Tranquilo

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João Neves

A viagem até Barcelona foi stressante, com demasiada turbulência para o meu gosto.

- Nunca mais chegámos! - disse o António Silva ao meu lado.

- Que viagem! - disse alguém da equipa técnica, que não reconheço quem era.

Depois de alguns minutos o avião pousou.

- Pessoal vamos ser os últimos a sair. - disse alguém da equipa do avião. Enquanto o pessoal saía vi o Grimaldo e o Gonçalo Ramos a irem a ambas casas-de-banhos, também tive vontade, por isso pergunto se podia ir a da segunda classe.

- Posso ir a casa de banho? - Pergunto a uma hospedeira que estava na saída da classe executiva para a económica.

- Pode! - disse e fui e ao regressar vejo um telemóvel com uma capa amarela com flores, tinha umas borboletas azuis com detalhes vermelhos, vi que foram pintados a mão, agarro no telemóvel e ele ligou-se, vejo uma foto de uma menina morena com uma loira. Guardo o telemóvel no bolso e volto a entrar na área executiva. Passados uns minutos ninguém dizia nada e foi o Otamendi que perguntou.

-O que se passa, porque a demora? - Perguntou em inglês.

- Uma menina perdeu um telemóvel, estamos a procura dele, já os mandamos sair. Só um momento, por favor! - disse a hospedeira chefe. 

- Um telemóvel? - Digo e todos olham para mim, retiro o telemóvel do bolso.
Sinto o olhar dos mais próximos sobre mim. - Como é o telemóvel? - Pergunto.

- Tem uma capa amarela com flores, umas borboletas azuis com detalhes vermelhos, pintados a mão. - disse, eu levanto o telemóvel e levanto-me em seguida. Quando uma hospedeira ia pegar nele eu puxo-o para mim.

- Eu entrego! - disse ressentido, mas achei que tinha a obrigação de o fazer.

- João! - Foi repreendido, pelo Odisseas.

- É este! - Digo, para a  menina morena da foto que olhou para mim e para o telemóvel nas minhas mãos, ela aproximou-se de mim e beijou as minhas bochechas. - Problema resolvido! - disse.

- Obrigado, obrigado! - disse ainda próxima a mim.

- Encontrei-o no corredor, ia entrega-lo a saída! - disse.

- Obrigado novamente! - disse a pegar na mala dela. - Peço desculpa, novamente! - disse ainda, fico a olhar para ela sair, e ainda a vejo voltar a olhar para mim, mas rápido desvia o olhar e saiu do avião.

- Não faz mal acontece! - disse alguém da equipa do avião. - Ela saiu e o Henrique Araújo abraçou-me por trás.

- Alguém ficou atacado! - disse a gozar comigo, reviro os olhos. Tivemos ordem de sair, e quando passámos pela zona das malas, lá  estava ela,  os nossos olhares cruzaram-se e ela desviou o olhar e baixou a cabeça, quase bato no António que estava a minha frente.

- Estás a dar-lhe a despedida? - Perguntou o Henrique ao meu lado.

- Será uma sorte tu a vires novamente nesta cidade enorme! - disse o Chiquinho, a saír do aeroporto.

Infelizmente ele tinha razão, eu não a veria mais, fiquei a pensar naquele sorriso assim que viu o aparelho, entro no autocarro, com a imagem de bloqueio gravada na mente.

Chegámos ao hotel, por volta das 17 da tarde, mas quanto tempo ficámos parados no trânsito? Muito pelos visto.

Fomos para os quartos e eu fiquei com o António e o Henrique. Sorte? Ou um azar?

Saímos para jantar e quando voltámos já passava bem da meia-noite, tirando os seguranças e um recepcionista éramos os únicos que estávamos ali a fazer sala.

Barcelona | João Neves | ACABADAOnde histórias criam vida. Descubra agora