CAPITULO NOVE

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SUSAN

— Honestamente, se eu soubesse que você ia sair de casa só para ficar com a cabeça em outro lugar, eu nem teria insistido.

Com o rosto contorcido em uma expressão contrariada, Anna desliza uma caneca cheia de cerveja na minha direção, e eu agradeço com um sorriso silencioso enquanto tomo um grande gole do líquido dourado. Olhando ao redor, consigo ver Frank debruçado sobre o balcão, cheio de sorrisos para uma mulher que não para de sorrir e tocar em seu braço, enquanto minha amiga parece totalmente alheia ao mau comportamento do namorado. Aponto com o queixo na direção dele e comento:

— Tem mesmo certeza de que aquele ali é o homem da sua vida?

— Pare com isso, Susan. — Ela cruza os braços e franze as sobrancelhas, visivelmente contrariada com a minha observação, uma vez que está completamente apaixonada pelo namorado. — Aquela é uma velha conhecida de Frankie, da época em que ele estudava Cinema na UCLA. Você sabe que eu confio plenamente nele, e não vou permitir que plante a semente da discórdia no meu coração. Entendo que esteja mal-humorada e decepcionada depois do que aconteceu entre você e Doug, mas, por favor, não transfira sua desilusão para o meu relacionamento.

— Não precisava ser cruel, Anna. — Sinto minha garganta se apertar, mais pelas palavras duras da minha amiga do que pelo fim do meu relacionamento. — E você está errada. Não estou mal-humorada e nem carrego nenhuma mágoa, estou apenas tentando te mostrar que Frank pode não ser exatamente quem você pensa.

— Vamos deixar esse assunto de lado, por favor. — Minha amiga enrola os cabelos loiros em um coque e, se debruçando na mesa, fala em um tom mais ameno. — Você já viu que tem um cara maravilhoso ali no canto que não tira os olhos de você?

— Onde? — Mesmo sabendo que é algo impossível, meu coração acelera na possibilidade de Zach ter descoberto tudo sobre mim, entrado em um avião e vindo me encontrar. Me sinto uma completa tola no momento em que percebo que, por mais que eu amadureça, serei sempre uma romântica incurável. Culpa dos filmes de Hollywood e de todos os livros que devorei durante minha vida.

— Ali, aquele ruivo. Um tremendo gato.

Meus olhos encontram com os do homem, que sorri para mim, mas eu logo viro de costas e, tomando mais um gole da cerveja, admito:

— Muito bonito mesmo. Mas não estou interessada.

— Não está interessada ou está interessada em outra pessoa e vem escondendo isso de mim? — Faço uma careta e encolho os ombros, e ela exclama, com a voz cheia de indignação: — Eu não acredito, Susan, que você já está saindo com outro cara e não me contou nada. Por isso tem deixado de sair comigo? Para sair com ele? Quem é ele? Onde o conheceu? É bonito?

— Meu Deus, quantas perguntas! Você vai me sufocar.

— Estou esperando. Pode ir falando tudo.

— Não tem muito o que falar. — Respiro fundo, ponderando o que eu posso contar e o que devo manter só para mim. — O nome dele é Zach, ele é inteligente, charmoso e engraçado. Estamos nos falando diariamente há alguns dias. Vamos jantar na segunda-feira.

— Que delícia, um jantarzinho romântico. — Ela sacode os ombros como se estivesse dançando, e eu dou uma risada. — E como ele é fisicamente?

— Ele tem uma tatuagem linda.

— Só vai me contar isso?

— Bem, é que eu só sei isso. — Anna me olha como se não estivesse entendendo o que estou dizendo, e eu continuo: — Olha, não pira, está bem? Eu ainda não o encontrei pessoalmente, nos conhecemos na Internet e...

O CALOR DO SEU TOQUE  - Simone Freire - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora