Apesar de tudo

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Adriana Silva

Quando eu saí do autocarro, acho que voltei a respirar como deve de ser, eu estava quase a entrar em ebulição ali dentro, num bom sentido, admito.

Vejo a Andreia a sair do carro dela e a correr na minha direção.

- Cheiras a homem. - disse assim que me abraçou. Olho para ela com uma cara séria, mas desmancho-me a rir.

- Acho que é normal já que estive rodeada deles a maior parte do dia! - disse.

- Podias cheirar mal sei lá, a suor. - Neguei. - Como é estar perto deles? - Perguntou.

- Excitante. - digo apenas a sorrir.

- MEU DEUS... - disse e eu gargalhei, mas rapidamente retiro o sorriso.

- Eles convidaram-me para ir ver o jogo, eu recusei - digo e ela quase que desmaia, mas volta ao personagem.

- Que burra! - disse a bater-me.

- Que foi? Estive com eles quase a tarde toda, e ia aceitar que eles me dessem um bilhete de bandeja? Não. Não! - disse.

- Ai! Tu às vezes! E o teu sonho vê-los a jogar pessoalmente e quando surge a oportunidade tu negas ao universo? Não, não! - disse. - Anda uma pessoa a estudar direito para isto!

- Vamos dormir aqui? Na receção! Vamos embora! - disse a sair da área quando vejo que eles estavam a sair do autocarro, aquilo poderia acontecer 1 vez, 2 vezes a terceira vez já estavam a gozar comigo, não pode ser verdade.

- Vais fugir deles agora? Não te criei para seres cobarde.

- Hey, vê-la como é que me tratas. - disse já no elevador.

- Não fujas do destino que o destino vem ter contigo. - disse.

- Pensava que não acreditavas nisso? - digo com uma mão na cintura.

- E não acredito. Acredito em factos! - disse

- Pois! - disse. - Factos. - disse. O elevador abriu-se e vi que não saímos do andar 0.

Vejo o David Neres, o Gonçalo Ramos, o António Silva, o Henrique Araújo e o João Neves, a entrar no elevador e carregaram justo no andar onde a Andreia tinha o quarto.

- Destino! - disse para mim a sussurar e eu neguei.

As portas abriram-se e todos saímos.

O Neres entrou com o Gonçalo e o António o Henrique e o Neves entraram no mesmo quarto ao lado do nosso quarto. Eu e a Andreia entramos no quarto e ela virou-se para mim.

- Isto devia ser contra a lei! - disse.

- O quê? - Pergunto.

- Tu tens um voo de merda, perdes o telemóvel, voltas para trás, quem encontra o telemóvel é um jogador promissor da equipa principal, que por acaso gostas, ele devolve-te o telemóvel pessoalmente, no mesmo dia descobres que eles estão no mesmo hotel que tu, no dia seguinte o companheiro de equipa salva-te de um possível, alguma coisa, passas o dia com eles e no final desse dia descobres que ele é o teu vizinho de quarto. É literalmente o sonho de qualquer rapariga.

- Estamos num julgamento? E estás a fazer um tour pela minha rotina? - Pergunto a sentar-me no sofá. - Qual é o verídico? - Pergunto a entrar na brincadeira.

- Ainda não consegui perceber, mas vou encontrar o verídico final! - disse a olhar para mim com a mão na cintura.

Ela foi para a casa-de-banho e saiu de lá de pijama com os cabelos molhados.

Barcelona | João Neves | ACABADAOnde histórias criam vida. Descubra agora