Suas roupas brilhavam em bege e branco pálidos, adornando seu corpo com graça. Afinal, essa era a essência dO Bem. Estava sentado embaixo de uma árvore alta, folhas verdes e tímidas protegendo sua pele do sol enquanto seus pés tocavam o chão quente. Era muito deleitável aproveitar um momento a sós, e o sorriso singelo em seu rosto era prova disso.
O Bem existia desde o princípio. Era o mais velho de seus irmãos e irmãs, e o mais belo entre eles. Cada criatura louvava seus espíritos e exaltavam sua existência por todo o mundo. E o Bem ficou muito feliz por isso.
Mas havia um irmão gêmeo. O Mal.
De repente, as folhas verdes caíram ao seu redor, e O Bem pôde ouvir uma pequena risada atrás de si.
"Nunca me deixará em paz, deixará?"
"De certo que não"
O Bem suspirou. Não importava para onde fosse, O Mal sempre o seguia.
"Sabes que não podemos ficar separados por muito tempo. Desejas a morte?"
O Bom riu desta vez. Às vezes ele a queria.
"Anseio encontrar um lugar para me esconder e ficar só ao menos uma vez."
O Mal não era nada com O Bem. A diferença mais notável entre eles era a cor de suas vestimentas. Enquanto O Bem iluminava o mundo inteiro com seus tecidos reluzentes, O Mal engolia todo o brilho, arrastando vestes opacas.
Sua presença não era exigida na maioria das vezes, mas ele aparecia de qualquer maneira. Quem na vida foi poderoso o suficiente para controlar O Mal?
O Bem respirou fundo e recolocou as folhas verdes em seus galhos, trazendo nova sombra fresca de volta acima de si.
"Não és adorável?" O Mal sorriu.
O Bem era uma alma pura, mas O Mal realmente testava seus limites.
"O que quer, Mal?"
"Apazigue-se, irmão. Apenas busco aproveitar o clima agradável."
"Há algo em sua mente, posso dizer."
O Bem fechou os olhos. Aquele era seu momento, e nenhuma presença sombria se aproveitaria ou ousaria zombar de seus espíritos. Por mais que amasse o irmão, O Bem sabia em primazia como O Mal agia, e não cairia em suas folias..
"Somos iguais, sabias?" O Mal disse do outro lado da árvore, onde as folhas haviam secado e ainda estavam espalhadas pelo chão.
"Não somos" O Bem respondeu.
"No fundo, irmão. Sabes que somos." O vento soprou forte, sacudindo a árvore. "No fundo, sonhas em possuí-los, mas não pode. Os seres estão sempre a lhe frustrar. São inúteis, Bem. Deixe-os partir."
"Se me frustram és o único culpado!" O Bem gritou.
O Mal era o culpado, não os seres. O Mal era o único a aparecer e enganá-los com seus truques. Quanto mais o Bem abraçava-as, mais trocavam-no pelo irmão cruel.
O Mal riu.
"Sabes que não temos poder para forçá-los. Escolhem por si mesmos."
Chega disso, O Bem buscava apenas a paz do dia sozinho, longe da presença do irmão. Pelo menos uma vez.
"Por que continua a perseguir-me, Mal? Não podes, simplesmente, seguir seu próprio caminho?"
O Bem levantou-se e contornou a árvore. Seu irmão gêmeo apenas fazia os mesmos movimentos que ele. O Bem não carregava o martírio de estremecer em fúria - sua alma pacífica sempre acalmava os seres. Mas através das eras, O Mal aprendeu muito com ele, espelhando seu irmão como um imitador. E por isso todos curvaram-se em suas palavras. O Mal passava-se por Bem mais de uma vez.
"Devemos nos abraçar, irmão. Não lutar"
Suas mãos seguiram para acalentar o rosto dO Bem, mas ele recuou..
"Deves cessar isto. Mesmo agora tenta-me com esses sentimentos sombrios, e repudio-os!"
Mas para O Mal, o ódio era como amor.
O Bem era um espírito livre que esperava nada menos que paz e felicidade das criaturas ao seu redor. Esse era o seu desejo mais profundo. Mas com o irmão sempre atrás de si, era quase impossível olhar às costas e ver felicidade brilhando em torno da Vida. Estava fazendo o possível para lidar com a desgraça, mas O Mal apenas queria estragar tudo.
"Nossas essências são diferentes, Mal. Não pertencemos juntos."
"E não pertencemos separados."
Dessa vez, O Mal segurou com força o braço dO Bem. Seu irmão estava à beira das lágrimas, provavelmente pensando em tudo que arduamente fez e que o Mal destruiu de bom grado. Mas o que deveria fazer? O espírito dO Mal era tão livre quanto o dO Bem, e simplesmente não podia deixar de segui-lo.
O Bem precisava dO Mal, mas era teimoso demais para aceitá-lo. Se O Bem estivesse sozinho, as criaturas nunca acreditariam em sua existência ou louvariam seus espíritos, reduzindo sua existência ao nada até que ele desaparecesse da Vida.
Sem O Mal, não precisava-se dO Bem.
E por aquilo seguia sempre ao irmão.
Não é adorável?
Às vezes brigavam, mas como em uma dança cheia de movimentos fluidos e apaixonados. Machucaram-se e mataram muitas partes de si mesmos apenas para provar seu valor para a Vida. Seus corpos estavam cheios de cicatrizes, mas não tinham permissão para mostrá-los. A Vida precisava que eles fossem perfeitos em comparação um com o outro. E assim viviam.
Afinal, a Vida era um mundo o qual ninguém podia domar.
O Mal manteve seu irmão perto de seu coração, O Bem escondendo seu rosto cheio de lágrimas na escuridão de seu abraço.
"Nunca pisarei a sua frente, Bem. É o seu destino! Seguirei eternamente atrás, zelando por ti. Pois este é o meu destino"
O Bem sorriu.
A árvore os cobriu de folhas mais uma vez, mas agora em lágrimas de felicidade.
No final, O Mal pode abraçar O Bem.
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Sem o Mal não existe Bem
Hayran KurguVersão em Português Brasileiro de Without Evil there is no Good. Baseado no vídeo [Rainbow V] TEN X WINWIN Choreography : lovely (Billie Eilish, Khalid) (ring and portrait remix) || https://www.youtube.com/watch?v=8ovHSQwp1n0&ab_channel=WayV