CAPITULO OITO

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ZACH

Só de imaginar em ter Susan ao meu dispor, sinto meu coração acelerar e bombear sangue para lugares inapropriados. Sem parar para pensar, saio do aplicativo de mensagens e ligo para ela. Susan me atende no primeiro toque e, usando um tom de voz que só uso quando quero mostrar aos meus concorrentes quem manda de verdade, eu aviso:

— Nunca mais diga que está ao meu dispor. A menos que esteja realmente falando sério.

— Nossa, isso é uma ameaça? — Consigo visualizar um sorriso em seus lábios quando ela fala essas palavras.

— Mais uma promessa do que uma ameaça.

— Cuidado com o que você me promete, Zach. Posso decidir cobrar todas suas promessas.

— Estou ansioso para que isso aconteça. — Um silêncio constrangedor parece querer se instaurar entre nós, mas eu luto contra ele. — Está muito ocupada?

— Na verdade, estou, sim. — Solto o ar silenciosamente, sentindo pena de mim mesmo ao saber que ela não vai poder ficar horas comigo no telefone. — Acabei de montar minha estação de trabalho e preciso me concentrar para analisar alguns dados para a reunião de segunda. E, antes que você fale o mesmo que a minha amiga, eu sei que hoje é sábado. Mas eu realmente tenho muito trabalho a fazer.

Acho engraçado ela sentir a necessidade de se justificar por ser comprometida com o trabalho e preferir cumprir suas metas do que gastar horas jogando conversa fora com um cara que ainda não conhece direito. Eu sei que sou um cara legal e valho cada minuto da atenção dela, mas Susan ainda não descobriu isso, então me apresso em tranquilizá-la:

— Não precisa se justificar. Eu entendo bastante sobre trabalhar aos fins de semana e toda a pressão que nós, pessoas comprometidas com resultados, sofremos. — Bato com a mão na testa, me maldizendo mentalmente por usar um discurso tão empresarial. Respiro fundo e tento mais uma vez. — Mas gostaria de te propor algo diferente.

— O que seria esse algo diferente?

Sinto que desperto sua curiosidade e me recosto no sofá, cruzando o braço sobre o peito enquanto seguro o telefone firme com a outra mão. Posso jurar que meu coração está batendo muito alto e que, se ela se esforçar um pouco, é capaz de conseguir ouvi-lo. Por que estou agindo como um jovem tolo e apaixonado?

— Um jantar. Só nós dois, para conversarmos um pouco mais, nos conhecermos e dividirmos histórias embaraçosas da nossa infância.

— Você está planejando vir até Los Angeles? — O alarme em sua voz sinaliza que ela ainda não está pronta para me conhecer, e eu fico um pouco decepcionado. — Quando?

— Fique tranquila, Los Angeles. — Eu me apresso em tranquilizá-la apesar de estar louco de vontade de entrar em um avião e ir ao encontro dessa desconhecida. — Não estou planejando ir até aí. Ainda. Minha sugestão é pedirmos uma pizza e abrirmos nossas câmeras para conversarmos.

— Ah, câmera...

— Ou... — me apresso a dar uma opção com medo de que ela diga que não está interessada em aparecer para mim. — Se você não estiver confortável ainda, podemos fazer pelo viva-voz.

— Vou adorar. — Ela não diz qual opção. — Mas hoje eu não posso. Já tenho um compromisso com Anna, a amiga que me acolheu. Podemos jantar juntos na segunda depois que eu terminar meu expediente? Fuso horário da Costa Oeste?

— Então está marcado. Nos encontramos às oito em ponto, horário de Nova Iorque.

— Adorei ouvir sua voz de novo — ela sussurra, como se estivesse confessando algo que não devia, e eu acho uma graça.

O CALOR DO SEU TOQUE  - Simone Freire - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora