pelo desprazer de estar juntos. - Ela limpa as lágrimas que começam a escorrer dos olhos da senhorita Campos. — E quanto ao meu tio... - Isa parece pensar. — Você é parecida com minha tia.

— A esposa de Ângelo? - Maitê levanta-se rapidamente. — Ele é casado? - Suas bochechas estão vermelhas.

Será que Ferrari seria capaz de trair a esposa? Assim como ela fez com o namorado...

— Viúvo. - A voz é triste. — Faz uns cinco anos. Acho que ele vê a delicadeza da Andréa em você. E seus cabelos... - Seu olhar pousa sobre a cunhada. — Ela era uma mulher ruiva linda.

Então Ângelo se deitou comigo porque sou parecida com sua esposa? - O pensamento rasga o peito da ruiva.

— Acho que estou com os pensamentos um pouco mais claros, obrigada Bella. - A ruiva abraçada a menina de madeixas loiras.

— Vou ao shopping encontrar a mamãe, você vem? - Isa se afasta.

— Vou ficar. - Maitê olha para a porta. —Quero conversar com Lorenzzo. - Ela Suspira. — Espero que ele chegue antes de Ângelo. - A garota se levanta.

As amigas se despedem e a ruiva se joga no sofá, pensativa.

Não queria ter traído o namorado, não sabe em que momento isso passou na sua cabeça. Quando foi que ela cogitou deixar algo acontecer entre ela e Ângelo? Quando começou a sentir atração? Em que momento de fraqueza não se importou com os sentimentos de quem ela diz amar?

Tantas perguntas sem respostas rodeiam sua cabeça, tudo atormentando e crucificando seus atos impuros.

Talvez Isabella esteja certa, já não faz sentido estar ao lado de Lorenzzo. Não faz bem a ela e nem ao namorado, isso precisa parar.

— Você está bem, piccolina? - O Ferrari mais novo colocou a mão sobre o ombro da namorada.

— Lorenzzo! - Maitê pula do sofá, sua respiração fica descompassada. — Não vi você entrar. - Ela tenta recuperar o fôlego.

— Eu chamei você umas duas vezes, como não respondeu resolvi tocar em você. Não queria te assustar. - Ele puxa a garota para um abraço.

Agora é a hora, Maitê colocará um ponto final nisso tudo. Assim ela estará mais em paz.

— Preciso conversar com você. - Sua voz sai abafada por estar com o rosto no peitoral do garoto.

— O que você viu mexer? - Ambos se afastam.

— Preciso conversar com você. - O som agora é mais claro.

O casal se senta no sofá, ambos se olhando, sem saber o que falar. Lorenzzo parece começar a ficar nervoso, Maitê enche os olhos de água.

Então ela desaba, deixando tudo o que sente se materializar em choro. Soluços e mais soluços, as lágrimas escorrem sem pudor.

O loiro fica assustado, sem saber o que fazer. Como agir nesse momento? Ele a abraça? Diz algo? Não sabe como demonstrar sua preocupação.

Relutante ele enrola seus braços em volta do corpo da namorada e puxa para si, apertando com firmeza para demonstrar a segurança que ele quer transmitir.

— Eu trai você. - Ela soluça mais ainda. — Me desculpa Lorenzzo, por favor. Eu não queria, não sei como isso aconteceu. - Seu choro fica mais intenso e dolorido.

— Você fez o que? - Lorenzzo se afasta, olhando incrédulo para a ruiva. — Não, não, não. - Ele se levanta e começa a rir. — Você não fez isso, não fez. Você sabe que o meu maior medo é ser traído. - Sua respiração se torna ofegante, seu rosto avermelhado demonstra toda a raiva que carrega com si.

— Me desculpa. - Ela se ajoelha. — Por favor. - Continua, implorando.

— Maitê, some da minha frente. - Fala pausadamente.

— Lorenzzo, não faz isso. - Ela levanta, se aproximando do garoto.

— Eu não quero te machucar, sai! - Lorenzzo empurra a garota, que cai no sofá.

Maitê volta a chorar, se encolhendo.

— Nunca mais olha na minha cara, eu não tenho mais nada com você. - Ele arruma a jaqueta, caminhando para porta e saindo do apartamento.

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⏰ Última atualização: May 21, 2023 ⏰

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